LUA-DUPLA - PARTE 1 - 04

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A tarde passou e os preparativos na casa do Visconde para a recepção de Ana estavam acabando

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A tarde passou e os preparativos na casa do Visconde para a recepção de Ana estavam acabando. Dalila e Leonel, já limpos e com roupas gentilmente cedidas pela governanta Sônia, ajudavam a pendurar algumas bandeirinhas de papel. Era uma forma de agradecer pela hospitalidade. Quando o Visconde se aproximou, disse:

– Achei que estavam cansados da viagem. Vir de Mirada do Lago até aqui pelos pântanos é, por si só, uma grande aventura.

– Descansamos um pouco e o banho revigorou nossas forças – disse Dalila. – Ajudar na arrumação é o mínimo que podemos fazer. Além disso, o pântano não é tão terrível como dizem. Há muitas clareiras secas no caminho. O segredo é conseguir alcançar uma delas antes do dia acabar.

– O pior mesmo foi o dia dos zumbis – disse Leonel com a maior naturalidade do mundo.

– Zumbis?! – questionou Burton, surpreso.

– Sim – respondeu Dalila. – No meio da nossa jornada, encontramos uma casa de palafita infestada de zumbis. Passamos um sufoco, mas nos livramos deles.

– Eu sabia! – disse Burton com um olhar empolgado e vitorioso, confundindo seus convidados. – O Exército da Alabarda falhou. Ainda há zumbis nos Pântanos de Romero! Ouviu isso, Lester de Martins e Munhoz? Na próxima assembleia, eu irei esfregar a verdade na sua cara, ha, ha, ha!

– Eu não entendi – disse Dalila.

– Não se preocupe, querida. Discussões de trabalho. Estou cansado desses sanguessugas da família Martins e Munhoz saquearem o Estado. Com essa informação, tentarei fazer com que o Rei João diminua a influência deles ou, pelo menos, investigue suas contas de vez em quando.

– Nossa! O senhor deve ser uma pessoa importante mesmo. Nem sei se entendi tudo o que o senhor falou. Mas, quando fala de política, um brilho surge nos seus olhos. O senhor deve ser mesmo uma pessoa que ama o que faz.

O Visconde de Burton foi tomado de melancolia com as palavras de Dalila. Ele observou sua cidade da sacada, viu os telhados iluminados pelo pôr do sol e lembrou-se de tudo o que fez e de tudo o que desistiu para chegar até ali.

– Sabe... Anos atrás, tomei uma decisão importante. Deixei que outras pessoas criassem a minha filha para que eu pudesse me dedicar à legislação de Vila Pacata. A corte é muito complicada e o Rei tem suas predileções pessoais, mas quando vejo essa cidade sólida, segura, estruturada, com estradas de pedra, guardas uniformizados, parques, mercados, boticários, carruagens e pessoas felizes, sinto que até valeu a pena. Hoje, é a cereja do bolo, o melhor dos dois mundos. Minha filha vai voltar para mim na cidade maravilhosa que EU construí. Que eu construí para ELA. Isso não tem preço.

Dalila e Leonel se emocionaram com as palavras do homem velho, que contemplava o pôr do sol. Mas Dalila, com um sorriso melancólico, preferiu voltar ao trabalho.

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