14- A "médica"

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A dor veio de repente, ao ponto de eu não conseguir respirar direito. Com o rosto coberto e apoiando um dos braços em Kimberly, sou levado para uma sala vazia no final do segundo andar. As pessoas pareciam não vir para cá, já que as cadeiras estavam desorganizadas e empoeiradas. Pude ver até caixas de som velhas, um móvel esquecido no canto e um banco de madeira ao lado de uma mesa. Kimberly me faz deitar nessa mesa e devagar, tento normalizar minha respiração enquanto fecho os olhos.

- O que está sentindo?

- Dor e falta de ar.

- Dor onde exatamente?- Ela chega mais perto.

Logo toco minha costela direita. Sem hesitar, ela levanta minha camisa para analisar o local como se fosse uma verdadeira médica. Deslizando os dedos sobre minha pele, gemo de dor quando aperta a parte superior da minha costela.

- Isso não é bom. Espere aqui- Em reflexo, seguro seu braço com uma das mãos. Ela logo volta seu olhar para mim- não se preocupe, não irei chamar ninguém.

Após se afastar e sair da sala, sinto como se cada minuto durasse uma eternidade para passar. Por estar deitado, a dor diminui. Então resolvo me levantar devagar. Eu não sabia se podia confiar naquela garota, mas não pretendia ficar aqui para descobrir. Entretanto, meu plano de fugir foi por água a baixo na mesma hora em que Kimberly entrou na sala sozinha segurando um kit de primeiro socorros e um saco de gelo. Logo sou inundado pelo sentimento de culpa. Ela realmente não era quem eu pensava ser.

- O que faz em pé?- Ela se aproxima com mais velocidade ao me ver- você tem que permanecer deitado.

- Obrigado, mas já me sinto melhor- Quando tento sair, ela me para.

- Você não vai a lugar nenhum. Sabia que sua costela está fraturada?

- O quê?- Franzo o cenho.

- Não é grave, mas precisa cuidar disso para que se recupere naturalmente.

- Como sabe disso?

- Minha mãe é médica- Ela diz enquanto põe o kit e o saco na mesa, e aponta para que eu me sente no banco de madeira. Achei melhor não contestar- então por ela desejar que eu siga seus passos, me ensinou algumas coisinhas.

- E é isso o que você quer ser?

Após pegar o saco de gelo, ela olha para mim e sorri. Por um momento, sinto meu coração bater mais rápido. Mano, que sorriso era esse?

- Esse é o sonho dela, e não o meu. Pode tirar a camisa, por favor?

- Não ganho nem um beijo antes?- Não resisto.

Ela logo revira os olhos.

- Engraçadinho.

Então com ambas as mãos, tiro a camisa e a boto de lado. Percebo o rosto de Kimberly corando ao analisar meu corpo, logo seguro um sorriso que ameaça escapar.

- E qual é o seu sonho, então?- Pergunto.

Ela concentra seus olhos nos meus, parece surpresa com meu interesse.

- Você vai rir.

- Não, não vou.

- Promete?

Eu aceno e espero por sua resposta.

- Quero ser uma violinista profissional.

- Nossa, sério?- Finjo achar graça, mas no fundo, achei seu sonho incrível.

- Você prometeu que não iria rir!- Ela ameaça ficar chateada.

- Estou brincando...

- Só quis saber para me zombar...

- Não- Seguro suas mãos quando a percebo ficando agitada- de verdade, achei muito maneiro.

Não dizia isso apenas para agradá-la, eu realmente achava isso. Logo me perguntei o quão linda ela devia ficar segurando um violino. Então após alguns segundos em silêncio, noto que ainda segurava suas mãos. Logo lhe solto e limpo a garganta sem jeito. Kimberly volta sua atenção para o saco de gelo e o põe sobre o local da minha costela. Recuo um pouco pelo impacto da frieza.

- Segura para mim?- Ela pede.

Assim o faço. Agora com as mãos sobre o saco de gelo, a observo abrindo e tirando uma bandagem do kit. Com a outra mão, ela tira o saco de gelo que eu segurava e o bota sobre a mesa.

- Irei pôr essa bandagem com compressão para que te impeça de fazer movimentos bruscos. Quero que o use principalmente quando for dormir.

Eu aceno atento as suas palavras. Então Kimberly se aproxima meio hesitante para botar a bandagem em mim, mas tenta manter uma certa distância, o que dificulta seu trabalho.

- Pode chegar mais perto- Digo sério, para que não se sinta constrangida.

Após me lançar uma rápida olhada, ela faz o que peço. Dando mais um passo para frente, fica entre minhas pernas. Logo sinto o calor entre nossos corpos. Agora aproximando seu rosto do meu dando uma leve abaixada, concentra seus olhos no que está fazendo. Enquanto eu, admiro os traços do seu rosto sem me importar se ela está percebendo ou não.

Logo dando a volta na bandagem sobre minhas costas, quase me abraçando, ela prende o velcro pela minha frente. Seguro a repentina vontade de querer beijá-la. Após conferir que estava tudo certo, infelizmente se afastando de mim, parece orgulhosa com o que fizera.

- Você terá que tomar alguns anti-inflamatórios e suplementos de cálcio. Tome cuidado ao se movimentar também. Logo estará bom, mas mesmo assim, não deixe de ir ao médico.

Não contenho um sorriso.

- Não sei como te agradecer- Digo.

- Não foi nada.

- Não, de verdade, você me ajudou muito. Sinto muito ter te interpretado mal da última vez.

Ela parece um pouco surpresa com minhas palavras, mas logo exibe seu lindo sorriso.

- Você fica me devendo- Ela brinca enquanto me lança uma piscadela.

Então senti a mesma coisa que havia sentindo na primeira vez que a vi. Eu estava simplesmente encantado por aquela garota.

Quando saí do colégio após me despedir dela, fui direto para casa. Jeffrey havia me liberado do trabalho para que eu pudesse me recuperar. Entro em casa apreensivo e torcendo para não ser visto pela minha mãe, mas como de costume, meu plano falha.

- Chris,- Ela se aproxima saindo da cozinha- onde dormiu noite passada?- Quando já estava perto e eu ia lhe responder, Rebecca surta ao ver meus machucados- o que aconteceu?!

- Não foi nada.

- Como nada?- Ela toca meu rosto enquanto o vira de um lado para o outro- veja esses ferimentos!

- Não se preocupe. Estou bem agora.

- O que aconteceu? Você brigou?

- Foram só uns caras.

- Chris, você não toma jeito, não é?!- Ela começa a se exaltar- só me dá preocupações!

- Desculpe, mãe. Prometo que não vai acontecer de novo.

Ela logo me lança seu olhar de desaprovação.

- É a última vez, Chris. É a última vez.

Rebecca sai da sala me deixando sozinho. Então com um longo suspiro, vou para meu quarto.

Nota da autora •

Finalmente Chris e Kim se entenderam. Mas e quanto a Rebecca, tadinha né gente?
Mas me digam, o que acharam desse capítulo? Se gostou, deixa seu voto e opinião nos comentários, quero mt saber!!

Então até o próximo capítulo Bj bj xau xau

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