3 ANOS DEPOIS
POV. HERMIONE
A dor nunca passou. O buraco em meu peito nunca melhorou. A sensação horrivel de abandono nunca me deixou; eu apenas aprendi a lidar com ambos, a viver com isso. Eu só tive que aceitar, parar de esperar que ele voltasse. Não foi facil, não mesmo, e continuava não sendo. Eu o amei verdadeiramente com todo meu coração, me entreguei de corpo e alma, eu tinha uma parte dele comigo pra sempre. E era essa "parte" que me dava forças. Foi no dia que Hugo nasceu que decidi parar de sentir pena de mim mesma, foi quando vi aqueles olhinhos cinzas, aquelas mãozinhas pequenas beliscando minha pele, foi dali, daquele momento único e fantástico que tirei forças para me reerguer. Ele era minha estrutura, me confortava e ainda conforta; as vezes eu tenho uma recaida, começo a lembrar e é inevitavel não ficar com os olhos cheios de lagrimas, Hugo fica me observando muito quieto como se entendesse o que esta acontecendo e então vem correndo para me abraçar. E isso me faz tão bem, me deixa mais leve e eu quase esqueço de tudo. Quase. Hugo é a versão de Draco Malfoy em miniatura, a copia perfeita do pai. Demorou um tempo para que eu me acostumasse, mas eu consegui. Parei de chorar pelos cantos, de me culpar e principalmente de tentar entender. Eu nunca mais o vi e evitava de todas as formas possiveis pensar nele. Um pouco antes de Hugo nascer recebi uma carta de Hogwarts onde McGonagall me mandara uma lista com varias materias, instruindo-me a estuda-las, pois ela ia me deixar fazer o N.I.E.M's - a prova final - para que eu pudesse me formar. Aquele dia foi a primeira vez que sorri depois de tudo que acontecera. E agora, graças a meu diploma e dedicação, eu trabalhava no Ministério da Magia, no Departamento de Regulamentação e Controle de Criaturas Mágicas, mas minha meta era chegar ao Departamento de Esxecução das Leis da Magia. Um ano atras, no meu aniversario de vinte e dois anos, ganhei um apartamento de presente do meu pai; era pequeno, mas aconchegante e ficava bem no centro de Londres.
Estava anoitecendo, um vento gelado soprava para todos os lados e estavamos em Hogsmead, - Harry, Ron e eu - mais precisamente no Três Vassouras, tinhamos acabado de chegar e fomos nos sentar em uma mesa afastada, perto da janelas.
— Nunca trabalhei tanto — comentei ajeitando minha bolsa na cadeira e sentando — as pessoas são muito relutantes quando se trata de beneficios para Elfos — resmunguei.
— Nem me fale. Hoje foi um saco ! Estou cansado de vigiar a casa do Alfred West, serio, é entediante — queixou-se Ron.
— Pelo menos você ta com a parte facil. Passei o dia lendo antecedentes, tentando encontrar alguma brexa nos documentos que comprovem a falta de investigação e não achei porcaria nenhuma. Só fiquei com uma bagunça enorme em minha sala — resmungou Harry esticando as pernas ao sentar.
Trocamos um olhar e rimos.
— Olha só pra vocês, falando como adultos — debochei.
— Nós somos — rebateu Ron sorrindo.
Ergui as sonbrancelhas, em duvida.
— Fisicamente.
— Hermione, francamente, você não fica muito atras. Seus pijamas tem ursinhos — comentou Harry rindo.
Semocerrei os olhos para ele.
— E dai ? Isso não tem nada a ver com maturidade — rebati.
Eles riram, cruzei os braços, impassivel.
— Então vamos falar das suas pantufas — continuou Harry.
Ignorei a fisgada da lembrança que me atingiu e dei um sorriso duro ao meu melhor amigo.
— Cale a boca Harry.
Ron riu e Harry sorriu satisfeito.
— Vou pegar Cerveja Amanteigada pra mim. Vão querer ? — perguntei levantando.
— Sim, por favor — disse Harry.
— Vou com você — Ron se ofereceu, levantando antes que eu dissesse qualquer coisa.
Seguimos para o balcão. Apesar de Ron estar namorando ainda havia uma certa tensão quando ficavamos sozinhos. Fizemos as pazes, mas a amizade nunca mais fora a mesma - e nem poderia ser, eu arruinei qualquer chance disso acontecer. Em uma das minhas noites turbulentas, quando Hugo completou cinco meses e eu estava desmoranando, Ronald apareceu na casa de Harry. Conversamos bastante e quando Harry nos deixou sozinhos Ron avançou e por algum motivo insano eu deixei. Deixei que ele me beijasse, desesperada para tentar qualquer coisa, louca para sentir alguma coisa de novo, pra tapar aquele buraco que só aumentava. Mas foi um erro. Não adiantou de nada, eu continuei não sentindo nada e pra piorar me fez lembrar do beijo dele e sentir ainda mais saudade. Então quando ele parou de me beijar - talvez porque percebeu que eu endureci - eu surtei, gritei com ele, chorei desesperadamente.
— Duas cervejas amanteigadas — pedi a Madame Rosmerta — e ... ? — olhei para Ron.
— Pra mim Uísque de Fogo — respondeu Ron, dirigindo-se a Madame Rosmerta.
Ela assentiu e virou-se para pegar as bebidas.
— Ainda tem uma quedinha por ela Ronald Weasley ? — brinquei.
— Isso nunca existiu — disse ele rindo.
— Claro que não — falei com ironia e ri também.

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Reverse - Dramione
Fanfiction"Minha vida toda foi uma cilada. Eu errei, fui fraco e me submeti a ordens de um mestiço imundo, virei um assassino e me orgulhava disso. A marca negra ainda estava ali em meu ante braço para me lembrar todos os dias do quão desprezivel minha vida e...