54- Café da manhã

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Eu preparava o café da manhã com ovos mexidos, torradas e café com leite quando Jeffrey entrou na cozinha. Ao olhar para Kimberly sentada na cadeira com os braços apoiados na mesa de vidro, ele volta seus olhos para mim e pigarrea. Então logo se formando um silêncio entre nós, desligo o fogão e levo os ovos mexidos na frigideira até a mesa.

- Quer café?- Pergunto para Kimberly que em seguida, me lança um aceno dizendo que sim. Ela estava tímida e isso só a deixava ainda mais linda.

Então sorrio e vou até os armários em busca de um caneca. E logo se sentando na cadeira, Jeffrey pega um copo com água em cima da mesa e toma um longo gole. Quando alcanço a caneca, encho de café e me sento na cadeira entre os dois, logo, entrego a caneca para Kimberly. Ela agradece enquanto o segura com as duas mãos e assopra o vapor quente que o líquido solta. Suas bochechas estavam rosadas e por alguns segundos, me pego admirando seu rosto.

- Espero mesmo que vocês tenham usado...

- Jeffrey- O interrompo antes que possa completar sua frase desnecessária.

Percebo Kimberly ficando vermelha como um camarão. Eu até teria rido de sua reação, mas no momento, só queria deixá-la confortável e a vontade, mas realmente, Jeffrey não estava ajudando muito. Então logo interrompendo o silêncio que se formara outra vez, o celular de Kimberly toca. Ela o alcança em cima da mesa rapidamente e percebo sua expressão ficando tensa ao identificar o número.

- Eu... Eu tenho que atender- Ela levanta e se dirige até a sala de estar.

Não gosto de pensar na possibilidade de ser Charles, mas a sua reação só me provava isso.

- Se eu soubesse que vocês dormiriam juntos noite passada, teria ido para a casa de Jack.

- Você nem ao menos estava lúcido para pensar nessa opção.

- Que bom que se divertiram, já eu...

- Ninguém lhe obrigou a beber tanto- Reviro os olhos.

- Eu nunca mais vou beber.

- Acredito.

- Estou falando sério. Depois do que aconteceu ontem...- Ele pausa e segura o copo com mais força- estou cansado, Chris.

Lhe observo por alguns segundos pensando nas palavras certas a dizer.

- Então viva sua vida dignamente sem ter que correr atrás daquela mulher.

- Farei isso- Ele me olha- farei sim.

Toco seu ombro, tentando de alguma forma, lhe mostrar que sempre estarei ali para ajudá-lo no que precisar. Jeffrey dá um fraco sorriso e após um tempo, suspira e balança o copo com água quase vazio em movimentos circulares.

- Essa é pra valer?

Lhe encaro por alguns segundos e logo volto meus olhos para Kimberly.

- Ela não é igual as outras.

- Você está apaixonado.

- Mais do que isso- Respondo.

Então Jeffrey sorri.

- Fico muito feliz, de verdade.

- Obrigado, meu amigo.

Então logo chamando nossa atenção, ouço um barulho de algo se quebrando na sala. Não penso duas vezes antes de me levantar e ir em sua direção. Atrás de mim, Jeffrey faz o mesmo. Logo posso ver Kimberly com os olhos assustados voltados para um vaso de vidro despedaçado no chão.

- Está tudo bem?- Pergunto quando já estou perto, mas logo percebo um corte em sua mão e o pego para ver melhor- está machucada.

- Não é nada.

- Jeffrey, você ainda tem aquela pomada antibiótica?

- Sim, trarei gaze e um bandagem também- Ele logo se adianta em ir para o quarto.

- Já disse que não é nada- Kimberly insiste.

- Não seja teimosa- Respondo pegando seu braço e lhe trazendo até a cozinha.

Boto-a perto da pia e abrindo a torneira, deixo que a água corrente caia sobre sua mão limpando o sangue do seu ferimento. Kimberly faz uma careta de dor, mas se mantêm calada. Após isso, fecho a torneira e alcanço um pano limpo. Ponho sobre sua mão botando um pouco de pressão e lhe guio para se sentar na cadeira. Então me sentando na sua frente, aguardo Jeffrey voltar.

- Quem era?- Pergunto ainda enxugando parte do seu braço que havia ficado molhado.

- O quê?

- Na ligação que a fez se distrair.

Ela leva alguns segundos para responder. Logo sinto o clima ficando pesado.

- Você sabe.

Direciono meus olhos em seu rosto por um momento, mas logo volto minha atenção para sua mão. Não gosto nem de pensar no que ele poderia ter lhe dito.

- Charles estava muito irritado- Ela continua demonstrando certa fragilidade.

Eu já sentia a raiva percorrendo meu sangue só de imaginar o que ele poderia fazer com Kimberly outra vez. Eu não me perdoaria se permitisse deixá-la passar por aquilo de novo.

- Vai ficar tudo bem- Digo levantando minha mão e acariciando sua bochecha com o polegar. Ela fecha os olhos aproveitando o meu toque. Então logo tocando seu queixo, a trago para mais perto e lhe selo sentindo seus lábios macios contra os meus.

Eu já estava determinado e decidido. Não deixaria Charles tocá-la nunca mais, e seria hoje que eu acabaria com isso.

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