Caminhei explorando o colégio até que o sinal tocou. As palavras de Charles Evans não sairam da minha cabeça.
Te vejo na diretoria.
Certamente ele sabia que eu compreenderia o motivo, mas se pensou que eu iria fazê-lo, estava claramente enganado. Não tinha intenção alguma de aparecer em sua sala. Até porque, quando cometi tal ato obsceno, não estava dentro do colégio. Então se era uma advertência o que ele queria me dar, para mim não fazia o menor sentido.
Dirijo-me para minha sala tranquilamente após o sinal ter tocado. Apesar do colégio ser extremamente grande, dei sorte de ficar na quarta sala do primeiro andar. Abri sua porta e vi que todos os alunos já ocupavam seus assentos. Depois de uma breve analisada ao redor, volto minha atenção para o professor ruivo de suéter com o rosto aborrecido voltado para mim.
- Estou atrasado?- Faço-me de inocente.
- Ainda não. Sente-se.
Após lhe dar um breve aceno, caminho em direção a única carteira vazia da sala. Se localiza na terceira fileira perto da parede. Perfeito. O pior lugar para se sentar. Enquanto fazia meu percurso, sentada na segunda cadeira próxima a minha, reconheci o rosto da garota que antes me encantara. Tudo bem, talvez esse lugar não fosse tão ruim assim. Quando me sento, ponho minha mochila na mesa. Logo ajeito-me de uma forma confortável.
- Você- O professor diz olhando na minha direção. Demoro alguns segundos até entender que falava comigo.
- Eu?- Aponto para mim mesmo.
- É, você mesmo, Charlie Brown. Dê-me seu boné.
Alguns alunos soltam risinhos pela piada. Logo sinto uma pontada de irritação.
- Por que não falou antes de eu me sentar?- Interrogo.
- Não havia notado antes, mas tenho certeza que não será um incômodo para você vir aqui me entregar.
É claro que ele havia notado. Olhou bem nos meus olhos. Em outra situação, eu teria negado, mas já bastava estar encrencado com um dos diretores, não precisava provocar um professor também. Então levanto-me entre suspiros irritados, ando até sua direção e tiro meu boné. O professor já tinha suas mãos prontas para pegá-lo, então o entrego com grande desgosto.
- Obrigado. Pode se sentar.
Sua educação, apesar de automática, deixa-me menos irritado. Tudo o que eu queria era assistir minha aula e ir embora sossegado. Pergunto-me se isso poderia ser tão difícil. Após sentado novamente, atento-me para suas palavras.
- Sei que muitos aqui estudam na Academia Lawrence a muito tempo e por isso, já me conhecem. Mas para os novatos, meu nome é Hadley Aguiar e serei o professor de língua portuguesa- Ele está apoiado em sua mesa, então logo se vira e pega alguns papéis- Assim como eu, quero que todos se apresentem. E sim, vocês veteranos também para que seus novos coleguinhas também lhes conheçam.
Essa ideia para mim, definitivamente, não foi das melhores. Nunca precisei me apresentar em voz altiva em nenhum outro colégio que estudei antes, até porque, minha vida inteira estudei apenas em um colégio onde somente os principais responsáveis e professores sabiam que eu era filho de Paul Taylor. Todos tomavam extremo cuidado em não citar meu sobrenome para ninguém.
Sei que existem outros Taylor's por ai, mas a curiosidade das pessoas e principalmente, da mídia, era tão grande em querer saber quem era a misteriosa família de Paul Taylor, o melhor jogador de beisebol da história, que se você apenas tiver Taylor em algum lugar do seu nome completo, as pessoas vão perguntar se há algum parentesco com ele.
Muitos trapaceiros surgiram tentando se passar por filho e filha dele, mas quando meu pai apareceu em rede nacional afirmando que, definitivamente, isso nunca seria possível, pois preservava nossa identidade sempre, as farsas e suspeitas de qualquer um foram por água abaixo.
Se alguém perguntasse, por causa do meu sobrenome, se sou filho de Paul Taylor, sei que poderia negar com facilidade, mas algo em mim não me permitia fazer isso. Não me sinto bem ao negar que sou seu filho, principalmente por ele não estar mais aqui. Seja isso, besteira ou orgulho meu, é assim que me sinto.
Sei até que parece contraditório não querer que as pessoas saibam quem sou, mas esse era o desejo do meu pai, e agora, havia se tornado o meu. Mas no fundo, sei que faço isso primeiramente, pela minha mãe.
O professor já cita os nomes de cada aluno enquanto olha nos papéis para que fiquem de pé e façam sua breve apresentação. Eu começo a ficar inquieto e já penso em um plano de fuga para sair daqui sem ser descoberto, mas sou surpreendido quando o professor chama meu nome, claro e altivo, para todos.
- Chris Taylor.
De início, os alunos olham uns para os outros ansiosos aguardando o dono do nome se pronunciar. Alguns cochicham entre si, já outros, procuram algum rosto conhecido.
- Chris Taylor!- Ele repete impaciente.
Não havia mais saída. Então levanto-me até estar totalmente de pé. Todos, exatamente todos tinham seus olhos voltados para mim. Os cochichos e conversas pararam na hora. Não me espantava estarem tão perplexos. A princípio, se você me observar distraidamente, não vai notar, mas se prestar atenção nos traços do meu rosto e associá-lo com o sobrenome Taylor, logo perceberá a semelhança.
Eu era extremamente parecido com meu pai, mas as pessoas só notam esse pequeno e importante detalhe, quando ligam os pontos. Não tive nem oportunidade de me pronunciar quando as perguntas começaram a vir de todos os cantos da sala por diversos alunos.
- Taylor? O do jogador de beisebol?
- Você é filho daquele jogador que morreu?
- Muitas pessoas tem esse sobrenome.
- Você é cego? Não vê a semelhança entre os dois?
- Ele é a cópia do Paul Taylor!
As frases vinham simultaneamente e logo toda a sala se transformava numa confusão de perguntas e respostas. Eu começava a me perguntar quando o professor os mandaria calar a boca. Então ele finalmente o faz, e logo aproveito a oportunidade para me sentar de novo.
- Alunos, silêncio!- Ninguém obedece- silêncio ou vai todo mundo para a diretoria!
Isso foi o bastante para fazer eles se calarem. Mas infelizmente, não antes da garota que parecia um anjo soltar o pior comentário que eu poderia ter ouvido hoje.
- Não entendo essa confusão por causa de um jogo tão idiota quanto os seus próprios jogadores.
Tomado pela raiva ao ouvir suas palavras, bato ambas as mãos na mesa fazendo um barulho maior do que imaginei que faria. Agora em pé e com os olhos fitados nela, vi sua expressão de susto enquanto se voltava para mim surpresa. Agora tinha a atenção de todos novamente. Era nítido minha expressão de raiva.
- Chris!- O professor me repreende.
Ouvir um sermão era tudo o que eu não precisava agora, e eu jamais bateria numa mulher, então fiz o que achei a melhor opção. Sai da sala ignorando a todos.
• Nota da autora •
Que treta, eim meu povo? Acho que Kim e Chris não começaram muito bem. O que acham que vai acontecer quando todos ficarem sabendo que Chris é filho do famoso e falecido jogador de beisebol? E sobre Kim, acham que ela tem algum ressentimento por ter soltado esse comentário ou isso é simplesmente sua opinião?
Contem-me tudinho!!! E como sempre, se gostou, deixa seu votinho e indica pros amiguinhos ❤E o livro está de capa novaaa!!! Digam-me pfvr, se gostaram 😁
VOCÊ ESTÁ LENDO
Academia Lawrence
RomanceTudo acontecerá através dos olhos de Kimberly Evans e Chris Taylor. Ambos não possuem nada em comum. Kimberly é filha do sócio do diretor da Academia Escolar Lawrence, sonha em ser uma violinista profissional. Mesmo tendo toda sua família indo contr...