Durante sua fuga das garras de uma seita fanática, o jovem Leonel permitiu que uma criatura abominável fugisse de seu cativeiro, espalhando terror e sofrimento pelos reinos de Arrhênia. Atormentado pela culpa, o rapaz vê sua oportunidade de redenção...
Neste capítulo, iremos fazer uma homenagem ao grande ilustrador de fantasia medieval Bóris Vallejo!
Espero que gostem!
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Zando revolvia a terra com uma enxada. Logo atrás, Joana, uma sobrevivente de Santalucia, enterrava nas valas as sementes de milho que encontraram nos antigos armazéns da cidade. Era a décima coluna da plantação que eles preparavam. Dalila se aproximou do bárbaro, carregando um balde de água. Ela encheu uma cuia e a ofereceu, perguntando:
– O que é mais difícil? Brandir um machado ou arar com uma enxada?
O guerreiro pensou um pouco e respondeu:
– O importante é que o resultado seja positivo para alguém que queira proteger, não importa a ferramenta.
– Olha! Até que você diz coisas inteligentes de vez em quando. – Dalila tomou também um pouco de água da cuia, vendo o sorriso orgulhoso de Zando. – Será que eles vão ficar bem?
– Vão, sim. As pessoas têm muita força de vontade. Após a destruição vem a reconstrução. É quase um ciclo natural.
– Já viu algo assim?
Zando voltou a abrir a terra um pouco mais. Lembrou-se de eventos do passado e respondeu:
– Os homens da vila haviam capturado um cervo. Eram muito raros naquela época. A população de tribos bárbaras havia aumentado e eu e meus irmãos estávamos muito felizes. Discutíamos quem ficaria com que parte. A coxa, o peito ou a barriga... Era lindo ver a chama dourando a suculenta carne sob a tundra. O vento frio apagaria qualquer fogueira, menos a nossa. Meu povo conhecia técnicas especiais para manter a chama da fogueira acesa, mesmo em noite de céu aberto. Estávamos felizes naquela noite. Era bom. Agradeço a Skadi por tudo ter acontecido depois daquela noite. – Zando se calou um momento e continuou a cavar, deixando sua ouvinte curiosa com a história. Ela quase perguntou o que aconteceu antes de ele continuar. – Então, eles vieram. Com cavalos velozes e tochas acesas, a crescente tribo dos vistadevinho invadiu nossa vila, queimou nossas casas e roubou nossa comida. Eram ágeis, fortes. O ataque foi de surpresa e os adultos da minha tribo não conseguiram revidar.
– O que aconteceu com seu pais? E seus irmãos?
– Meus pais foram mortos. Eu e minha irmã sobrevivemos, escondidos sob os escombros da nossa velha cabana. Os adultos sobreviventes cuidaram de nós. Viajamos muitos meses ao Oeste em busca de novas terras, afastados dos vistadevinho, até que encontramos um vale maravilhoso. Era quente, próspero, muito mais propício a se estabelecer do que a fria tundra. Lá, reconstruímos nossa vila e vivemos em paz... por algum tempo. Sempre houve inimigos. Bárbaros, monstros, feiticeiros. Nossa nova vila foi queimada pelo menos mais duas vezes antes de eu sair de lá para o norte. E sempre recomeçamos. Ocorrerá o mesmo aqui em Santalucia. Eles se levantarão, reconstruirão a cidade e terão filhos. Mas, um dia, o mal voltará. Seja o Alce Negro, o ditador ou os estropos. O ciclo não termina.