Aguardava Ester voltar após ter ido buscar uma pequena garrafa de água mineral enquanto me sentava na cadeira da cantina que a essa hora da tarde, se encontrava vazia. Todos os alunos do horário da manhã já haviam ido embora, e os da tarde, se preparavam para fazer o mesmo. Desde o que aconteceu na sala de detenção, sinto-me fraca.
Meu pai nunca mediu esforços para me dar uma lição, se achasse necessário me bater, ele o fazia sem dó nem piedade. Toco meu antebraço ainda o sentindo dolorido. Torço internamente para que a marca roxa que ainda se encontra tão viva na minha pele, logo desapareça. Então vejo Ester se aproximando e se sentando na cadeira a minha frente para me olhar diretamente. É como se eu já pudesse ler o que estava pensando.
- Lembra da última vez que isso aconteceu?- Ela diz séria me entregando a garrafa que logo me inclino para pegar.
- Obrigada- Opto por ignorá-la.
- Lembra também do que falei que faria se isso acontecesse de novo?
- Não, Ester- Ela sabia ser insistente quando queria- você não pode denunciar meu pai. Há tantos homens que fazem coisas piores e mesmo assim, não são presos.
- Isso porque há sempre uma mulher omitindo a violência por trás- Retruca- devemos fazer algo enquanto ainda podemos fazer, ou passará o resto da sua vida nesse inferno.
- Não irei e não quero que faça nada. Afinal, não viverei com meus pais para sempre. Só estou esperando uma resposta da escola de música para me mandar daqui.
- Na última vez, você esperou dois anos. E Melissa ainda estragou tudo. Acha mesmo que conseguirá a chance pela segunda vez? E falo isso, sem contar o fato da dúvida se irão te aceitar ou não.
- Uau, obrigada pelas palavras motivadoras.
- Kim, só quero que seja realista e faça algo por você que realmente vá dar certo.
- Já chega, tudo bem?- Começo a ficar chateada- já entendi sua opinião sobre isso.
- Então me ouça e denuncie...
- Não, já disse que não farei isso- Lhe interrompo- pensa comigo, Ester. Meu pai é conhecido por todas as pessoas mais importantes por causa da Academia Lawrence, você tem noção do escândalo que seria quando as pessoas soubessem que de vez em quando ele gosta de bater na filha mais velha?
- Mas não é somente bater, Kim. Ele te machuca, isso é espancamento.
- Não exagere. Dessa vez, ele nem tentou nada.
- E o que é isso no seu braço?
- Isso não chega nem perto de ser um espancamento- Retruco.
- Mas não muda o fato de que já aconteceu um.
- Isso já faz muito tempo e foi apenas uma vez.
- E você acha isso normal?- Insiste.
- Ester, quer saber, essa conversa não vai dar a lugar nenhum- Eu digo me preparando para levantar- melhor eu ir, pois já está anoitecendo.
Então ela suspira, frustrada.
- Tudo bem, mas não pense que nossa conversa acabou.
~
Chegando em casa após alguns minutos, abro a porta da frente e entro. Logo percebo uma movimentação estranha por parte dos empregados.
- Kimberly- Ouço a voz de Maria que me chama perto da escada, logo me dirijo em sua direção curiosa- rápido, vá se arrumar. Hoje terá um jantar especial com convidados e só falta você.
Sem me dar chance de perguntar sobre o que isso se trata, Maria me leva para meu quarto onde já posso ver um belo vestido azul marinho deitado na cama. Após um banho rápido, porém eficiente, visto minha roupa íntima e em seguida, o vestido. Ele é de tamanho médio e com alças finas. Desenha meu corpo perfeitamente. Agora pondo um colar dourado e discreto, escolho um salto alto e fino de cor preta. Depois de soltar os cabelos e passar uma leve camada de maquiagem, eu estou pronta.
Logo me dirijo para a sala de estar mantendo os passos firmes. Daqui já posso ver meu pai sentado com um elegante terno, já minha mãe e Melissa, usam lindos vestidos, mas discretos, assim como o meu. Pergunto-me o motivo de tanta formalidade. Então é quando reconheço os rostos dos nossos convidados. Joseph Marcell, e o pior, William Marcell.
Sinto minha perna vacilando e por pouco, não caio no chão. Honestamente, eu não precisava de mais uma lembrança humilhante de recordação. Então apenas respiro fundo e continuo meu caminho o mais elegante que consigo ser. Logo sendo vista por todos, sinto meu coração acelerando.
- Finalmente- Ouço Melissa resmungar.
- Que maravilha- Diz Charles se levantando do seu assento- podemos iniciar o jantar agora.
- Será um imenso prazer- Joseph sorri enquanto se dirige para a sala de jantar com meu pai- suas filhas cresceram muito e estão ficando realmente bonitas- Ele comenta enquanto os vejo se afastando.
- Então, nós também vamos?- Minha mãe lança um sorriso para nós.
Logo nos dirigimos para a sala de jantar também, mas o tempo inteiro, evito olhar para William. O jantar no geral, foi melhor do que eu esperava. Meu pai até se tornara divertido por causa da bebida. E apesar de eu mal ter falado, como sempre, tudo correu muito bem. Estávamos na sala de estar mais uma vez conversando sobre vários assuntos que simplesmente surgiam ao longo que o tempo passava.
- Acho realmente incrível como nossas famílias se conhecem a tanto tempo e a cada geração, sempre mantemos contato- Diz meu pai.
- Devido a isso, os Marcell's e os Evans tem muitas histórias para contar- Comenta Joseph, que diferente do meu pai, é uma das pessoas mais divertidas que já conheci- é hilário lembrar das situações embaraçosas que já passaram juntos.
Melissa solta uma gargalhada demasiadamente exagerada e logo volta seus olhos para mim.
- De situações embaraçosas, Kimberly entende bem, não é?
Forço um sorriso e aproveito a oportunidade para retrucar. Se ela pretendia mesmo me expor na frente de todos, isso eu não permitiria hoje.
- Bem, deu para notar que pela intensidade da sua risada, que quem gosta de passar e entende de situações embaraçosas, é você. Mas sabe o pior de tudo? É que você nem ao menos se dá conta disso- Eu respondo calmamente.
- Kimberly!- Minha mãe me repreende.
- Estou só brincando, por favor, não me levem tão a sério- Continuo- gostaria de pedir licença aos nossos queridos convidados já agradecendo pelo prazer de suas companhias em um jantar tão maravilhoso.
Ambos acenam para mim, mas percebo William segurando um riso. Então acenando de volta, me retiro da sala e vou em direção ao meu quarto.
• Nota da autora •
Gosto assim, haha. Então gente, gostaram do capítulo de hoje? O que vcs acham sobre Kimberly não querer denunciar o pai? Ester tem razão em não concordar com ela?
Então se gostou, deixa seu votinho e indica pros amiguinhos! ❤E já vou adiantando que no próximo capítulo terá surpresa, hahaha :)
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Academia Lawrence
RomantizmTudo acontecerá através dos olhos de Kimberly Evans e Chris Taylor. Ambos não possuem nada em comum. Kimberly é filha do sócio do diretor da Academia Escolar Lawrence, sonha em ser uma violinista profissional. Mesmo tendo toda sua família indo contr...