ASSALTO AO TRAFICANTE DE MIRADA DO LAGO - 04

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De volta à Mirada do Lago. Periferia. Uma sombra silenciosa se movia pelas vielas, tentando não chamar atenção. Ratos pulavam das sarjetas conforme os passos do homem, coberto em um cobertor cinzento, e avançavam pelos becos cheios de lama e lixo.

O sol estava prestes a nascer. Leonel e Dalila acabavam de fugir da casa de Ímpio-Enforcador no outro lado da cidade, mas o vulto não queria ser visto pelos vizinhos, e por isso apressava o passo naquele final de noite.

Ele parou de frente a uma casa abandonada, condenada, com as portas e as janelas cobertas por tábuas de madeira. O reboco das paredes já estava caindo, e os tijolos já estavam expostos. Por dentro era possível apenas acessar o andar térreo, pois o segundo andar estava alagado e parcialmente destelhado. O homem coberto levantou uma tábua de uma janela baixa, mimetizada com as outras que efetivamente estavam presas. Ele entrou com algum esforço e se descobriu. O homem usava uma lona como casaco quando precisava sair na rua, pois não tinha roupas de frio. Aliás, ele tinha poucos pertences.

Seu nome era Kazeshin. Era um rapaz de dezenove anos, oriental, com cerca de um metro e sessenta de altura. Tinha a pele muito clara e traços suaves de rosto. Seu cabelo, comprido até o meio das costas, era negro e muito liso, amarrado com um cordão na altura da nuca. Vestia calças escuras e largas para os padrões ocidentais — era como um kimono de cetim verde escuro — e nos pés, calçava uma sandália de couro.

De um quarto afastado, ele escutou uma voz feminina perguntando:

Nii-san? É você que está aí?

– Eu cheguei, Yui. Você se comportou?

– Sim.

Kazeshin foi até o quarto improvisado. Uma menina de cerca de dez anos, vestindo um kimono azul, sujo e velho, estava deitada numa esteira. O lugar era uma bagunça: pilhas de caixas desarrumadas, vigas de madeira e teias de aranha completavam o cenário aterrador.

Yui e Kazeshin vieram do Império de Jade, um reino grandioso no extremo oriente de Arrhênia. Yui tinha uma doença: suas pernas pararam de se mover quando tinha oito anos, e além disso, passou a sentir muitas dores. Por muitas noites, Kazeshin ouviu sua irmã gritar em agonia. Nenhum médico ou curandeiro do reino soube dizer que doença era aquela, ou como tratá-la. Então, tomou uma decisão: eles viriam para o ocidente em busca de novas opções medicinais.

A viagem não foi fácil e, sem dinheiro, foram obrigados a invadir uma casa abandonada em Mirada do Lago para residir nela. Alguns meses depois descobriram um possível tratamento. Um velho estudioso chamado Herman descobriu que um extrato de gineceu da Papoula Negra, junto com outros produtos boticários mais baratos, teria efeitos estimulantes para certas doenças musculares. O problema era que a Papoula Negra podia ser usada também como uma terrível droga alucinógena. Por esse motivo, sua venda era proibida em todo o reinado. Contudo, Kazeshin conseguiu uma maneira de ter acesso ao produto.

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