Mantinha meu andar firme assim como meu pai ensinara. Diferente de Melissa, eu não gostava de ser o centro das atenções, mas havia situações que eu não podia simplesmente fugir. Então respirei aliviada quando finalmente entramos no jardim do colégio.
Relaxei um pouco a postura e me permiti tirar a tensão. Estava tão preocupada em saber como me sai diante das câmeras, que só agora percebi meu pai mudando seu destino e indo em direção a um rapaz sentado no banco perto da árvore mais próxima. Franzo o cenho confusa.
- Ele é um gato- Diz Melissa voltada para o rapaz enquanto brinca com uma mecha de cabelo e morde os lábios desejosa.
Concentro meus olhos nele para enxergá-lo melhor, e sinto meu coração acelerar no peito ao perceber que era o maluco de antes. Por um momento, temo o pior. Talvez estaremos presentes numa tentativa de assassinato em pleno amanhecer. Tudo bem, estou exagerando, mas certamente, o que lhe espera não é coisa boa.
Quando meu pai finalmente se põe em sua frente, o rapaz lhe lança um sorriso desconcertado, logo dando sua mão em um cumprimento só para pronunciar: "Senhor Charles, que prazer". Sim, o rapaz sabia quem era meu pai. Isso só me fez ter ainda mais certeza, era um maluco.
Ele poderia facilmente ter posto a culpa no vidro fumê do carro que teria cobrido sua visão de quem estava dentro, mas o problema é, o vidro não era fumê. Então pergunto-me, quem em seu pleno juízo, sabendo quem meu pai é, lhe provoca com um gesto obsceno no meio da rua? Definitivamente, ninguém.
Após ter transformado o sorriso do rapaz em uma expressão séria depois de pronunciar míseras quatro palavras, soltando a mão dele que segurava com demasiada força, Charles continua seu caminho como se não tivesse acontecido nada. E como boas filhas, o seguimos por trás, mas não antes de eu lançar um olhar de análise para o rapaz.
Ele ajeitava o boné descontente, mas não parecia abalado, reação comum para qualquer aluno que tem o prazer- ou desprazer- de falar com meu pai. Eu tinha que admitir, o cara maluco era realmente bonito. Parecia cuidar muito bem do seu corpo. Não sei se por academia, ou algum esporte. Apesar do estilo descontraído, havia algo nele que me transmitia segurança. Seu rosto quadrado possuía lindos olhos claros e lábios convidativos. Seu boné parecia encaixar-se perfeitamente em sua cabeça.
E pensando melhor, até que sua audácia me atraía. Então sendo pega totalmente desprevinida, o rapaz volta seu rosto para mim e nossos olhos se encontram. Sinto um estranho arrepio correr por meu corpo. Então rapidamente, desvio minha atenção da sua e prossigo meu caminho até Charles e Melissa que já se afastavam de mim. Pergunto-me como de repente, o clima esquentou.
~
Eu sempre sou uma das primeiras alunas a entrar na sala de aula. A maioria prefere rodar pelo colégio até que o sinal toque, mas eu não fazia isso atoa, gostava de conversar com Ester, minha melhor amiga desde o ensino fundamental. Ela simplesmente ama passar o tempo criando desenhos e fazendo arte. Tem grande talento para tal. Aos menos seus pais sim, lhe apoiavam.
Mas eu não poderia achar isso mais normal, se contar que sua mãe é maquiadora profissional de uma das marcas mais conhecidas de cosméticos da América. E seu pai, cabeleireiro de atores e cantores famosos. Ela estava mais uma vez, sentada na carteira no meio da sala de aula com seus olhos concentrados em seu caderno de desenho e sua velha caneta na mão.
"É como vinho, quanto mais antigo seu objeto de pintura for, melhor vai ser". Ela gosta de afirmar. Seus cabelos loiros estavam presos em um coque bagunçado enquanto deixava algumas mechas caírem sobre seu rosto tomado por um óculos preto quadrado. Me aproximo fazendo questão de que meus passos sejam ouvidos enquanto piso forte no chão feito de madeira nobre.
Ester está concentrada demais e ainda não me notara. Impaciente, acelero os passos e em um pulo, me ponho em sua frente entre as carteiras. Ela parece tomar um pequeno susto, logo volta sua atenção para mim. Quando seus olhos verdes alcançam meu rosto, Ester abre seu lindo sorriso e sem hesitar, se joga para me abraçar.
- Kim, senti tanto a sua falta- Ela se afasta entre sorrisos, mas seu rosto logo é tomado por uma expressão triste- sabe, sei que não queria estar aqui. Você devia estar na Itália agora, deve ter ficado muito decepcionada quando te alcançaram.
- Já passou. Esquece isso.
- Não. Você precisou de mim e eu estava viajando...
- Ei- A interrompo. Ester sempre foi super protetora e sensível. Se precisasse assumir a culpa de algo ou carregar uma carga pesada sobre si por alguém que ama, ela o faria sem pensar duas vezes. Eu a admirava por isso- você conseguiu as passagens do avião para mim, e sei que não foi fácil. Acredite, você já fez demais.
Ela suspira, frustrada. Logo sentando outra vez, se recosta sobre a cadeira.
- Tudo falho por culpa daquela cobra.
Sento-me na cadeira em sua frente pondo minha mochila na mesinha de estudo, logo volto minha direção para ela e concordo.
- Isso não vai ficar assim.
- O que pretende fazer?- Pergunta curiosa.
- Algo que a fará me odiar pelo resto da sua vida.
Ester franze o cenho, mas aos poucos vai deixando um pequeno sorriso travesso escapar de seus lábios. Quando ela se prepara para perguntar algo que já está escrito em sua testa, o professor entra na sala interrompendo nossa conversa. No mesmo instante, o sinal toca. Não demora até os outros alunos entrarem na sala fazendo barulho de passos apressados e conversas casuais.
- Depois eu te conto- Digo virando-me para a direção do professor.
Depois de um tempo, quando todos se sentam, o professor começa a falar, mas logo é interrompido pela última pessoa que eu esperava encontrar aqui. Sua postura parece mais apresentável agora. Com os olhos distraídos, ele analisa a sala e por fim, olha para o professor.
- Estou atrasado?- Era o cara maluco.
• Nota da autora •
Então gente, deu para conhecer bem a amiga de Kimberly que irá acompanhá-la em todo o desenrolar do livro? E sobre Chris e Kim estarem na mesma sala? 😏 haha. Se gostou do capítulo, que ainda está numa parte mais introdutória, deixa seu votinho e seu comentário! Bj bj, xau xau.
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Academia Lawrence
RomanceTudo acontecerá através dos olhos de Kimberly Evans e Chris Taylor. Ambos não possuem nada em comum. Kimberly é filha do sócio do diretor da Academia Escolar Lawrence, sonha em ser uma violinista profissional. Mesmo tendo toda sua família indo contr...