22- No mundo da lua

728 67 57
                                    

- É a quarta vez hoje, Chris!- Diz Jack- assim não irá sobrar mais pratos para os clientes!

Recolho os cacos de vidro do chão e junto nas mãos para em seguida, pôr no lixo perto do fogão.

- O que está acontecendo aqui?- Jeffrey aparece de repente na entrada da cozinha.

- Chris está no mundo da lua- Ele reclama- é o quarto prato que derruba hoje.

- Isso é perfeitamente normal numa cozinha- Contesto- acidentes acontecem.

- Trocar os pedidos por outros e errar os pratos dos clientes também é normal?- Diz Jack com sarcasmo.

Decido não dizer nada. Na verdade, eu não tinha resposta para isso. Então apenas recolho os últimos cacos do chão, mas acabo cortando meu dedo.

- Droga.

- Tudo bem- Jeffrey olha para mim- quando fecharmos, vamos conversar, Chris- E vai embora.

- Muito obrigado- Me volto para Jack irritado.

As horas passam rápido e tento manter minha concentração apenas voltada para meu trabalho, mas não demorava um minuto para Kimberly voltar a atormentar minha mente. Não paro de lembrar sobre o que aconteceu hoje na hora do intervalo. Penso que me precipitei ao beijá-la. Talvez Kimberly tenha pensado que me aproveitei do seu momento de fragilidade, ou talvez só tenha se arrependido.

Honestamente, eu não sei. As mulheres simplesmente são confusas demais. Agora recolhendo os pratos dos últimos clientes, matenho minhas mãos firmes e com sucesso, os levo inteiros até à pia. Jack logo se despede e vai embora quando fechamos. Já eu, espero sentado no sofá preto de uma das mesas enquanto Jeffrey organiza o balcão calmamente. Feito isso, ele se dirige em minha direção e se senta no outro lado do sofá só para ficar de frente para mim.

- O que te perturba, Chris?

Penso um pouco enquanto decido se é uma boa ideia lhe contar a verdade. Toda vez que falo algum assunto relacionado a mulheres, Jeffrey sempre dá um jeito de botar sua ex-mulher na conversa. No final de tudo, sempre acabamos encerrando o assunto falando sobre como ela gostava de comer sushi com pão nos domingos à noite. Um gosto bem bizarro, aliás.

- São só alguns problemas no colégio- Respondo apenas.

- A última vez que te vi com pensamentos tão distantes, foi quando você deu seu primeiro beijo com a filha da sua antiga empregada.

- Nossa, cara- Faço uma careta- isso já faz tanto tempo.

- Como era o nome dela mesmo? Sara... Amara...?

- Clara- Reviro os olhos.

- Isso!- Ele gargalha- mas tenho que admitir, ela era mesmo bonitinha.

Dou de ombros. Apesar de termos convivido juntos por muito tempo quando eu morava na casa antiga, nunca senti nada de mais por ela.

- Vocês ainda mantêm contato?

- Falo com sua mãe de vez em quando pelo celular para perguntar como estão indo as coisas na casa, mas raramente Clara que atende. Isso realmente importa pra você?

- Não, mas sabe, estava aqui lembrando de como foi meu primeiro beijo com Luiza, sentia-me tão nervoso...

- Ah, não. De novo não.

- Sim cara, lembro-me também de como ela gostava de comer sushi com pão nos domingos à noite- Ele começa a se empolgar- eu amava vê-la derrubando molho shoyu dentro da xícara de café.

- Olha só, vocês eram muito estranhos. Não acha que já está na hora de superar sua ex-mulher?

- Como assim? Eu já lhe superei a muito tempo.

- Oh, é mesmo?- Levanto uma sobrancelha- então por que vive falando sobre ela?

- Mas eu não vivo falando sobre ela.

- Quer saber, esquece o que eu disse- Levanto-me do sofá sabendo que seria inútil discutir com ele- melhor eu ir agora.

- Espere, não pense que vai fugir da minha pergunta assim!

- Tchau, Jeffrey.

Saio do diner ignorando suas chamadas e vou em direção ao ponto. Em questão de poucos minutos, meu ônibus chega. Durante o percurso, me pego pensando em Kimberly mais uma vez. Precisava resolver essa situação com ela, afinal, ainda tínhamos um trabalho do colégio para fazermos juntos. Paro no meu ponto e desço do ônibus. Após uma breve caminhada, chego em casa.

Logo tiro meus sapatos e os ponho de lado, penduro meu casaco entre os outros e entro na sala de estar. Jogo minha mochila na mesa de vidro e noto a televisão ligada sem ninguém.

- Mãe!- Eu grito- você esqueceu a tevê ligada!

Sem resposta, dirijo-me até o controle remoto em cima do sofá e o pego.

- Mãe?- Olho ao redor sem encontrá-la, e muito menos, sem ter alguma resposta sua- onde você está?

Quando me preparo para apertar o botão de desligar do controle, algo na televisão chama minha atenção.

"Então podemos confirmar mais uma vez? As pessoas realmente dizem que Paul Taylor tinha uma amante quando vivo e por isso se sentia envergonhado em mostrar a própria família em público..."

- Merda!

Corro o mais rápido que posso em direção ao seu quarto. Vejo a porta encostada e entro. Logo sinto meu coração acelerar quando não a encontro. Então vou direto para o banheiro e mais uma vez, vejo a cena que insiste em me aterrorizar. Encontro Rebecca caída e desacordada, ao seu redor, vários comprimidos se espalham pelo chão.

Nota da autora •

Final tenso, né? Oq vcs acham que vai acontecer a partir de agora? Deu pra ver que a coisa ficou séria. Então se gostou desse capítulo, deixa seu votinho e sua opinião, pois adoro ler os comentários de cada um!

Academia LawrenceOnde histórias criam vida. Descubra agora