Eu estava completamente desesperada. Se Chris descobre o que aconteceu, mal posso imaginar a confusão que isso dará. Eu precisava de qualquer jeito impedi-lo de encontrar meu pai. E a única forma, foi lhe prometendo contar a verdade.
Então quando ele finalmente concordou, o levei até a nossa sala abandonada para que ninguém nos ouvisse. Eu me sentava em uma das cadeiras velhas enquanto Chris, estava em pé com os olhos voltados para mim. Nesse momento, eu não conseguia imaginar o que se passava em sua cabeça.
- E então?- Diz com os braços cruzados.
- Não machuquei meu braço na escada.
- Diga-me algo que ainda não sei.
O Chris que eu havia visto no estádio um dia atrás, parecia não existir agora. Seu semblante era totalmente diferente. Então chego a conclusão de que realmente não tenho escolha e terei que abrir o jogo. Mas só em pensar no fato de lhe contar a verdade, me faz ainda mais desesperada. Logo dou um longo suspiro nervoso após alguns segundos de silêncio total.
- A ferida em meu braço...- Eu não estava machucada apenas no braço, mas isso era um detalhe que eu não pretendia lhe contar- foi por eu ter te levado à festa e passado a noite com você.
Chris mantinha a mesma expressão indecifrável.
- Quem fez isso?- Algo me dizia que ele já sabia a resposta, mas que só queria uma confirmação vindo da minha própria boca.
Com as mãos inquietas, sinto uma gota de suor escorrer por meu rosto. Então respiro fundo.
- Meu... Pai.
Vejo Chris fechar os olhos como se tentasse manter o controle. Suas mãos se fecham em punhos enquanto os nós de seus dedos ficam brancos pela grande força que faz. Então ao abrir seus olhos novamente, temo por sua reação.
- É a primeira vez que ele faz isso?- Sinto a raiva contida em sua voz.
- Chris...
- Responda-me!
Tudo já estava perdido.
- Não, não é.
- Eu vou acabar com aquele desgraçado!- Chris estoura e se adianta em sair da sala e temo pelo pior. Então como um ato desesperado, me ponho entre ele e a porta.
- Não, você não pode fazer isso.
- Sai da frente, Kimberly.
- Não!
- Kimberly!- Diz ainda mais furioso- nada vai me impedir.
- Eu não vou deixar você fazer nada, pense nas consequências!
- É por isso que tem sofrido calada todo esse tempo? Eu não me importo com as consequências! Não passarei mais nenhum minuto parado sabendo o que aquele maldito faz com você!
Sinto-me em pânico temendo não conseguir impedi-lo. Logo, meus olhos se enchem de lágrimas.
- Chris, eu te imploro. Se fizer algo contra meu pai estará acabando com a sua vida, pense no que as pessoas vão dizer...
- Eu não me importo com nada disso!
- Mas eu sim!
- Kimberly, sai da frente agora.
Nego com a cabeça sentindo as lágrimas descerem sobre minhas bochechas sem que eu as possa conter.
- Por favor...- Minha voz falha.
Ao ver meu estado, Chris me encara calado por um momento. Sua expressão que antes era tomada por ódio, aos poucos, ia se suavizando ao ver meu desespero. Então sem hesitar, ele me puxa para um abraço apertado e reconfortante. Isso só me faz chorar ainda mais. Sinto suas mãos acariciando meu cabelo tentando me acalmar.
- Shhh...- Ele me abraça mais forte.
Então após ficarmos longos minutos juntos assim, sentindo seus batimentos cardíacos desacelerando e onde já me encontro mais tranquila, Chris se afasta só um pouco para ver meu rosto.
- Está mais calma?
Dou um aceno fraco.
- Você tem que me prometer...
- Não, Kimberly...
- Me prometa- Suplicante, olho em seus olhos- prometa que não fará nada contra meu pai.
Ele me encara sério, sem me dar alguma resposta.
- Chris.
- Tudo bem- Noto seu esforço para pronunciar tais palavras- eu prometo.
Logo, o sinal toca anunciando o fim do intervalo. Nos dirigimos em direção à sala de aula. Apesar de Chris ter me prometido que não tentaria nada contra meu pai, ainda sentia-me muito nervosa.
- Pode entrar primeiro- Ele diz quando paramos na porta da sala.
- Você não vem?
- Não consegui ir ao banheiro. Não se preocupe, anjinho. Logo estarei de volta.
Aceno concordando e o observo ir em direção ao banheiro no fim do corredor. Quando entro na sala, vejo que todos os alunos já estão de volta, inclusive o professor. Então apresso-me em ir para meu assento, mas ao longo que os minutos passavam, começava a me sentir tensa mais uma vez. Pergunto-me então, como pude ter sido tão ingênua! Estávamos na metade da aula quando resolvi me levantar para ir atrás de Chris, mas Hadley nem me deu chance.
- Aguente mais um pouco, Kimberly. Esse assunto é para uma futura prova, e aliás, você teve o intervalo todo para isso.
Frustrada, volto a me sentar. Bato meus dedos inquietos na perna enquanto fito o relógio a cada minuto. Como pude ter sido tão ingênua achando que ele realmente iria ao banheiro? Pergunto-me mais uma vez. Então ao passar os últimos minutos da aula, o sinal finalmente toca. Já com meu material arrumado, apenas levanto-me e corro para fora da sala em direção à diretoria ignorando a todos.
Quando chego na entrada do corredor que leva até a sala do meu pai, posso vê-lo extremamente irritado com o celular nas mãos, e ao seu lado, dois seguranças do colégio lhe observam agitados.
- Chamem a polícia imediatamente!- Charles ordena para ambos- aquele moleque perdeu completamente a noção!
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Academia Lawrence
RomanceTudo acontecerá através dos olhos de Kimberly Evans e Chris Taylor. Ambos não possuem nada em comum. Kimberly é filha do sócio do diretor da Academia Escolar Lawrence, sonha em ser uma violinista profissional. Mesmo tendo toda sua família indo contr...