51- Juntos outra vez?

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Eu estava decidida a resolver as coisas com Chris agora mesmo, só não esperava que um homem forte, barbudo e alto fosse nos interromper. O vento soprava forte contra meus cabelos fazendo-me arrepiar pelo frio nas pernas expostas. O céu nublado indicava que poderia chover a qualquer momento. Chris logo se põe na minha frente em um ato de proteção. Agora tive mais certeza de que as coisas não terminariam bem.

- Como foi a recuperação após ter apanhado de mim?- O homem zomba.

- Você teve sorte por eu estar bêbado, isso certamente não voltará a se repetir.

O homem sorri exibindo os dentes amarelos e logo volta sua atenção para mim. Ele me olha de baixo pra cima e assobia em seguida. Percebo Chris ficando nervoso de raiva.

- Então vamos tirar uma briga a dois. Quem vencer, leva a garota.

- Retardado- Chris o olha com desprezo- apenas vá embora.

O homem parece não gostar nada de suas palavras.

- Então a pegarei assim mesmo.

Logo avançando, o homem tenta acertá-lo. Chris me puxa rapidamente para o lado me afastando dele, ao mesmo tempo que se desvia do soco desajeitado do homem. Quando ele tomba para frente, Chris estica a perna fazendo com que ele tropece e caia direto no chão. Com o impacto, o homem bate o rosto no duro cimento, e na mesma hora, ele desmaia.

Que patético.

- Merda, será que morreu...

Logo interrompendo a fala de Chris, voltamos nossa atenção para os quatro homens que gritam para nós.

- Seus moleques!- Um deles berra enquanto correm para nos alcançar- o que fizeram com Zeca?!

Mal tive tempo de reagir, antes, Chris segura minha mão e me puxa para corrermos, mas eu o paro lhe fazendo olhar para mim.

- O que há?- Pergunta com o cenho franzido.

Então apenas tiro o salto alto dos pés apressadamente e os seguro com a mão livre. Isso foi tempo o bastante para eu conseguir ver o tal do Zeca caído ao lado se mexendo enquanto geme de dor.

- Ele está vivo!- Digo num impulso.

- Sim, mas se não formos agora, é nós que não estaremos.

Então voltando meus olhos para Chris e apertando sua mão com mais firmeza, corremos juntos pela calçada e passamos pela rua movimentada levando alguns buzinadas de alguns carros que quase nos acertaram. Nos distanciamos rapidamente dos homens que agora socorriam Zeca ao invés de virem atrás de nós.

Quando já estamos distantes e no fim da rua, paramos para tomar fôlego. Os carros passavam pela rua nos iluminando a cada segundo. A maioria das lojas já se encontravam fechadas e as pessoas já voltavam para suas casas depois de um longo dia de trabalho. Volto meus olhos para Chris que apóia as mãos nos joelhos um pouco inclinado tentando regularizar a respiração.

As mechas de seu cabelo estavam levemente bagunçados. Só agora noto o coturno marrom que usa nos pés, sua calça jeans surrada e sua camisa cinza que o deixa estiloso e ainda mais bonito. A corrente prateada em seu pescoço balança de um lado para o outro de acordo com seus movimentos.

Logo, percebo uma expressão divertida se formando em seu rosto. Ao longo que eu deixo meus lábios serem tomados por um sorriso, Chris começa a gargalhar achando graça da situação. Mas logo sou tomada pela sua repentina alegria e começo a rir também. A rir muito, ao ponto de sentir minha barriga doer. A risada de Chris era contagiosa de uma forma que eu não conseguia explicar, e a mesma me agradava tanto, ao ponto de se tornar música para os meus ouvidos.

Mas logo deixando o sorriso sumir aos poucos, percebo Chris com os olhos voltados para trás de mim, ao me virar, vejo os quatro homens que socorriam Zeca virem atrás de nós novamente. Eles ainda estavam meio longe, mas se a gente continuasse aqui, logo iriam nos alcançar.

- Vamos?- Chris estende sua mão para mim, e sem hesitar, a pego com toda minha força.

Logo voltamos a correr pelas ruas e ao dobrarmos a esquina, vemos um ponto de ônibus vazio, e mais no fundo, um ônibus que se aproxima. Essa era a nossa deixa. Chris me olha uma última vez e apertando minha mão, sei o que significa. Aceleramos os passos ainda mais e quando chegamos na frente do ponto, estendemos o braço.

O ônibus para e logo abrindo a porta, subimos rapidamente pelos curtos degraus. Chris paga a minha e a sua passagem e logo passamos pela catraca desajeitados. Algumas pessoas nos olham estranho enquanto nos dirigimos para o fim do estreito corredor. Então cansados e ofegantes, sentamos na cadeira e o ônibus logo dá a partida.

Respiro fundo e solto o ar longamente em alívio. Chris estava ofegante e mantinha seus olhos na janela enquanto observava a paisagem da cidade. Sua mão ainda segurava a minha mais relaxadamente enquanto estava apoiada em sua perna. Com o polegar, acaricio as costas da sua mão tentando chamar sua atenção para mim, mas Chris não move seu rosto.

Então após lhe observar alguns segundos perdido em pensamentos, pergunto-me o que se passava em sua mente. Logo apoio minha cabeça em seu ombro e sinto-me relaxada por poder sentir seu cheiro tão de perto. Era tão agradável e fazia-me desejá-lo ainda mais. Então enquanto os minutos passavam, apenas ficamos em silêncio esperando que esse ônibus nos levasse ao nosso destino, seja ele qual for.

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