LUA-DUPLA - PARTE 1 - 02

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A palavra "Vila" se tornara um eufemismo no nome da cidade, dada pelos desbravadores que há séculos chegaram até ali seguindo as águas do Rio Leme. Vila Pacata era a maior metrópole da Costa Noroeste. A família real se mudou para lá há mais de cem anos e, desde então, a cidade cresceu e prosperou, se tornando um importante centro comercial entre Nautilla, Thulle, Mirada do Lago e os reinos do Oriente.

Naquele tempo, a Coroa do Reino da Costa Noroeste pertencia ao Rei João de Alcântara, filho de Ricardo de Alcântara, o "Campeão da Justiça". Seu pai expulsou as hordas de goblinoides daquelas terras cinquenta anos antes. O reino se tornou forte, seguro, à custa da vida do campeão. João tinha doze anos quando assumiu o trono. Os anos se passaram e o Rei João, com mais de sessenta, sabia muito bem como conduzir a política entre os reinados. Não havia mais heroísmos e batalhas. Não havia mais cavalos e trombetas. A guerra ficou para trás. As histórias do "Campeão da Justiça" se tornaram lendas e cantigas populares. A espada do rei era a pena de seus decretos, seu inimigo era o atendimento ou não dos interesses da corte e suas consequências. Corte essa dominada pela poderosíssima família Martins e Munhoz, cujos filhos eram regentes em praticamente todas as cidades do reino. Seus descendentes eram filhos ou netos de cavaleiros que lutaram ao lado do Campeão-da-Justiça. E, claro, além da família Martins e Munhoz e de outros nobres, os ouvidos da Coroa estavam sempre em direção aos templos dos deuses. Rotineiramente, os paladinos desciam de seus postos para participar de audiências com a corte.

Era um dia importante no Palácio Campeão, sede do governo da Costa Noroeste. Guardas corriam com suas armas, assistentes e escribas corriam com papel e tinta. Uma fumaça branca com cheiro de comida saía pelas chaminés da cozinha. Os mordomos comandavam toda a guarnição de serviçais para deixar tudo organizado.

Os acontecimentos na Ilha dos Morcegos, a libertação do Alce Negro e a quebra do primeiro selo eram as primeiras ameaças reais à Coroa há décadas. O antigo ditador destronou todos os reis de Arrhênia e clamou para si um governo absoluto sobre o continente. Se ele voltasse, a corte do Rei João seria a primeira a perecer.

Preocupado com essa situação e a fim de procurar maneiras de deter o Alce Negro, o Rei convocou as principais autoridades do reinado para que se reunissem e trouxessem alternativas e possíveis linhas de ação.

O grande auditório foi preparado. Cerca de uma centena de homens se aglomeravam nas arquibancadas enquanto desfrutavam de iguarias servidas pelos criados. Camarões, frutas, costelas de porco e pães eram servidos como canapés, enquanto era esperada a chegada de Sua Majestade.

Um nobre em especial não se importava com as guloseimas e conversa fiada. Estava ocupado demarcando artigos e alíneas em diversos tomos e alfarrábios que carregava desorganizadamente pelo salão. Tinha uma túnica elegante, que combinava com sua barba branca comprida até o final do pescoço, e era calvo, careca em toda parte de cima da cabeça.

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