Eu estava sentado no assento da arquibancada enquanto tinha minha atenção voltada para o céu estrelado. Então fecho os olhos e respiro fundo. A raiva que eu sentia antes logo vai se esvaindo dando espaço para a melancolia. Apesar do estádio ser o único lugar onde realmente me sinto em paz, era impossível não pensar no meu pai.
As lembranças de nós dois juntos aqui enquanto ele me ensinava a jogar beisebol ainda se encontravam vivas em minha memória. Sinto o celular vibrar no bolso da minha calça jeans escura, e logo me apresso para pegá-lo. É uma mensagem de Jeffrey.
"Estou cansado dos seus surtos de raiva que o fazem esquecer de tudo e apenas vai embora!"
Solto um longo suspiro e guardo o celular no bolso novamente. Jeffrey nunca entenderia. Então me pondo de pé, vou em direção ao campo de beisebol e tiro o all star para sentir a grama e a terra fofa sob meus pés descalços. Automaticamente, sinto-me mais tranquilo e cheio de boas lembranças.
Quando caminho mais um pouco pelo campo, chego na base onde acontece as rebatidas. Logo não posso deixar de lembrar sobre Kimberly. A noite em que eu lhe trouxe aqui, foi na intenção de que ela me conhecesse um pouco mais. Eu estava disposto a lhe entregar tudo o que quisesse de mim ali. Naquela noite, nos tornamos mais íntimos e pude ver lados seus que eu ainda não conhecia.
Tudo estava indo bem, até ela voltar para casa e... Fecho as mãos em punhos sentindo a raiva voltar. Tudo o que eu mais queria era mantê-la segura. Penso se me afastando seria a melhor maneira, mas sei que isso nunca será o bastante para impedir que sofra nas mãos daquele desgraçado. Tudo o que mais desejo é tirá-la daquela casa, mas isso está tão longe do meu alcance que só faz me sentir ainda mais frustrado e um completo inútil.
Dou uma volta pelo campo enquanto caminho lentamente por suas laterias tentando relaxar a mente, mas logo me tirando dos meus devaneios, de longe, vejo uma das funcionárias aparecer na entrada aberta. A julgar pelo seu corpo redondo e seus cabelos presos em uma trança, sugiro ser Lola. Ela possuía a mesma idade que a minha mãe. Quando a vejo vir em minha direção, caminho ao seu encontro.
- Chris, ainda está por aqui?- Ela cruza os braços enquanto os esfrega tentando se proteger do tempo frio.
- Pretendo passar a noite aqui.
- Tudo bem, só vim avisar que eu e as meninas já estamos de saída.
- Certo.
- Devo trancar tudo?- Pergunta e eu aceno afirmando que sim- até mais então.
Quando se vira para ir embora, parece se lembrar de algo ao voltar sua direção para mim novamente.
- Ah, e espero não ter feito mal ao não limpar a escrita de batom no espelho do quarto.
- Escrita de batom?- Franzo o cenho.
- Você não viu?
- Não.
- Acredito ter sido daquela garota que veio aqui com você outro dia, já que ela pediu para não limparmos o espelho até que você visse o que estava escrito, e foi o que fizemos. Espero não ter feito mal em não limpar.
- Não, claro que não- Digo- obrigado.
Lola sorri.
- Até mais, Taylor.
Aceno e a vejo partir pela entrada. Logo me movendo em direção ao lado oposto, passo pela entrada dos fundos que dá acesso direto ao corredor do quarto. Abro a porta do mesmo e entro analisando cada lugar. Pergunto-me o que Kimberly havia aprontado. Vou em direção ao banheiro e acendo a luz no interruptor ao lado da parede. Então olhando direto para o espelho, sinto meu coração bater mais rápido por um momento.
Aproximo-me mais com os olhos fitados naquela frase feita de batom vermelho e que tanto mexia comigo. Kimberly havia conseguido deixar as coisas ainda mais complicadas para mim. Então já perto, estendo meu braço e com a palma da mão, toco no espelho ao lado da frase.
Eu te amo, maluco.
Fecho meus olhos sentindo meu coração apertado e contra a minha vontade, meus olhos marejam. Sentia-me um completo covarde por tentar afatá-la de mim, mas eu não conseguia pensar em outra maneira para mantê-la segura. Eu queria desesperadamente tê-la aqui comigo e agora.
Então num impulso, pego meu celular e com os dedos, seleciono seu contato. Mas acabo hesitando e resolvo não ligar. Ela certamente me encheria de várias perguntas e me arrependeria na hora. Então quando levo a mão para guardar o celular, vejo a tela inicial indiciar uma chamada. Logo pude ver o nome que me liga: Anjinho. Era ela.
Sinto-me inquieto e ansioso logo preparando-me para apertar a tela verde. Só bastava um toque para eu ouvir sua voz. Levo o dedo para tocar e quando já estou perto, o desvio no último momento e rejeito a chamada. Me sentia frustrado, irritado e principalmente triste, mas no fundo, eu sabia que essa era a melhor escolha por ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Academia Lawrence
RomansaTudo acontecerá através dos olhos de Kimberly Evans e Chris Taylor. Ambos não possuem nada em comum. Kimberly é filha do sócio do diretor da Academia Escolar Lawrence, sonha em ser uma violinista profissional. Mesmo tendo toda sua família indo contr...