POV. HERMIONE
Me perguntei como eu ainda conseguia me manter em pé, respirando. Me sentia quebrada por dentro, como se meu coração tivesse sido arrancada do meu peito. No entanto eu não caí, pelo contrario, no dia seguinte me levantei, enxuguei minhas lagrimas e sorri. Apenas porque eu tinha fé, tinha esperanças, de que tudo acabasse bem. Eu não podia ceder agora, me entregar ao desespero. Eu tinha quer ser forte. Por Hugo, por mim, por Draco. Quando pequena eu tinha uma ligação forte com Deus, minha vó era muito religiosa e me ensinou tudo o que podia, ela alimentou minha fé até os seus ultimos dia de vida, e mesmo que eu tenha me afastado da religião quando descobri o mundo ao qual eu realmente pertencia, nunca deixei de acreditar que Ele olhava por mim, que tudo fazia parte de um proposito maior que meus sonhos. Então eu estava me agarrando a isso com todas as minhas forças. Por isso assim que voltei da casa da minha mãe após deixar Hugo la para que ela o levasse pra escola, ajoelhei ao lado de minha cama e orei, orei por Draco, para que Ele cuidasse dele e o protegesse uma vez que eu não podia fazer isso.
Passei a maior parte do dia tentando me manter ocupada, de certa forma me afundando ainda mais em meu T.O.C, limpando coisas que não precisavam ser limpas, tirei toda a prataria do armario e a lavei duas vezes sem a menor necessidade. Apenas para me distrair, matar o tempo que parecia querer me irritar passando extremamente devagar quando tudo o que eu mais queria era que os minutos, as horas, os dias, passassem o mais depressa possivel.
Os dias foram passando, cada um pior que o outro. Todos estavam percebendo o quanto eu estava devastada, não conseguia mais ter uma conversa normal com ninguem, nem mesmo com meu filho. Cada vez que eu o olhava meu coração parecia falhar em suas batidas.
Então chegou o dia 5 de Junho, faziam exatamente dois meses que Draco estava preso, e era seu aniversario de 23 anos. Eu estava completamente aerea. Não consegui me concentrar no trabalho, só conseguia pensar em Draco.
— Que saco ! — resmunguei empurrando a papelada que estava em minha mesa para longe de mim.
Nada estava rendendo naquele dia, nem mesmo sabia porque havia sequer levantado da cama. Apoiei os cotovelos na mesa e abaixei o rosto em minhas mãos, *eu quero que isso acabe, quero que acabe* eu pensava em total desespero. Houve duas batidas na porta. Suspirando me endireitei na cadeira.
— Entre — falei alto.
A porta se abriu e Harry passou por ela, fechando-a em seguida.
— To sem nada pra fazer, resolvi vir aqui te irritar um pouco — brincou enquanto vinha até mim.
Dei um sorriso amarelo.
— Era tudo o que eu precisava — murmurei com sarcasmo.
Harry revirou os olhos, inclinou-se para depositar um beijo em minha testa e puxou a cadeira que estava em frente a mesa para o meu lado, fazendo um ruído horrivel no piso de madeira. Estremeci.
— Tem como erguer a cadeira da proxima vez em vez de arrasta-la ? — falei irritada.
Ele franziu o cenho.
— Qual é o seu problema ? — perguntou.
— Quer por ordem alfabetica, cronologica, ou gravidade ?
Harry riu baixinho e me olhou balançando a cabeça em negativa.
— Mione, você precisa relaxar. Nem Hugo esta te aguentando nos ultimos dias — disse calmamente.
Era verdade, Hugo perdera a paciência comigo algumas noites antes na casa de Harry. Chegou a dizer que queria ver desenho sozinho quando chegassemos em casa, alegando que eu estava chata e reclamona, tudo isso com muita seriedade, como se ele fosse o adulto e eu a criança que da trabalho.
— Tem certeza de que não tem nada pra fazer ? — falei, foi quase um choramingo.
— Ta me dispensando ? — Harry disse em uma magoa fingida, seu labio inferior se projetando para baixo em um beicinho.
Esbocei um sorriso torto.
— Parece ?
Harry sorriu mostrando seus dentes alinhados. As vezes me impressionava com a paciência que Harry tinha comigo em meus dias ruins.
— Na verdade eu vim aqui porque preciso te contar uma coisa — ele disse, seu tom calmo com um leve toque de empolgação.
Me remexi ma cadeira com curiosidade.
— Então fale de uma vez — incitei.
Ele molhou os labios, seus olhos faiscaram para a porta, pegou sua varinha e agitou naquela direção murmurando "Abaffiato", então voltou sua atenção para mim, empertigando-se na cadeira.
— Você não vai acreditar — disse ele instigando minha curiosidade.
— Argh, fala logo garoto ! — falei com impaciência dando-lhe um tapa no ombro, eu balançava as pernas ritimadamente, ansiosa.
— Ai ! — remungou — Calma — revirei os olhos e ele tomou folego — Estava em reunião com o Ministro hoje cedo. Ele precisa dos meus melhores vigias no caso do Rosewood, ele esta em prisão domiciliar, não lembro se te contei a respeito desse cara, mais enfim; ele queria os melhores para a investigação.
— E dai ?
— E daí — ele esticou a palavra — que eu me lembrei de você enquanto ele falava. Então, dei a sugestão que ele fizesse o mesmo com Malfoy. Que o tirasse de Azkaban ja que ele ta preso em condições suspeitas, apenas por prevenção. Achei que seria uma boa, quer dizer, prisão domiciliar é bem melhor do que dormir com os dementadores rondando seu cangote.
A medida que ele falava meu coração ia acelerando, incapaz de permanecer parada me levantei.
— Harry, é o que estou pensando ? — murmurei atordoada.
Harry levantou-se também.
— Ainda não, mas pode ser. Ele prometeu pensar na minha proposta. Bem, ja é meio caminho and ...
Não esperei que Harry terminasse a frase, lancei-me contra ele, envolvendo-o em um abraço sufocante.
— Obrigada — falei em seu peito, a voz embargada com a emoção.
— Disponha — ele disse, pude notar que ele sorria em seu tom de voz — Agora, espero que seu humor melhore. Você fica assustadora quando ta com raiva — disse em meu ombro, seu tom era de zombaria.
Me afastei para olha-lo estreitando os olhos, empurrei ele de brincandeira, soltando-o do abraço.
— Você não viu nada, Harry Potter — rebati no mesmo tom.
E pela primeira vez em meses eu consegui sorrir, sorrir verdadeiramente.
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Reverse - Dramione
Fanfiction"Minha vida toda foi uma cilada. Eu errei, fui fraco e me submeti a ordens de um mestiço imundo, virei um assassino e me orgulhava disso. A marca negra ainda estava ali em meu ante braço para me lembrar todos os dias do quão desprezivel minha vida e...