3 semanas depois...
Sentia-me frustrada. O dia havia chegado e eu não podia mais adiar. Troco-me calmamente refletindo no que em breve enfrentaria. Sentada na cama, calço meu par de tênis branco nos pés. Por um momento, volto meu rosto para a direção do espelho comprido em minha frente. Exasperada, eu suspiro. Logo estaria na sala de aula. Não que eu esteja nervosa, ou algo do tipo.
Afinal, estudo na Academia Lawrence desde que me entendo por gente. O que realmente me frustra, é o simples fato de eu ainda estar aqui. Nessa altura, deveria estar caminhando pelas belas ruas da Itália com meu violino pronta para ter as melhores aulas de música do mais habilidoso maestro, Giovanni Enrico. Mas tudo foi por água abaixo quando alguém, que devia me apoiar, me entregou aos meus pais.
- Irmãzinha!- Melissa bate na porta do meu quarto com força- ande logo, sua lerda. Não quero me atrasar. Os repórteres só ficam na entrada do colégio até às sete e meia!
Reviro os olhos enquanto termino de amarrar o cadarço do meu tênis. Após estar pronta, pego minha mochila branca com alças de couro marrom. Melissa continua a bater na porta. Então propositalmente, diminuo meus passos tentando chegar o mais devagar possível.
- Pô, que merda!- Ela grita como se fosse uma criança mimada. Ok, ela não poderia ser uma criança, mas a segunda opção lhe caia perfeitamente bem- você está fazendo de propósito!
Então acelero meus passos já irritada. Abro a porta rapidamente impedindo-a de prosseguir com seus murros desnecessários.
- Isso é hora de ficar gritando no quarto dos outros?- Digo- onde está sua disciplina?
Passo por ela sem olhá-la e nem ao menos, deixá-la responder. Traço meu caminho pelo corredor e triunfante, desço pela escada principal da casa enquanto a ouço resmungar alguns xingamentos logo atrás. Todos os anos nos primeiros dias de aula, sempre tentei chegar atrasada só para evitar os repórteres que ficam de prontidão na frente do colégio. Era o único dia do ano que eles tinham permissão e liberdade de tirar fotos, e fazer entrevistas.
Sim, a Academia Lawrence é realmente importante. É reconhecida por sua qualidade de ensino e seu riquíssimo investimento nas áreas internas, e principalmente, externas do colégio. Filhos de alguns atores, e até mesmo, cantores famosos estudam aqui. Muitos assim como eu, desde pequenos. Geralmente quem entra aqui, só sai até se formar.
Exceto pelo primeiro dia de aula, seguranças são postos em todo canto para vigiar o colégio. Seja para afugentar alguns fotógrafos intrusos, separar brigas entre alunos ou para impedir algum tipo de sequestro. Na verdade, é bem eficiente. Já não temos incidentes a algum tempo. E espero que continue assim, as coisas por si só já eram bem agitadas.
Dentro do carro, impaciente, observo as pessoas através da janela fechada. Meu pai, Charles Evans, faz questão de dirigir. Ele adora seu carro e não permite que ninguém além dele, dirija-o. Meu pai costuma ser ranzinza assim com dinheiro também. Deve ser por isso que enriqueceu mais rápido que o próprio diretor do colégio, sem contar, claro, que ambos são sócios.
Percebo Charles começando a ficar nervoso com a quantidade de pessoas que ocupam a rua do colégio nos fazendo ir tão lentamente. Se fôssemos a pé, talvez chegássemos mais rápido. Com o polegar inquieto batendo seguidas vezes no volante sempre brilhoso, noto sua paciência chegando ao fim. Honestamente, Charles Evans estressado é a última coisa que você vai querer ver, e muito menos, estar presente em um de seus surtos.
Com um longo suspiro, meu pai aperta o botão no centro do volante com força logo fazendo um alto e agudo som de buzina. Em susto, Melissa que se senta ao seu lado no banco da frente, e que passava um batom vermelho nos lábios enquanto se olhava no pequeno espelho, borra sua bochecha inteira. Charles mantém a mão sobre o maldito botão enquanto olha as pessoas e alguns repórteres se afastarem da rua.
Com as mãos, tampo meus ouvidos tentando amenizar a altura do irritante barulho. Pergunto-me como o som de uma buzina pode ser tão alto assim. Quando a passagem finalmente está livre, ele para. Melissa respira aliviada, tanto quanto eu. Então quando Charles se prepara para dar a partida no carro mais uma vez, um rapaz caminha em nossa frente.
Ele parece meio desequilibrado, e usa a farda do colégio junto com um boné e uma mochila preta nas costas. Enquanto passa lentamente em uma forma debochada, ele inclina seu rosto e com uma expressão irritada, lança o dedo do meio para nós. Fico extremamente surpresa. Ele por acaso sabe quem meu pai é? Após perplexo por um momento, Charles reage.
- Mas que muleque!
Melissa solta uma gargalhada que logo é engolida pelo olhar furioso do meu pai. Meus olhos, entretanto, só se concentravam no rapaz que apenas ia embora tranquilamente para dentro do colégio. Eu estava surpresa com tamanha ousadia e perguntava-me, se ele era burro ou corajoso o bastante para fazer tal ato. Mas ao mesmo tempo, sentia pena daquele pobre ser. Com certeza, ele já estava na listinha negra de Charles.
E vai por mim, esse é o pior lugar onde você pode estar.
• Nota da autora •
Gente, o capítulo não foi tão maior que o prólogo, mas essa é a intenção. Quero que vcs comecem a ter o gostinho do que estar por vir. Será que o rapaz que cometeu essa loucura contra Charles é o nosso querido Chris Taylor? E Kim, como agirá ao primeiro dia de aula não tão esperado? Contem-me o que acharam nos comentários, quero saber tudinho!! E não se esqueçam de deixar seu voto se gostou, pois me ajuda bastante.
Até o próximo capítulo narrado pelo Chris! ❤
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Academia Lawrence
RomanceTudo acontecerá através dos olhos de Kimberly Evans e Chris Taylor. Ambos não possuem nada em comum. Kimberly é filha do sócio do diretor da Academia Escolar Lawrence, sonha em ser uma violinista profissional. Mesmo tendo toda sua família indo contr...