13- Minha dupla

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Na noite anterior, havia falado com Lucas para nos encontrarmos no jardim do colégio antes das aulas começarem. Eu já estava devidamente agasalhada e sentada no banco esperando ele chegar. Enquanto observava os alunos aos poucos chegarem através do portão principal, perguntava-me o motivo de sua demora. Então é quando finalmente posso vê-lo.

Estava com os braços cobertos pelo casaco do colégio e as mãos dentro do bolso da sua calça jeans. Seu cabelo era preto e curto, estilo exército, e isso destacava bem o brinco pequeno que usava na orelha esquerda. Seus olhos cor de mel estavam voltados para mim. Lucas Bravanelli até que era bonito, de personalidade boa e gentil, mas apesar de tudo, nunca senti nada a mais por ele.

- Kim,- Me levanto para receber seu abraço- como você está? Não nos vemos desde a férias.

- Eu vou indo- Respondo- mas sei que você deve estar ótimo, pois soube que foi convocado para participar de um jogo oficial no Brasil quando completar dezoito anos próximo ano.

- Sim- Ele coça a cabeça enquanto me lança uma expressão tímida- foi pura sorte- Ah, sim, Lucas era super humilde também. Deve ser por isso que nunca se importou com Melissa. Ela era totalmente seu oposto.

- Por favor, não seja tão modesto. Sei que é muito bom no futebol.

- Obrigado- Sorri- mas então, você queria me pedir algo?

- Sim, preciso urgentemente da sua ajuda.

- O que posso fazer?

- Preciso que seja meu acompanhante em uma festa que minha mãe dará.

- Claro, mas... Por que eu? Sabe, sei que há tantos caras querendo uma oportunidade para sair com você.

- Claro que não há.

- Você sabe que há. "Por favor, não seja tão modesta".

Não posso deixar de lhe dar um sorriso.

- A questão não é essa. Preciso que seja você, pois quero fazer ciúmes a Melissa na festa.

Ele olha para o lado um pouco sem jeito.

- Melissa nem deve gostar mais de mim.

- Ela gosta sim. Sempre gostou!

- Eu não sei- Às vezes, Lucas era certinho demais.

- Por favor, não estou te pedindo para fazer nada- Insisto- só quero que seja meu acompanhante, curta a festa e pronto.

Ele suspira enquanto parece se decidir.

- Tudo bem, vai.

- Ah- Lhe lanço um abraço apertado que logo é retribuído- você é demais!

~

Fui para a sala de aula após o toque do sinal. O professor Hadley disse que começaria a citar os nomes das duplas para um futuro trabalho. Ester sentava atrás de mim, e enquanto brincava com meu cabelo, torcia para ficarmos juntas.

- Rúbia e Logan... Ester e Mike...- O professor começa.

- Droga- Ela resmunga.

- Chris e Kimberly... Julia e Ricardo...

Eu estava surpresa demais para conseguir contestar. Logo percebo algumas garotas da turma desapontadas por não serem elas as escolhidas como dupla do Chris.

- Se isso é sorte ou azar, Kim, isso eu já não sei mais- Diz Ester se encostando em sua cadeira.

Suas palavras me fazem acordar do momento de surpresa.

- Professor- O interrompo quando citava o nome de outra dupla formada- como pode me pôr com alguém que nem se quer vem para a aula?

Mal terminei minha frase quando a porta da sala se abriu e a imagem de Chris apareceu através dela. Ele estava com um corte recente na lateral do rosto e uma de suas mãos estava com a superfície roxa. Enquanto mancava com um pé, se dirigia lentamente até seu assento. E mais uma vez, tinha a atenção de todos sobre si. Então Hadley resolve quebrar o silêncio que logo se formara.

- Está aí a resposta da sua pergunta, Kimberly.

Então ele começa a citar os nomes das duplas novamente. Apesar da turma estar calma no geral, sinto uma certa inquietação. Chego até a ouvir um dos alunos comentando que Chris havia apanhado do meu pai por ter quebrado a janela com a bola de beisebol. Às vezes, a mente fértil de algumas pessoas me impressionava. E me impressionava também, em como Chris conseguia ser sempre o centro das atenções por onde passava.

Então depois das duplas separadas aleatoriamente, o professor explica que o trabalho será para a próxima semana. Era simples, ambos teriam que ler uma reportagem sobre algum tema recente e depois apresentar sobre esse assunto na sala. Ao fim da aula, resolvo informar ao Chris sobre fazermos o trabalho juntos, mas tive que esperar algumas garotas falarem com ele. Então quando finalmente vão embora, me aproximo.

- Iremos fazer esse trabalho juntos- Vou direto ao ponto.

- Não me supreende- Ele pega seus livros e simplesmente os joga dentro da mochila.

- Não pense que fui eu que te escolhi, foi o professor.

- Isso não importa agora, importa?- Ele volta seus olhos para mim.

- Não, mas presta atenção, eu realmente quero tirar uma nota boa, então por favor, seja mais dedicado.

- Tentarei me esforçar- Ele me lança uma piscadela.

Reviro os olhos por sua forma debochada. Então preparo-me para ir embora, mas percebo que quando Chris ia se levantar para fazer o mesmo, sentou-se novamente como se tivesse levado um empurrão brusco. Logo viro-me em sua direção novamente e o vejo com uma das mãos sobre sua costela.

- Você está bem?- Pergunto.

- Estou.

Então ele tenta se levantar mais uma vez, porém fazendo uma expressão de dor, se curva para baixo quase caindo direto ao chão. Sem pensar duas vezes, me direciono para segurá-lo.

- O que está sentindo? Profe...- Quando ia chamar Hadley, ele me para.

- Não o chame- Pela primeira vez, vi Chris Taylor com olhos desesperados- por favor, só me tira daqui.

Então logo cobrindo seu rosto com o capuz do casaco, e em seguida, se apoiando em mim, o levo para fora da sala em direção a um lugar vazio.

Nota da autora •

Tadinho do Chris gente! Não sei não, se eu fosse vcs, não perderia o próximo capítulo, haha. Enfim, finalmente estamos chegando na parte que eu queria uhu, espero que vcs tenham gostado desse cap. E não esquece de deixar seu voto e comentário para eu saber se está curtindo, bj 💙

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