29- O trabalho (Parte 3)

639 66 78
                                    

Poder lhe contar é tudo o que eu quero, mas se eu fizer isso, as consequências serão graves. É claro para mim que Chris tem uma personalidade forte. Ele não é do tipo que fica parado quando vê algo de errado acontecendo, apesar de tudo. Então lhe contar o que sofro nas mãos do meu pai, definitivamente, não deve ser uma opção. E por mais que me doa lhe esconder, é assim que as coisas devem ser. Mas havia algo que eu não conseguia entender, e apenas Chris poderia me responder isso.

- Honestamente, por que se importa tanto com isso? Não é como se estivesse apaixonado por mim ou algo assim.

Ele deixa um sorriso escapar de seus lábios enquanto volta os olhos para o chão.

- E se eu estivesse?- Diz voltando a olhar para mim.

Sinto meu coração acelerar contra o peito.

- Não- Levanto-me da cama e me afasto dele indo em direção à minha mochila em cima da mesa.

- Por que não, Kimberly?- Chris se levanta também- tem medo do que posso dizer...?- Logo se aproxima atrás de mim- ou tem medo de que possa ser recíproco?

Ele havia me encurralado mais uma vez. Então respiro fundo e com coragem, viro-me ficando diante de sua face.

- Você está enganado. Nunca será recíproco.

Chris me analisa por um momento tentando chegar numa conclusão, logo parece notar a hesitação em meus olhos.

- Você está mentindo.

Quando eu estava prestes a lhe dar uma resposta, alguém bate na porta. Ele me olha por um instante, até que resolve se virar e ir abrí-la. Após fazer um movimento o qual não consigo ver direito, mas que provavelmente, foi tirando a chave da própria cueca, Chris abre a porta e logo posso ver o rosto da garota de antes.

- O que foi, Clara?

- Izzi, sua mãe está te chamando- Sinto uma pontada de ciúme em vê-la o chamando assim- e disse que tem que ser agora.

Chris suspira e volta seus olhos para mim.

- Não saia daqui. A gente ainda não terminou.

Após se retirar com Clara e provavelmente, ir até o quarto da sua mãe, noto que ele deixara a porta aberta. Sei que eu não devia fazer isso e Chris talvez passe a me odiar, mas eu não consigo continuar. Temo que ele consiga me fazer falar coisas a qual não posso. Então pegando minha mochila, apresso meus passos para fora do quarto.

Olho ao redor e quando vejo que o caminho está livre, vou em direção à sala até chegar na porta que me leva para a rua. Quando abro-a, vejo a forte chuva que cai logo deixando tudo alagado. Eu precisava sair daqui! Logo pego o meu guarda chuva que antes deixara no canto e o abrindo, me adianto em sair dessa casa. Então quando estou na calçada e prestes a ligar para meu motorista, ouço sua voz.

- Covarde!- Chris aparece de repente na porta por onde saí.

- Você não tem o direito de falar assim comigo!- Retruco já irritada e frustrada.

- Ao menos sou sincero para dizer o que realmente penso- Ele vem em minha direção não se importando em se molhar com a chuva- e você? Não consegue ser sincera nem para si mesma!

- Você não sabe nada sobre mim. Não sabe do que eu passo ou sofro para se quer entender!

- Então diga-me ao menos, sobre o que pode me contar sem ter medo- Ele já estava tão perto.

- Se eu pudesse, eu contaria...

- Não- Chris se aproxima ainda mais e com as mãos, tira o guarda chuva de mim logo o jogando no chão. Sinto as pesadas gotas de água caindo sobre meu rosto e em seguida, descendo por meu corpo. Em questão de segundos, eu já estava tão molhada quanto ele- Nesse momento, não me importa mais o motivo. O que quero saber, é sobre seu verdadeiro sentimento.

Seus olhos verdes estavam profundamente concentrados nos meus.

- Por quê?- Minha voz soa fraca.

- Você não vê?- Chris toca meu rosto com uma das mãos delicadamente, e logo a desliza sobre minha nuca me fazendo ter leves arrepios- eu estou perdidamente apaixonado por você.

Não tive tempo de pensar e muito menos de responder. Antes seus lábios me encontraram e no fundo, eu ansiava por isso. Dou mais um passo nos aproximando ainda mais. Ao longo que sentia seu doce beijo se intensificando me fazendo não pensar em mais nada, a chuva ia diminuindo. Então, quando tive esperança de ficar um pouco mais de tempo sentindo seu toque, meu celular toca me fazendo despertar para a dura realidade.

Me afasto dele totalmente a contra gosto e me apresso em pegar meu celular na mochila. Já sentia uma estranha sensação ruim, mas quando vi o número do meu pai chamando na tela, senti meu coração quase parando.

- Preciso atender- Digo enquanto toco na tela do celular, Chris me dá um aceno. Logo, tento manter minha voz firme- Sim?

- Estou dentro do carro te esperando na esquina.

- Que esquina?

- Você sabe muito bem.

Desejei profundamente que meu pai apenas estivesse bêbado e falando coisa com coisa, mas quando olhei para o lado e no fim da rua, não muito longe, reconheci o carro do meu pai. Sinto calafrios na mesma hora. Por uns instantes, fico apenas paralisada, mas ao notar Chris me lançando um olhar desconfiado, implorei internamente para que acreditasse nas minhas próximas palavras.

- Preciso ir- Respondo desligando o celular e em seguida, guardando em minha mochila- meu motorista está esperando por mim na esquina.

- Já havia ligado pra ele?- Chris franze o cenho. Sua esperteza começara a me deixar nervosa.

- Sim, e acho melhor eu ir logo- Me abaixo e pego o guarda chuva logo o pondo sobre mim- você também deve entrar.

- Eu te acompanho até a esquina...

- Não, não quero que corra o risco de pegar uma pneumonia. Já ficamos tempo demais na chuva.

- Tudo bem. Nos vemos amanhã?

- Sim- Respondo.

Após me dar um beijo na testa, Chris se dirige até sua casa olhando algumas vezes para trás. Imploro internamente para que meu pai não tenha visto nada do que aconteceu aqui. Então receosa, vou em direção ao seu carro sentindo um certo tremor nas pernas. Logo abrindo a porta e entrando, vi Charles me lançar o olhar que eu mais temia.

Então pude perceber que sim, ele havia visto a tudo.

Nota da autora •

Finalmente rolou uma declaração \o/ será que agora nosso casal vai ficar juntos de uma vez? Então se gostou desse capítulo, deixa teu votinho e comenta aí sua opinião, sério gente, vcs não imaginam o quanto isso me motiva!!! E para aqueles que já fazem isso, muito obrigada!!! E aos leitores fantasmas, muito obrigada tbm!!! Sem vcs td oq tenho conseguido não seria possível ❤

Academia LawrenceOnde histórias criam vida. Descubra agora