Durante sua fuga das garras de uma seita fanática, o jovem Leonel permitiu que uma criatura abominável fugisse de seu cativeiro, espalhando terror e sofrimento pelos reinos de Arrhênia. Atormentado pela culpa, o rapaz vê sua oportunidade de redenção...
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Kazeshin chegou ao escritório do Duque de Vistaclara. Havia dois guardas vigiando a porta. Ele se apresentou e recebeu permissão para entrar. Ao prestar uma continência, pediu a palavra:
– Bom dia, Lorde Vistaclara. Vim buscar mais uma dose do remédio de minha irmã.
– Kazeshin – respondeu um senhor calvo, de bigode branco e idade avançada. – Entre, entre. Encoste a porta.
O jovem encostou a porta e foi até a mesa em que se encontrava o Duque. O nobre abriu uma gaveta e retirou uma garrafa contendo um óleo amarelo.
– Como vai sua irmã?
– Muito bem. Ela agora caminha normalmente e está até trabalhando na feira. O remédio que seu pessoal criou é um verdadeiro milagre.
– Milagre? He, he, he. É exatamente o que quero que ele não seja.
– Como assim? – perguntou Kazeshin.
– Pense, rapaz! Pense o que isso significa! Estamos fazendo uma vida melhor, alterando o destino de uma pessoa com nossas próprias mãos. Sem magia. Sem deuses. Apenas com a inteligência humana. Não, rapaz. Isso não é milagre: isso é o futuro.
– Um futuro sem depender de forças sobrenaturais? O senhor tem sonhos muito difíceis de imaginar.
– Não é difícil se usar a cabeça. Lembre-se, Kazeshin: é muito importante entender o mundo como ele é, mas a verdade está em pensar como ele deveria ser.
O rapaz degustou as palavras do seu chefe por alguns instantes, enquanto admirava o frasco de óleo amarelo. Elas eram sempre cheias de sabedoria e conhecimento. Kazeshin estava constrangido em pedir demissão. O duque sempre foi muito bom com ele e com a irmã. Se não fossem os acontecimentos de seu coração, ficaria mais tempo ajudando nas pesquisas. Contudo, a sabedoria de Vistaclara ainda o surpreenderia mais um pouco.
– É por isso que ainda está aí parado na minha frente, não é? – perguntou o velho. – É porque está pensando em seguir seus próprios sonhos.
– Eu... é... bem... – Kazeshin foi surpreendido com a perspicácia do nobre.
– Seguir seu coração não é fácil, rapaz. Haverá sempre aqueles que não desejam que encontremos nosso lugar no mundo. Alguns poderosos. E haverá custos também, preços altos a pagar. Eles serão cobrados da pior maneira possível, quando menos esperar. Está ciente disso?
– Sim.
Vistaclara viu convicção nos olhos do rapaz. Isso era bom. Não seria suficiente, mas era bom. Ele passou a mão na cabeça e, com um suspiro, disse:
– Então, desejo toda sorte do mundo e que encontre o que procura.
– Obrigado por tudo, Lorde Vistaclara. Eu nunca me esquecerei do senhor.