Uma estranha sensação acometeu Leonel, como uma onda de calor emergindo do peito e um zunido grave no fundo da cabeça. Nesse momento, ele percebeu como os lábios de Laura brilhavam em vermelho vivo, mesmo com a carência de luz. Ela ajeitou o cabelo e se aproximou do rapaz, que em instantes passou a ignorar a adversária.
– O que você quer, Leonel? Uma fruta? Temos muitas para você. De sabores que você nunca provou.
Leonel enrubesceu com a maldade nas palavras da ninfa.
– Eu... Eu quero a Romã da Virtude.
– Eu posso te dar um pedaço. Mas depende de como você pedir. – A ninfa soltou um sorriso de ternura junto com um olhar que dissimulava vergonha. O sorriso e palavras sedutoras de Laura acalmavam o coração combativo de Leonel. Lívia guardou a arma, vendo o que a irmã estava fazendo. Era a primeira vez que Lívia via Laura usar sua sedução hipnotizante, uma habilidade natural das filhas d'água.
– Você disse que não podia me dar.
– Porque é proibido. Sabe o que é "proibido"? Aquilo que você não devia fazer? – As sentenças despertavam a libido do jovem rapaz, que já se encontrava tomado pelo poder de Laura.
– O trouxa está caindo nessa mesmo! – comentou Luiza com assombro.
– Nossa irmãzinha está crescendo – disse Leonor, orgulhosa.
– Venha, Leonel. Vou mostrar pra você a romã.
Ela levou calmamente o guerreiro até a beira do rio. Seu sorriso congelou os pensamentos do rapaz e seu olhar era como um cabresto que guiava Leonel tranquilamente para a armadilha mortal.
Os dois entraram na água. Leonel não percebeu e logo se afastaram da beira. Quando estavam suficientemente afastados, ela afundou na água e ele a seguiu. Ainda levou alguns segundos até que ele percebesse que estava a sete metros de profundidade e sem respirar.
Quando a falta de oxigênio o despertou de seu transe, Leonel tentou desesperadamente nadar de volta para a superfície. Laura o agarrou pelo braço e os dois começaram uma briga submarina. O jovem tentava se desvencilhar da sua agressora em meio às borbulhas. Ele viu os olhos sedutores de Laura se tornarem piras de ódio envoltos em bolhas causadas pela luta. A força dela na água era incrível.
– Eu lhe ofereci ajuda! – disse a ninfa. – Eu lhe encontrei desmaiando no meio da floresta! E como você me agradece? Ameaçando minhas irmãs de morte? Ameaçando roubar minha rainha? Suas ameaças terminam aqui, Leonel. O Rio Colosso será sua sepultura!
Ele tentava se desvencilhar das mãos da filha d'água, mas não conseguia. Ela o levava cada vez mais para o fundo! O ar lhe escapava pelas narinas e o pânico tomava conta de seu coração. Seus movimentos na água ficavam mais lentos e pesados, mas não os dela. Ele não sabia mais o que fazer.
De repente, um braço puxou Laura de perto dele. Era Lívia. Suas pernas haviam se transformado no dorso de um peixe. A amazona se movia velozmente ao redor da briga do casal, mostrando que aquele realmente era seu habitat.
– Laura, eu gastei muita energia da Lança na luta com esse imprestável. Deixe-o aí para se afogar! Nós temos que retornar ao redemoinho!
Luiza e Leonor se juntaram às outras duas, ambas com o ventre transformado em peixe. Laura soltou um olhar de ódio para Leonel e disse:
– Tomara que se afogue!
Em seguida, ela juntou as pernas e esfregou uma na outra. Aos poucos, a pele foi dando lugar a escamas, os artelhos a barbatanas e, em questão de segundos, Laura também tomou a forma de sereia. As quatro se afastaram velozmente de Leonel, que ficou para trás se afogando, vendo a luz da lança se dissipar na escuridão das águas.
Ele estava muito fundo. Começou a nadar de volta, mas sentiu que não ia dar tempo de chegar. Também sentia sua missão dissipar-se junto com o brilho da Lança Tamboril. Ele precisava de uma ideia. Uma ideia milagrosa.
Nesse momento, de tanto se debater na luta com Laura, o estojo de vento estocado que ele sempre carregava nas costas boiou na sua frente. "O estojo contém um vento capaz de derrubar cavalarias", disse Guillermo. Dalila o roubou da mansão de Ímpio-Enforcador e deu a Leonel quando se conheceram. Ele só tinha uma carga. Um único disparo. Mas a situação não poderia ser outra.
Leonel alcançou o objeto e, lutando para se manter consciente, tentou abrir a tampa. Ele posicionou a boca do estojo para baixo. Assim, ia tentar usá-lo como propulsão para alcançar a superfície.
Mas, no último instante, uma ideia melhor lhe ocorreu.
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Jornada ao Presságio Vermelho [Completo!]
FantasyDurante sua fuga das garras de uma seita fanática, o jovem Leonel permitiu que uma criatura abominável fugisse de seu cativeiro, espalhando terror e sofrimento pelos reinos de Arrhênia. Atormentado pela culpa, o rapaz vê sua oportunidade de redenção...