Jornada ao Presságio Vermelho [Completo!]

O TEMPLO DO SACRIFÍCIO - 07

Fumaça prateada cobria o corpo de Leonel. Dava para ver brilhos em suspensão no ar, que grudavam na pele do rapaz. Inicialmente, Kielock achou que o choque da cascata foi tamanho que explodira o corpo da vítima, mas, em seguida, percebeu que Leonel estava intacto e... diferente.

Uma armadura prateada cobria todo o corpo do rapaz. Não era uma armadura clássica, de cavaleiros. Ela parecia ser sob medida para Leonel. Havia chapas em corte exato para a coxa, joelho, perna. Para os braços, cotovelos e antebraço. Em vez de uma falda abaixo da cintura, havia uma espécie de calção de metal. O peitoral tinha um encaixe com o abdômen de forma a permitir que o tronco não perdesse o movimento de torção. As ombreiras também tinham um mecanismo que permitia a livre movimentação dos braços. Da mesma forma a gola, a pescoceira, as luvas, os escarpes e a máscara. Cada centímetro do corpo de Leonel estava coberto pela armadura de prata que, de tão leve, parecia ser uma indumentária de tecido. Nenhuma junta do corpo deixava de se mover e nenhuma parte da pele podia ser vista.

A textura da armadura era peculiar. A superfície era predominantemente feita de escamas de prata e, como as longarinas se encaixavam umas sobre as outras, completavam a sensação de ser uma armadura orgânica. Era como a carapaça de algum inseto cascudo. Havia também adornos entalhados na forma de dragões serpenteantes no peito, nos braços e na falda-calção.

Entretanto, quando a fumaça baixou, todos se assustaram com sua máscara. O elmo da armadura tinha uma máscara terrível, com olhos finos e ameaçadores e uma mandíbula larga, que revelava dentes metálicos afiados, como os de uma fera. Os dentes para fora, combinados com os olhos ameaçadores passavam uma sensação de maldade. De sadismo. Como se aquela criatura ali de pé, não fosse mais o jovem Leonel, mas um demônio fugitivo de Baal-Zebube.

Cinco diamantes vermelhos brilhavam na lâmina da espada de Sete-Pedras.

O lich observava o inimigo com atenção. Não entendia os poderes da espada nem sabia o que significava aquela transformação. Até mesmo a postura de Leonel estava diferente, com um ar displicente e distraído.

– Então, você tinha mais um truque na manga, rapaz! Diga-me, como pretende usar essa armadura para passar pela barreira de... – Kielock se calou quando Leonel caminhou tranquilamente através da Cascata de Relâmpagos. Os raios voltaicos atravessavam a armadura, sem passar pelo corpo protegido dentro dela. Poucos sabem que a prata é um dos melhores condutores elétricos. Aquela armadura era como uma gaiola de Faraday que protegeria Leonel de qualquer ataque daquele tipo. Ele parou a três metros de Kielock, que o observava com cuidado.

– Muito bem. Conseguiu passar. Por essa eu não esperava. Mas, você se esqueceu de que eu o derrotei uma vez. E não terei dificuldades de fazê-lo de nov... – Leonel se aproximou tão rápido de Kielock que o lich quase não conseguiu se defender do golpe de espada com sua foice. Leonel o golpeara por cima e o lich estava contendo a força do rapaz com os braços. Porém, por pouco tempo. Lentamente, a pressão da espada de Sete-Pedras foi aumentando. Cada vez mais e mais. O morto-vivo chegou a se abaixar e botar um joelho no chão por causa da força que Leonel aplicava contra sua foice. A luta de pressão estava desfavorável para Kielock que, momentos depois, vacilou e permitiu que a espada descesse, cortando-lhe profundamente o ombro direito.

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