Jornada ao Presságio Vermelho [Completo!]

SUCURI E CUTUCURIM - 10

Ubira, o último guerreiro auáru, deu um grito de guerra e avançou contra a criatura. A Sucuri produziu um som estridente ao atacar o homem-sapo. Ele saltou no ar – uma habilidade excepcional dos auárus – e caiu sobre a cabeça da fera, arrancando a lança de seu globo ocular. A Sucuri sacudiu a cabeça na intenção de derrubar Ubira, mas ele estava planejando aquele ataque há muito tempo. Com suas fortes pernas, ele aplicou uma chave ao redor do pescoço da cobra e, segurando a lança com firmeza e as duas mãos, conseguiu perfurar a cabeça do monstro, derrubando Sucuri pela segunda vez no chão.

O homem-sapo também caiu sobre a lama. Ele resmungou qualquer coisa e se levantou logo, indo até o corpo inerte da cobra para perfurá-la mais algumas vezes, garantindo sua morte. Depois, puxou de volta sua arma e olhou, ofegante, para os estupefatos forasteiros.

Goldak conseguiu se levantar e recuperar sua espada, apesar dos ferimentos. E, enquanto ele se juntava aos seus amigos, os auárus sobreviventes se aproximavam de Ubira, exclamando seu nome e o parabenizando pela vitória. Ele olhou para a desacordada Dalila, para seus desconfiados amigos e se lembrou da conversa que teve com ela antes de aquilo tudo começar, dirigindo-se à sua tribo:

– Irmãos, Manuk está morto. Teremos um novo líder agora.

Um deles perguntou:

– Mas quem será o próximo líder? O maior de nós?

E Ubira respondeu:

– Sim. O maior de nós.

Todos começaram a se entreolhar, instintivamente comparando sua estatura com a dos outros. Então, Ubira tomou a palavra:

– Mas, meus irmãos, escutem-me! Nossa inimiga, Sucuri, veio até nossas portas e destruiu nossas casas. Ela trouxe medo e terror a todos os auárus. Hoje, muitos fugiram e se esconderam, alguns lutaram e morreram, e apenas um a matou! Agora quero que me digam: quem é o maior auáru?

Quase que unanimemente, a tribo elegeu Ubira como seu novo líder. Os poucos que eram efetivamente mais altos não tiveram coragem de contrariar a decisão, já que, se não estavam mortos, significava que fugiram ou se esconderam.

– Chefe, o que faremos com os forasteiros? – perguntou um deles, voltando a atenção para Goldak e seus companheiros. Eles, desconfiados, formaram um círculo ao redor de Dalila e levantaram suas armas.

Ubira sabia que não poderia vencê-los num combate direto. Também sabia que foi graças a Dalila que ele teve a oportunidade de chegar ao poder. Ela era a "terrorista" e ele era o "revolucionário". Ele precisava escolher as palavras com cuidado.

– Eu alertava Manuk há muito tempo de possíveis consequências do estilo de vida que ele pregava para nosso povo. Essas pessoas não estariam aqui se não tivéssemos roubado seus pertences. Essa prática está abolida da tribo dos auárus. Viveremos a partir de hoje de nossos próprios recursos, como agricultura, pecuária e pesca.

Os homens-sapo se entreolharam, ressabiados.

– A terrorista Dalila está expulsa para sempre – disse Ubira, olhando para a dhevaniana. – Mas, em consideração à ajuda de seus companheiros na batalha contra Sucuri, eles poderão permanecer na cabana-prisão como convidados até amanhã de manhã, partindo com todos os seus pertences.

Ubira se aproximou de Goldak e sussurrou:

– Os auárus os culpam pelo ocorrido. Eles não gostam de vocês. Isso é o melhor que posso fazer sem criar uma rebelião.

– É o suficiente – respondeu o paladino.

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