Durante sua fuga das garras de uma seita fanática, o jovem Leonel permitiu que uma criatura abominável fugisse de seu cativeiro, espalhando terror e sofrimento pelos reinos de Arrhênia. Atormentado pela culpa, o rapaz vê sua oportunidade de redenção...
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Yui chegou ao marco do peregrino: um obelisco de granito à beira da estrada. Lá, foi construída a estalagem mais barata e suja da região, normalmente usada por bandidos e traficantes por estar bastante afastada da cidade e da guarda. Montado em um cavalo, ela viu o irmão.
– Nii-san.
– Yui, que bom que chegou. O rei deve estar lendo a carta. Em breve, eles virão para cá. Aguarde no interior da estalagem. Se alguma confusão começar, fuja pelos fundos e corra até a placa que indica a estrada para Ardil. Passarei lá para te buscar.
– Tudo bem. – Yui começou a se mover para a estalagem. Então parou, deu meia-volta, andou para junto do irmão e perguntou:
– Você já matou alguém, irmão?
Kazeshin se surpreendeu com a pergunta tão repentina. Ainda mais na língua materna.
– Do que está falando, Yui?
– Em Mirada do Lago, você disse que servia a bandidos, mas que não tinha problema, porque você sabia a diferença entre certo e errado. Mas, às vezes, você chegava em casa cansado. Ferido. Você não me dizia, mas eu sabia que você tinha lutado. E, se você estava vivo, é porque alguém tinha morrido, não é mesmo? – Os olhos de Yui se encheram de lágrimas. – Não minta para mim, irmão! Você já matou alguém?
Do alto do cavalo, Kazeshin observou com tristeza a angústia da irmã. Ele não havia percebido o quanto a tinha deixado trancada numa bolha de fantasias infantis por tanto tempo. Ele gostava do tempo em que deixava todos os problemas do mundo do lado de fora. Gostava do tempo em que sua espada cortava seus inimigos enquanto a doente Yui preparava um jantar de migalhas. Pelo menos, nessa época, ela era uma ignorante feliz.
– Yui. Sabe que somos aventureiros em um país distante. Não somos bem-vindos em lugar algum. Usei minha habilidade com a espada para sobreviver e conseguir dinheiro. Sempre pensando em você. – Olhando com frieza para Yui, Kazeshin respondeu: – Por você eu matei, roubei, saqueei, extorqui, feri, chantageei e fiz muitas outras coisas de que não me orgulho. Tudo por você!
– Eu não sou assassina!!
Aquelas palavras eram as mesmas que as de Goldak e isso irritou demais Kazeshin.
– Vá para dentro me aguardar! Não tenho tempo de discutir isso com você! Coisas muito importantes estão acontecendo nesse momento, não me atrapalhe!
Ofendida, Yui correu para dentro da estalagem que, por sinal, era horrível. Tinha mofo em todo lugar. Pessoas mal-encaradas e ratos correndo pelo chão. No balcão, era servida cerveja choca com salames artesanais. Não era o tipo de lugar a que Yui estava acostumada. Ela sempre foi pobre, mas sempre tentou manter o mínimo de dignidade onde quer que morasse.
Yui chorava. O irmão, que sempre fora seu herói, não passava de um assassino mentiroso, como Alana havia lhe dito. Ainda por cima, disse que cometeu tantos crimes em nome dela. Ela nunca pediu por aquilo. Era muita responsabilidade. Entretanto, ela não entendia que Kazeshin a amava. Como tal, ele faria de tudo o que estivesse ao alcance dele para fazê-la feliz. Mesmo matar.