O REINO SECRETO DA MÃE D'ÁGUA - 07

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O brilho da lança iluminava o enorme corpo giratório do redemoinho. As quatro filhas d'água pairavam à frente dele, admirando sua resplandecência.

– Fez bem em detê-lo, Laura. Sabe-se lá o que aquele lunático faria se entrasse no Palácio Dourado.

– Obrigada, Lívia. Mas eu não entendo. Eu tentei ajudá-lo. Por que, mesmo assim, ele tentou nos roubar?

– A natureza dos homens é pragmática. Eles se interessam apenas pelo resultado, não se importam com os métodos. Para eles, os fins justificam os meios. Para eles, o bom pescador é o que pesca mais peixes. Foi uma situação similar que fez com que nossa rainha afogasse aqueles homens na antiguidade, criando toda uma lenda de que a Mãe D'água Iara afogava pobres pescadores nos rios. Pobres pescadores uma ova! O que as lendas não contam é que aqueles eram pescadores predatórios. Usavam redes enormes que matavam muitos animais ao mesmo tempo e não respeitavam a piracema. Desperdiçavam cadáveres e os jogavam de volta na água. Foi o pulso forte de Iara que ensinou aos homens o valor da vida na água e que eles deviam tirar apenas o que fossem consumir. Ensinou que uma coleta ruim não justifica aniquilar gerações de animais para seu lucro. Ensinou que o valor da ação não está no seu resultado, mas sim na própria ação. Ensinou que um bom pescador não é o que traz mais peixes, mas sim aquele que respeita o rio.

– Nunca mais quero ver um homem!

– Ha, ha, ha! – zombou Lívia, movendo a lança que, por sua vez, criou uma abertura ovalada no corpo do redemoinho. – Ahh, pequena Laura... Eu disse isso também quando tinha sua idade. Mas, infelizmente, os homens parecem ter o poder de se arremessar em nossas vidas quando a gente menos espera.

E, neste exato momento, usando o estojo como montaria e o vento estocado como propulsão de foguete, Leonel atropelou as quatro mulheres-peixe. Ele provocou um estrondo como o de um trovão, atravessando o portal em alta velocidade. Elas levaram alguns minutos para se recompor do impacto e entender o que havia acontecido.

– Aquele... era... Leonel?! – perguntou Laura.

– O pequeno vigarista invadiu o Palácio Dourado! Atrás dele!!

As quatro filhas d'água nadaram para dentro do redemoinho, que as levou ao fundo do rio. Lá, existia uma gigantesca estrutura dourada sob as águas, com aberturas circulares. As quatro atravessaram uma das aberturas, saindo numa piscina. O interior do palácio era preenchido de ar. Poucas pessoas sabiam, mas as filhas d'água preferiam sua forma hominídea à de sereia. Elas transformaram suas caudas em pernas novamente e saíram da piscina, apressadas.

Do outro lado do palácio, Leonel alcançou outra piscina, mais à frente, graças à sua engenhosa artimanha. Ele tossia com força, desesperado por ar nos pulmões. Sua cabeça estava zonza pelos rodopios que deu com o estojo, por isso se deitou um instante para respirar, falando consigo mesmo:

– Quando isso acabar, eu vou dormir por uma semana.

Leonel se levantou devagar, observando com curiosidade os arredores. Era uma grande câmara dourada, com portais imensos que deviam levar às outras partes do palácio. Então, através de uma das passagens, lá no fundo da câmara, ele viu árvores.

Animado com a ideia de encontrar seu tesouro, Leonel correu até elas. Parecia um jardim, com caetés, copos-de-leite e antúrios. O teto era transparente e aparecia o fundo do rio. Dava para ver bagres, traíras e pintados dormindo sobre a película que protegia o jardim das águas sobre ele.

Depois de perambular por um tempo pelo descampado, Leonel viu, em um local de destaque, rodeada por uma singela cerca de madeira pintada de branco, uma romãzeira. As romãs penduradas em sua copa envergada pairavam sobre uma piscina de acesso ao castelo. Aparentemente, quando ficavam maduras, elas despencavam sobre as águas do rio.

Ele se aproximou, animado, e viu dezenas de romãs maduras. Algumas muito verdes, mas muito poucas. Ele se perguntou quantas seriam necessárias para conseguir o efeito desejado e estava prestes a arrancar uma do pé quando uma voz o interrompeu.

– Pare, intruso! Não toque na romã. Vai contaminá-la com sua impureza!

Era Lívia, bastante irritada. Leonel sacou sua espada novamente. Laura e as outras também estavam presentes, mais atrás, observando o desfecho da invasão. O rapaz estava cercado entre a piscina por onde caíam os frutos e a lança da amazona. E Lívia se aproximou ferozmente, vendo Leonel se preparando para terminar a luta que começaram na beira do rio.

    – Esperem! – ordenou uma voz augusta e reverberante, vinda de uma sacada.

    – Esperem! – ordenou uma voz augusta e reverberante, vinda de uma sacada

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