Após um longo dia de trabalho, resolvo ir para o bar. Sim, eu tinha uma identidade falsa. Era esse o tempo que tinha para me distrair e esquecer a dura realidade da vida. Durante o dia, tudo era tranquilo para mim, mas o problema era quando a noite chegava, mais especificamente, às 22h35m. Essa foi a hora em que soube a notícia da morte do meu pai. Então sempre nesse mesmo horário, certifico-me de já estar bêbado, caso contrário, tomava pílulas para dormir.
Tem sido assim todos esses últimos meses. Minha mãe já tentou me levar para um centro psicológico, mas me recuso a ir. Estava ciente de que isso passaria com o tempo, mas até que esse dia chegasse, ia dando meu jeito. Estava em meu terceiro copo de vodka quando dois caras se aproximaram para beber. Ambos conversam ao meu lado enquanto esperam sua bebida chegar, mas um deles, o mais forte, parece me reconhecer.
- Veja se não é o pirralho filho daquele jogador que as pessoas tanto tem falado nas ruas.
Concentrava minha atenção em meu copo. Já sentia o álcool correr por minhas veias enquanto aos poucos perdia minha lucidez, mas de uma coisa eu tinha certeza, aquele cara não era um fã.
- É ele mesmo, Zeca. Será que não percebem que Allan Scott é um jogador muito melhor que o pai dele? Honestamente, nunca entendi essa adoração por ele.
O grandalhão rir deixando a mostra seus dentes amarelos. Resolvo apenas ignorar a presença de ambos tomando mais um gole da minha bebida. Prometi a mim mesmo que não me meteria em confusão hoje.
- As pessoas têm se tornado realmente mais ignorantes. Se é para escolher um astro do beisebol de verdade, que façam direito.
Com os dentes cerrados, aperto o copo de vidro quase vazio em minhas mãos. Não entraria em confusão hoje, tento me recordar.
- Não reclame mais, Zeca. O cara já morreu mesmo.
- E já morreu tarde.
Aquilo foi a gota d'agua. Sendo movido pela raiva que surgiu, jogo o copo de vidro no chão o deixando partir ao meio. Todos no bar me olham surpresos, mas escolho por ignorá-los e mesmo tendo dificuldade em me movimentar pela bebida, avanço e com sucesso, acerto um soco no rosto do maldito Zeca. Com o impacto, ele se desequilibra do banco e por pouco, não cai no chão.
- Seu pirralho desgraçado- Ele se volta para mim com a mão no local onde lhe acertei. Após cuspir sangue no chão, se aproxima de mim- Vou te mostrar a apenas se meter com gente do seu tamanho.
Eu teria conseguido me esquivar dos seus golpes, mas o álcool já me deixava lento. Me desviei para o lado com sucesso no primeiro e segundo golpe, mas no terceiro, fui acertado em cheio no rosto. Logo caindo para o lado, vou de encontro ao chão. Todos apenas nos observam, até que o dono do bar resolve interferir.
- Aqui não é lugar para brigas. Se querem mesmo se matar, que façam fora do meu estabelecimento!
Minha esperança era que os desgraçados fossem embora por eu já estar caído, mas não foi o que fizeram. Após praticamente ser arrastado pelo chão, ambos me levam para o estacionamento com o intuito de terminar o que eu havia começado. Depois de levar uma sequência de fortes chutes no estômago, costelas e rosto, tive certeza, partiria dessa para melhor hoje.
Já sentia meu corpo dormente quando uma forte luz nos iluminou. Pensei ser a luz no fim do túnel, mas quando identifiquei o carro e um homem saindo dele, pensei que talvez não fosse dessa vez. O mesmo segurava um taco de beisebol.
- Afastem-se do garoto!- Eu reconheceria essa voz a quilômetros de distância. Era Jeffrey, meu amigo e também, dono da lanchonete onde trabalho.
- Quem é você? Um guardião do pirralho?- O grandalhão finalmente para de me acertar com chutes. Eu já não compreendia direito o que estavam falando. Sentia que iria desmaiar a qualquer momento.
- Amigo, você realmente não vai querer saber- Diz em um tom ameaçador.
- Vamos embora, Zeca. Já demos uma lição nesse pirralho mesmo.
Depois de ouvir seus passos se afastando, tento me levantar, mas em vão, já não tenho forças. Então após fazer uma última tentativa de me pôr em pé, sinto minha visão borrar e em seguida, apago na hora.
Desperto sentindo meu corpo todo dolorido e com uma forte dor de cabeça. Olho em volta movendo apenas os olhos e logo reconheço o lugar. Estou na casa de Jeffrey. Agradeci internamente por ele não ter me levado a um hospital. Jeffrey mora sozinho e nunca se casou de novo depois da trágica separação com a ex-mulher, ganhou trinta quilos em três meses, se aposentou na polícia e agora só vive para seu diner(lanchonete).
Me encontro deitado no sofá da sua sala, e honestamente, é o melhor sofá que já experimentei. Ele mesmo afirma ter investido mais em seu sofá do que sua própria cama só para virar noites e mais noites assistindo Netflix pela televisão. Tentava aos poucos me sentar quando Jeffrey entrou pela porta. Logo vi que já estava de dia. Ele notando que eu me movia, tentou me impedir.
- Não, não- Se aproxima- você não pode se mexer, acredito que tenha fraturado uma costela ou algo assim.
- Não exagere- Ao me pôr sentado, sinto minha dor de cabeça aumentar- você por acaso, tem alguma aspirina, aí?
- Você é tão teimoso. Saiba que o único motivo pelo qual não te levei para o hospital, foi por do nada, você ter se tornado uma celebridade. Imagina como as pessoas iriam pirar se te vissem nesse estado?- Ele diz sentando-se ao meu lado enquanto ponho as mãos no rosto- aliás, como isso aconteceu?
- Depois te explico- Levanto-me com dificuldade sentindo meu corpo pesado- preciso ir.
- E aonde pretende ir?
- Já amanheceu, tenho que ir ao colégio- Dou uma volta pela sua sala meio desorientado- não posso me atrasar.
- Nessa condição? Olhe só para você, não sabe nem para onde está indo.
Paro de mancar após ter dado a segunda volta, perdido. Logo concentro meus olhos nos seus.
- Em vez de reclamar, por que não me ajuda a chegar no maldito banheiro?
Jeffrey suspira.
- Você está realmente um lixo. Já veio aqui milhões de vezes e agora mal sabe onde o banheiro está.
Reviro os olhos esperando ele se levantar do sofá. Então logo vou tomar um banho não só para tirar a sujeira, mas também para tentar aliviar as dores no corpo. Enquanto deixava a água cair sobre meu rosto, perguntava-me o que faria para esconder as marcas de briga, e preparava-me psicologicamente para enfrentar Charles e seu prometido castigo via celular.
• Nota da autora •
Chris adora uma confusão, mas não tiro sua razão dessa vez, rs. Se gostou, deixa seu votinho que me ajuda muito, sério! E não esquece de deixar sua opinião, pois sempre estou lendo os comentários de TODOS! Até próximo cap 💛
VOCÊ ESTÁ LENDO
Academia Lawrence
RomanceTudo acontecerá através dos olhos de Kimberly Evans e Chris Taylor. Ambos não possuem nada em comum. Kimberly é filha do sócio do diretor da Academia Escolar Lawrence, sonha em ser uma violinista profissional. Mesmo tendo toda sua família indo contr...