A FOGUEIRA DE ASTARTE - 07

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– Então eu respondi: "Vi o vinho na despensa e a fogueira pela janela." – disse a rainha Suzane. Ela estava nua sobre a cama de palha destinada aos recrutas. Seu companheiro, também desprovido de roupas, escutava a história com interesse.

– E o que ele disse?

– Ele acreditou e eu fui embora.

– Suzane... você é maluca – disse Kazeshin, rindo da situação. Os dois se encontravam num alojamento esvaziado por ordem da rainha, que ficava nos andares abandonados do castelo – Você quase foi pega. Se o Rei Titus descobrir alguma coisa, vai jogar nós dois para as quimeras.

– E não seria românico? A rainha e seu cavaleiro condenados por seu amor proibido. Os bardos cantariam sobre nossa aventura por gerações. Contos seriam escritos, peças seriam encenadas por trupes itinerantes até as treze províncias nyquistianas ou até o descampado amarelo do Leste!

– Você quer que nosso amor seja famoso?

– Quero que ele seja eterno.

Kazeshin a olhou com seriedade:

– Pois ele já é. – O jovem beijou sua rainha com delicadeza, fazendo-a suspirar mais uma vez. – Mas não quero que tenhamos um destino trágico.

– A morte virá pela mão de Titus ou pela do tempo. Nunca comentei nada, mas me sinto uma abobalhada quando nos vejo no espelho. Tenho quase dez anos a mais do que você. Mesmo que consigamos manter nossos encontros em segredo, seríamos separados rapidamente pela velhice. Você merecia encontrar uma mulher da sua idade, para que possam partilhar igualmente o tempo que têm.

– Mas eu quero viver este tempo com você. Não importa se ele durar um suspiro ou uma eternidade, desde que seja verdadeiro. Desde que meu coração continue envolvido na intensidade de nosso desejo. E pare de se preocupar com sua idade; dada a natureza de minha profissão, provavelmente serei eu o primeiro a abandonar o mundo terreno.

Um desconforto acometeu Suzane:

– Não diga isso. Não posso suportar a ideia de me abandonar neste palácio da frieza e da indiferença.

– Aqui não. Nunca mais. Acho que, inclusive, chegou a hora de falarmos do futuro.

– Futuro? Como assim?

Kazeshin se ajeitou na cama, de forma a tomar uma postura séria. Pretendia levar a conversa para um tom mais racional.

– Suzane... sei muito bem que o que sentimos é forte e verdadeiro, mas, se continuarmos desta maneira, nossos encontros serão descobertos.

A rainha deu um pulo da cama:

– Você pretende me abandonar?

– Não! Nada disso. Estou dizendo que... Bem... Você sabe que eu e Yui somos sobreviventes. Viajantes. Cruzamos meio mundo em busca de uma cura para a enfermidade dela. Bem... Ela não se importaria em viajar mais um pouco.

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