39- Dor

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Postei e saí correndo... 👀

*

Abro a porta de casa apreensiva. Fui me dar conta do que havia feito só quando voltava para cá de táxi. O fato era que Chris me tirava da realidade tão facilmente, que eu simplesmente esquecia dos problemas que enfrentava com meu pai. Nesse momento, temia por sua reação. Já dava meus primeiros passos pela entrada da casa quando vi Maria se aproximar de mim meio apressada.

- Por favor, Kimberly- Diz com o semblante perturbado- vá embora e não volte nunca mais.

- O quê?

- Seu pai está furioso- Responde- de uma forma que eu nunca vi.

Sem que eu possa se quer, falar, vejo a imagem de Charles descendo pela escada quase soltando fumaça pelo nariz.

- Você perdeu completamente o juízo?!- Berra quando já está perto- o que pensa para me afrontar desse jeito!

- Senhor Charles, eu imploro...- Maria nem teve chance de intervir, antes, a mão do meu pai voou direto em seu rosto.

- Não!- Grito em reflexo.

- Não ouse proteger essa imunda!- Ele diz.

Logo, posso ver alguns empregados nos observando de longe assustados e totalmente incapazes de fazer algo a respeito. Maria mantém as mãos no rosto sem condições de reagir. Vejo seus olhos cheios com as lágrimas que segura firmemente. Quando me adianto em ajudá-la, sou impedida pelas pesadas mãos de Charles em meu braço.

- Eu e você vamos ter uma conversa em meu escritório agora mesmo.

Sinto meu coração quase parar ao ouvir suas palavras. Ter uma conversa em seu escritório só significava uma coisa para mim, e apesar de ter passado por isso uma vez no passado, eu jamais esqueceria as marcas deixadas.

- Não, não, não- Imploro tentando recuar enquanto ele me puxa com força, logo me machucando- por favor, pai!

- Venha logo!- Quando chegamos na porta de seu escritório, após abri-la com tamanha ignorância, Charles me joga direto no chão de mármore- vai aprender a nunca mais me desobedecer.

- Não faz isso...- Recuo para trás ainda no chão enquanto o vejo trancar a porta- por favor...

Então ele logo de vira para mim.

- Onde você passou a noite?- Pergunta.

Sinto minha garganta travada com o choro preso.

- Não...

- Responda-me!- Berra furioso- foi com aquele maldito, não foi? Sua vadia!

Charles puxa o cinto de sua calça fazendo-me entrar em pânico.

- Não!- Minha voz sai desesperada.

Já era tarde, a fivela de seu cinto vem direto em meu braço me fazendo gritar.

- Você dormiu com ele, imunda!- Ele me levanta pelo braço só para me olhar de perto- você me enoja!

Após ser jogada no chão com violência pela segunda vez, Charles me acerta dois tapas. A dor já era grande demais e eu só conseguia implorar para que aquele inferno acabasse logo. Então em um ato desesperado, tento me arrastar para longe, mas ele me alcança facilmente.

- Vou acabar com você!- Antes que pudesse me acertar mais uma vez com o cinto, alguém bate na porta do escritório lhe interrompendo.

Após me soltar com um empurrão, Charles se levanta para ver quem é. Então abrindo a porta com força, posso ver o rosto da minha mãe do outro lado. Seus olhos me encaram séria antes de voltar sua atenção para meu pai.

- Chega por hoje, querido- Diz com indiferença- ela certamente já aprendeu a lição.

Charles me olha uma última vez antes de concordar.

- Assim espero- Diz pondo o cinto de volta como se tivesse feito a coisa mais normal do mundo.

- Venha, quero conversar com você- Diz Rachel antes de sair.

Meu pai logo a segue não se importando mais comigo. Então sentindo o pânico se esvaindo aos poucos de mim, deixo que as lágrimas tomem conta do meu rosto. Logo, vejo Maria aparecer pela porta segundos depois. Após me ajudar a levantar, percebo meu corpo tremendo. E com dificuldade, Maria me leva direto até seu quartinho onde me deito em sua cama.

Fecho os olhos com força sentindo a dor pulsar em cada parte machucada do meu corpo. Na cama, viro-me para o lado com esforço enquanto espero Maria voltar da cozinha. Ela logo aparece com um kit de primeiros socorros, um recipiente com água e um pano limpo. Em passos apressados, senta-se ao meu lado e me ajuda a tirar o vestido. Em seguida, umedece o pano com a água e passa delicadamente sobre minhas costas.

Eu mal conseguia me mexer. Meu braço, entretanto, deixava uma linha de sangue escorrer até cair na cama. Maria logo põe o pano úmido sobre a ferida me fazendo gemer de dor. Na posição que eu estava, não conseguia ver seu rosto, mas podia ouvi-la fungando enquanto parecia abafar um possível choro.

- Vai ficar... tudo bem...- Minha voz sai fraca.

Então após respirar fundo, se apressa em passar o remédio. Sinto um grander ardor e grunho quando o líquido toca minha ferida.

- Prometa-me que irá embora daqui assim que completar dezoito anos- Ela pede quase implorando.

Maria nem precisava me pedir. Esse era o plano da minha vida. Eu só precisava aguentar isso mais um pouco.

- Só se prometer vir comigo também.

Então se inclinando, ela segura minha mão e sinto as lágrimas descerem por meu rosto mais uma vez.

- É claro, minha flor.

Nota da autora •

Capítulo pesado! Imagino que devem estar morrendo de ódio de Charles nesse exato momento, mas não se preocupem, pq o dele já está guardado! Então é isso, não esquece do votinho e de deixar sua opinião! :3

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