26- Anjinho

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Tudo bem, admito. Eu estava fazendo isso por querer. Joguei frases de duplo sentido para ver o que ela diria, mas fui premiado com brinde por ver suas expressões fofas de confusão a cada palavra dita por mim. Entretanto, se ela pensa que é sobre o nosso beijo que vou falar agora, sinto em lhe informar, mas não. Então só para acabar logo com esse assunto, resolvo lhe provocar uma última vez.

- Tudo bem. Então eu decido por nós- Digo mostrando um sorriso malicioso- na minha casa, hoje à noite.

A expressão que Kimberly faz é impagável. Tento manter minha concentração para permanecer sério agora.

- O quê? Ficou maluco?!

- Por quê?

- É claro que eu não vou...- Ela mesma para de falar, e parece pensar um pouco antes de concluir- espera, ao que você se referiu?

- Sobre o trabalho do colégio- Respondo- sobre o que pensou que era?- Faço-me de inocente.

Ela cora na hora. Como Kimberly consegue ficar ainda mais linda?

- Ah meu Deus, não me diga que pensou bobagens!- Faço uma expressão dramática.

- Eu...- Ela parece tímida ao inciar a frase, mas logo deixa uma expressão irritada tomar conta do seu rosto- não pensei em nada. Faremos como quiser, eu não me importo.

Ela se levanta para sair, mas logo lhe paro.

- Ei, dê-me seu número para podermos combinar melhor.

Após me dar, Kimberly se afasta de mim o mais de pressa possível. Agora olhando o número na tela do meu celular, salvo o seu nome como Anjinho. O intervalo acaba rápido e logo voltamos para a aula.

~

Passo em casa antes de ir para o serviço com a intenção de esperar por Clara. Minha mãe lava a louça na cozinha como sempre enquanto estou sentado no sofá. Sinto-me aliviado em ver que ela parece totalmente recuperada.

- Não concordo com isso. Quem já se viu? Pedir para duas pessoas tão ocupadas em cuidar daquela casa enorme para vir aqui dar uma de babá- Resmunga enquanto enxuga um prato com demasiada força. Sim, ela com certeza já estava bem.

Opto por não dizer nada, afinal, contestar só causaria uma discussão inútil onde nada mudaria. Enquanto espero no sofá tentando ignorar as reclamações de Rebecca, olho no meu celular em busca de alguma reportagem interessante que eu possa usar no trabalho do colégio com Kimberly, mas parece que as pessoas ultimamente só estão interessadas no meu pai e em mim.

Se tudo o que sabiam fazer era inventar mentiras e criar falsas histórias. Decido deixar meu celular de lado, pois a cada site que acessava, mais irritado ficava. Mas eu sabia que era tudo uma questão de tempo até as pessoas me esquecerem e eu poder voltar a ter minha vida normal de novo.

Logo ouço alguém batendo na porta e sugiro que seja Clara. Assim como pensei, ao abrir, logo posso vê-la. Iria fazer sete meses desde a última vez que a vi pessoalmente, mas posso afirmar o quanto havia mudado. Seus cabelos escuros estavam maiores e ela parecia mais alta.

Clara devia está com seus dezesseis anos, já que era um ano mais nova que eu. Seus olhos escuros davam contraste a sua pele branca, mas pergunto-me, quando ela havia ganhado tanto seio. Não era minha intenção olhar, mas seu decote estava grande demais para passar despercebido aos meus olhos.

- Minha nossa, Izzi!- Ela põe as mãos na boca demonstrando surpresa e sim, era assim que ela me chamava.

- Oi, Clarinha- Sorrio retribuindo o abraço que ela se apressa em me dar.

- Você faz tanta falta lá na casa. Deve nos fazer um visita algum dia.

- É, quanto a isso... Preciso conversar com você e sua mãe.

- É sobre a tia Rebecca, não é?- Pergunta- já até imagino o que você tem em mente. Mas posso te dizer, acho que tenho uma solução melhor.

- Ah, é? Tipo o quê?

- Em vez de nos mudarmos para cá e você ter que contratar outra pessoa para cuidar da casa, eu posso ficar aqui e minha mãe lá.

- Hum... Eu não sei, não quero sobrecarregar Charlene.

- De forma alguma, assim que você estivesse em casa, eu poderia voltar lá para ajudá-la. Seria tipo...- Ela põe um dos dedos nos lábios e olha para cima como se tentasse pensar- divisão de trabalho!

- Tem certeza disso?

- Claro, e também, olhando melhor, essa casa não me parece grande o bastante para morarem quatro pessoas.

- É, acho que você tem razão.

- E como ela está?

- Bem, mas você sabe, é sempre assim. Ela tem uma crise num dia, e no outro, é como se nunca tivesse acontecido.

- Entendo, você deve se sentir muito sobrecarregado.

- Estou bem. Veja, tenho que ir trabalhar agora, só volto em torno de umas 20h30m. Pode falar com minha mãe que está na cozinha e ela lhe mostrará seu quarto e os demais cômodos da casa.

- Tudo bem- Sorri- te vejo mais tarde então.

- Mãe, estou indo!- Grito já me direcionando para sair- Clara está aqui!

- Tchau, querido! Oh, Clara já chegou- A ouço falar de longe- ainda preciso terminar o bolo.

- Tchau, Izzi- Clara sorri mais uma vez e logo me despeço.

Enquanto me direciono para o trabalho já no ônibus, algumas pessoas parecem me reconhecer. Muitas pediram para tirar foto comigo, tanto que quase perdi meu ponto. Começo a pensar seriamente na possibilidade de comprar uma moto, afinal, faria dezoito anos em breve.

O dia no trabalho foi longo, e o diner estava lotado, ou seja, não sobrou tempo para conversas fiadas. Após o fim do meu expediente, sentia-me extremamente cansado. Então resolvo ligar logo para Kimberly.

- Já larguei do trabalho, quer vir para minha casa agora?

- Tanto faz para mim.

- Então venha para ficarmos logo livre disso.

- Dê-me seu endereço.

- Posso confiar em você?

- Está falando sério?

- Claro, tem noção do que as pessoas fariam para saber onde moro?

- Convencido. Para começo de conversa, você que sugeriu fazermos o trabalho aí.

- Estou só brincando, estressadinha. Te mando o endereço por mensagem.

Nota da autora •

Humrum, Kimberly na casa do Chris, será que isso vai dar certo? Não sei não, eu não perderia o próximo capítulo se fosse você, hahaha. Se gostou, não esquece do votinho e de dar sua opinião! E muito obrigada a todos que me acompanharam até aqui! Vcs são incríveis ❤

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