Academia Lawrence

17- Medo

Ao longo que os minutos passavam enquanto eu estava na sala de detenção, começava a me dar conta do que havia feito. Sentia-me confusa e com pensamentos perturbados. Imagino como Lucas deve estar se sentindo agora. Digamos que ele sempre foi muito restrito com as bocas que beijava, mas não me refiro a aparência, e sim, a sentimentos. Lucas só ficava com certas pessoas se estivesse realmente apaixonado.

Então começo a imaginar como sou uma péssima amiga. Ele deve estar confuso, tanto quanto eu estou. Mas havia um problema na minha confusão que não se relacionava a Lucas, e sim, a Chris Taylor. Não entendo como esse garoto consegue entrar na minha mente com tanta facilidade. Quando eu beijei Lucas no banco do campo de futebol, foi em Chris que eu pensei, foi ele que desejei estar ali comigo.

Já não bastava estar confusa e me sentindo culpada por meus próprios pensamentos, ainda temia o que estava por vir. Quando meu pai souber o que aconteceu hoje, não quero nem imaginar o que fará. Sentia-me acuada e sem saída. Eu balançava os pés no chão de uma forma tola para distrair meu nervosismo quando Chris entrou na sala fazendo meu coração disparar.

Após olhar para mim e em seguida, para Melissa, ele se dirige para se sentar na última cadeira da sala. Parecia querer manter uma certa distância de nós duas. Então começo a me perguntar se ele viu a cena da briga que tivemos no campo, ou então, se quando beijei Lucas. Algo dentro de mim implorava para que não.

- Sabe, sua ideia foi genial- Diz Melissa de repente quebrando o silêncio da sala- vejo como se parece comigo agora.

- Eu não...

- Não tente negar- Ela me interrompe- sei que beijou Lucas só para me provocar, e quer saber, deu certo. Deu muito certo.

As palavras de Melissa vêm como um tapa em meu rosto.

- Mas eu estava aqui pensando que você abriu meus olhos- Ela continua- sempre alimentei um sentimento por Lucas e o desgraçado nunca me retribuiu. Penso que já está na hora de mudar a direção das coisas e quer saber, já encontrei meu novo partido- Com um movimento discreto, ela aponta para Chris só para em seguida, sorrir- e pode ter certeza que desse eu consigo algo.

Só imaginar o fato de ver Melissa com Chris, me deixava extremamente irritada e incomodada. Então mais uma vez, encontro-me confusa com meus sentimentos.

- Eu realmente não me importo- Minto.

Dou uma rápida olhada para Chris imaginando o que ele estava pensando sobre nossa conversa, mas me surpreendo quando o vejo dormindo apoiando o rosto nas mãos. Então pergunto-me se ele realmente é tão alheio a tudo, ou se simplesmente não se importa conosco. Passado mais alguns minutos em silêncio, percebo Chris acordar e com um bocejo, lança um olhar impaciente para o relógio.

Se é assim que ele desperta todos os dias da cama, não me importaria em admirá-lo todas as manhãs. Então no mesmo instante, a porta da sala se abre exibindo a imagem da última pessoa que eu gostaria de ver hoje. Logo ficamos de pé ao mesmo tempo. Meu pai entra na sala devagar e nos analisa um por um. Eu já temia pelo pior.

- Melissa e Chris- Diz com autoridade- estão liberados.

Sinto meu coração parar. Meu corpo logo fica tenso. Então sem pensar duas vezes, Melissa sai da sala o mais rápido que pode, já Chris, olha para mim antes de lançar uma expressão desconfiada para meu pai que parece não se importar. Após isso, caminha para fora da sala só tirando os olhos de nós ao fechar a porta. Quando ele sai, Charles vai em direção a porta e a tranca. Nesse momento, sinto minhas pernas tremerem.

- O que você pensa que está fazendo?!- Diz furioso enquanto se aproxima de mim como um touro.

- Me descupa!- Recuo em temor.

Com grande força, ele segura meu braço e levanta uma das mãos para me acertar um tapa. Fecho os olhos já esperando o momento da pancada.

- Não, pai... Por favor...- Eu imploro.

Quando está prestes a me acertar, ele hesita, e com raiva, me joga no chão. Caio com tudo sentindo o impacto da queda.

- Se isso acontecer de novo, se você apenas ousar tocar na sua irmã novamente, faço com que se arrependa de ter nascido.

Sem se importar com minha condição, Charles apenas destranca a porta e sai da sala com passos pesados. Ainda abalada, me arrasto no chão até sentir a parede atrás de mim. Olho para as minhas mãos trêmulas tentando me acalmar. E logo sentindo as lágrimas descerem sobre minhas bochechas, não contenho o choro.

• Nota da autora •

Gente desculpa o capítulo mais curtinho hoje, mas eu realmente queria dar ênfase nessa última cena. Deu pra ver o que Kimberly sofre, não é? Será que Charles ainda vai pagar pelo que fez?
Se gostou do capítulo, não esquece do votinho que me ajuda e incentiva demais a continuar! Então até próximo cap 💜