O PALADINO E O DRAGÃO - 01

2.3K 326 445
                                    

O ano era 1032 após a passagem do Ungido

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O ano era 1032 após a passagem do Ungido. O sol nascia no horizonte do mar aberto. Sua luz lutava para atravessar a neblina de sal que pairava sobre a superfície do mar cinzento. O oceano pacífico não revelava a selvageria que ocorria em seus abismos - um retrato de um passado pré-histórico. Feras de múltiplos dentes, celenterados translúcidos de dimensões colossais, moluscos de tentáculos poderosos e crustáceos capazes de cavar o casco de navios lutavam uns com os outros pela sobrevivência nas profundezas.

Nesse momento, um pequeno escaler chamou a atenção de uma gaivota. O barco cruzava sutilmente a superfície do mar, despercebido aos gigantes marinhos do passado. A ave pousou em sua proa, curiosa, observando seus tripulantes.

Havia dois homens a bordo. Um deles se sentia muito mareado, enjoado pela viagem. Ele era apenas um convidado na expedição, diferente do outro. Mikail era o Primeiro Paladino da Ordem de Belisama, herói de nações, campeão da justiça. Ele passou por treinamentos desumanos para conseguir o cargo de prestígio, e não ficaria enjoado em uma simples viagem de escaler.

Pouco a pouco, através das brumas do mar, eles se aproximavam de seu destino: A Ilha dos Morcegos - uma pequena porção de terra a algumas milhas náuticas da Costa Noroeste. Possuía um conglomerado de morros verdejantes e pássaros coloridos cuja beleza, infelizmente, estava escondida sob o mau tempo que fazia naquele dia.

- Pelo amor de Belisama, Anakar! Segure um pouco seu estômago de lavadeira! O cheiro do seu almoço está alcançando minhas narinas.

- Desculpe-me, mestre... Eu não nasci para ser um marinheiro...

- Reme com mais empenho. Talvez, se seus braços ficarem doloridos pelo esforço, sua mente esqueça suas entranhas!

- Sim, Sr. Mikail.

O paladino tinha trinta e cinco anos, cabelos ruivos e curtos, usava bigode e vestia uma túnica parda. Seu escudeiro chamava-se Anakar, o qual Mikail acreditava ser um apelido, pois era o mesmo nome de um bravo herói mitológico que teria lutado em diversas batalhas da história, como a rebelião na alvorada flamejante, a tentativa de golpe do deus-banido Emuel, a queda da ditadura de Zéfiro, entre outras. Anakar parecia ter pouco mais de vinte anos e usava um robe cinza que lhe cobria todo o corpo, inclusive a cabeça. Mal era possível ver seu rosto sob o capuz, que também escondia seu bizarro cabelo alaranjado.

Eles atracaram em um antigo cais, construído durante a ditadura do Usurpador. Devia ter mais de cem anos. Anakar amarrou as espias do escaler em cabeços antiquados, cheios de limo e que necessitavam de reforma. Então, subiram por uma escada entalhada na pedra com arestas muito arredondadas, desgastadas pela erosão das chuvas. O vento vindo do mar soprava em seus rostos, mas as brumas não permitiam ver o pôr-do-sol. Uma pena! O sol se punha com mais entusiasmo no mar.

Anakar, após amarrar com presteza o escaler, carregou as mochilas, a sua e a de seu mestre, para fora do barco. Para o mestre, ele era um excelente escudeiro, apesar de ser considerado como um pobre diabo que não teria muita opção na vida. Servir um nobre em suas aventuras talvez não fosse a pior de todas.

Jornada ao Presságio Vermelho [Completo!]Onde histórias criam vida. Descubra agora