Como eu poderia encará-la outra vez depois do que fiz? Eu havia decepcionado Kimberly. Estava claro em seus olhos. Só me restava agora, arcar com as com sequências. Sem falar na minha mãe. Eu preferia enfrentar as fãs enlouquecidas ou os repórteres na frente da delegacia prontos para me denigrir, do que ela.
Então logo passando pela porta e entrando no curto corredor, vejo vários flashes se voltando para mim. Alguns policiais se botam na frente impedindo o avanço das pessoas. Cubro o rosto com uma das mãos pela forte claridade a cada segundo que machucava meus olhos. Com o barulho e euforia daquela gente, começava a sentir um zumbido em meus ouvidos.
Cada vez que tentavam se aproximar passando pelos policias ou me inundando com uma onda de perguntas, sentia uma estranha tontura. O aglomerado de pessoas começava a me deixar com falta de ar. Recuo alguns passos tentando me afastar deles, mas logo sinto a parede atrás de mim. Então fecho os olhos com força tentando me recuperar.
- Filho...?- Minha mãe toca meu ombro- está tudo bem?
De longe, posso ouvir a voz de Charles se destacar em meio a tantas na multidão.
-... É claro que ele não roubou meu carro, foi tudo um grande engano. Somos muito próximos e pedi que Chris me levasse para a Academia Lawrence, pois não me sentia muito bem. Então quando ele me deixou lá, aproveitou para dar uma volta. Vocês sabem como são os jovens de hoje, se não ficarmos de olho...
- Chris?- Continua Rebecca preocupada- meu filho, o que está sentindo?
Logo, abro os olhos e vejo minha visão ficar embaçada. Os fecho e abro mais uma vez tentando recuperar minha nitidez. Com a respiração irregular, sinto algo molhado e quente descer pelo meu nariz. Levo a mão trêmula até o local e vejo sangue em meus dedos. Minha mãe me olha assustada e antes que eu pudesse vê-la surtar, logo sentindo a tontura aumentar, vejo tudo escuro e perco a consciência em seguida.
~
Abro os olhos devagar e sinto o colchão macio sob meu corpo. Não demoro a perceber que estou no hospital. Há um pequeno sofá branco perto da parente a minha frente e ao meu lado, um soro quase vazio pendurado no suporte entra por minhas veias. Perto da porta verde, há um relógio. Já no lado oposto, uma janela exibe o céu escuro e as luzes dos prédios indicando que já anoiteceu.
Então fechando meus olhos, repasso na mente tudo o que aconteceu hoje e sinto-me sobrecarregado. Mas logo me tirando desse tenso momento, a porta do quarto se abre devagar. Posso ver um médico de jaleco acompanhado por minha mãe. Após ele conferir o soro rapidamente e tirá-lo de mim perguntando como eu me sentia, explica o que aconteceu comigo.
- Você certamente passou por um longo período de estresse e como resultado, a pressão no interior dos seus vasos sanguíneos também aumentou. Isso acabou elevando a sua pressão arterial. Suas artérias mais delicadas presentes na parte superior da cavidade nasal sofreram um dano, assim causando, seu sangramento nasal- Ele explica- seu alto nível de estresse sobrecarregou seu corpo o fazendo desmaiar. Peço apenas que descanse por hoje e tente não pensar muito nos seus problemas.
Após me receitar alguns calmantes, sou liberado. Vou direto para casa num táxi com minha mãe em um silêncio perturbador. Eu já esperava pela bomba a qualquer momento. Quando entramos em casa, Rebecca logo se senta no sofá.
- Eu não sei mais o que fazer com você, Chris- Diz com a voz cansada- eu realmente não sei.
Após alguns segundos de silêncio, resolvo não dizer nada. A minha culpa já era grande demais.
- Senhor Charles é muito generoso- Continua- nunca poderei ser grata o bastante por ele não ter te denunciado e ainda ter mudado os fatos ao dizer aquilo para os repórteres para te proteger.
- Ele não está fazendo isso por mim, está fazendo isso por si próprio...
- Não diga bobagens!- Ela se irrita- você devia estar grato por ele esconder as suas burradas!
Sinto meu sangue ferver. Ela não conseguia ver que ele só estava preocupado com o próprio umbigo? Charles só fez isso para evitar um escândalo envolvendo seu nome.
- Ele me explicou o porquê você tem sido tão rebelde- Diz em um tom mais calmo, porém ainda decepcionado- sei que gosta da filha dele, aquela garota que veio aqui em casa outro dia, mas ele me contou que não a quer se envolvendo com alguém agora e por isso pediu para que se afastasse. E você com raiva, foi e roubou seu carro.
O miserável havia mentido para minha mãe descaradamente. É claro que ele nunca irá querer ver a filha envolvida com alguém, não iria correr o risco de ser descoberto sobre o que faz com ela.
- Desgraçado mentiroso...
- Chris!- Rebecca me repreende- eu só te digo uma coisa, não quero mais te ver perto dessa Kimberly, está me ouvindo?
Inconformado, nego com a cabeça.
- Não posso.
- Não ouse me desobedecer. Você não só pode, como vai!
- Não.
- Chris Taylor!
- Já disse que não posso.
- Não seja teimoso. Você nunca se importou com outra garota assim, está querendo me provocar, é isso?
- Não...
- Se não, então o que é?!- Insiste- vamos, diga-me...
- Eu a amo!- As palavras simplesmente saem da minha boca.
No primeiro momento, minha mãe apenas me encara analisando a sinceridade da minha fala. Então logo percebo sua expressão se suavizando enquanto se põe de pé, e se aproxima de mim.
- Então se você a ama de verdade, ficará longe dela para o bem de ambos- Diz olhando nos meus olhos- é isso o que fazemos quando amamos. Se é necessário, sacrifique-se.
Eu me mantinha calado, refletindo. Minha mãe tinha razão. O único motivo por Kimberly ter sofrido nas mãos do seu pai essa vez, foi pelo simples fato de estar comigo. Então derrotado, eu aceno em concordância recusando-me a dizer algo a mais. Então me dando um beijo na testa, Rebecca me lança um sorriso acolhedor.
- Você vai ficar bem.
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Academia Lawrence
RomanceTudo acontecerá através dos olhos de Kimberly Evans e Chris Taylor. Ambos não possuem nada em comum. Kimberly é filha do sócio do diretor da Academia Escolar Lawrence, sonha em ser uma violinista profissional. Mesmo tendo toda sua família indo contr...