Durante sua fuga das garras de uma seita fanática, o jovem Leonel permitiu que uma criatura abominável fugisse de seu cativeiro, espalhando terror e sofrimento pelos reinos de Arrhênia. Atormentado pela culpa, o rapaz vê sua oportunidade de redenção...
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Enquanto isso, no bairro norte, Alana estava buscando informações sobre uma mulher com uma asa entre os vendedores locais, mas a noite havia chegado. Era noite de lua-dupla. Jaci, a maior e mais comum lua de Arrhênia, ia dividir o céu com sua irmã Belisama, uma lua menor e mais azulada. As duas estavam cheias. Era um espetáculo belíssimo para os astrônomos e para os casais apaixonados.
Alana observava o fenômeno com atenção. Belisama estava nascendo por detrás de um morro, revelando outro evento curioso. Havia uma estranha movimentação no alto do morro, um enorme grupo de pessoas estava se reunindo por lá e era possível ver com clareza seus semblantes através do luar azulado de Belisama. Devido à distância, ela os via caminhar vagarosamente em direção à cidade e pensou que poderia ser algum grupo de trabalhadores itinerantes voltando depois de um longo dia.
A aventureira tomou seu caminho de volta para a estalagem Vinha do Mar. Aquele longo caminho solitário a incomodava. Não tinha com quem falar e Alana gostava mesmo de falar. Enquanto caminhava, olhou para o anel de sua irmã Juliana e se lembrou de sua terrível aventura em Morro Verde, imaginando como seria divertido ter uma irmã mais velha só para poder conversar sobre coisas de mulher, sobre rapazes, compartilhar confidências... O mais próximo que ela teve de um irmão foi Ricardo. Pobre Ricardo. Ela sentia falta dele. Morto pelo terrível capanga de Ímpio-Enforcador, Kazeshin. Como Goldak pôde deixá-lo vivo? Maldito, desgraçado! Se um dia ela voltasse a cruzar com ele, não teria a mesma piedade.
Alana já estava em frente da estalagem quando seus pensamentos foram interrompidos por gritos. Ela olhou ao redor mas não conseguiu ver de onde estavam vindo, por isso correu para uma rua lateral e acabou vendo algo inacreditável.
Um grupo de pessoas estava atacando outras, jogando-as no chão e as mordendo como cachorros, arrancando pedaços de carne de seus membros, barriga e pescoços. Outro grupo, fugitivo, estava correndo na direção de Alana, desesperado e aos berros.
Sem compreender a situação, ela se aproximou dos atacantes, esquivando-se das pessoas que fugiam na direção contrária:
– Ei, vocês! O que estão fazendo?!
Com um olhar inexpressivo e um cheiro fétido forte, um dos cadáveres animados que mastigava o aldeão levantou e se virou para Alana.
– Um... zumbi?! – Ela deu um pulo para trás, surpreendida pelo monstro. Estava errada. Não era "um" zumbi. Somente na rua em que ela estava, havia mais de dez zumbis! Para sua sorte, a maioria já estava entretida com pobres moradores que foram pegos desprevenidos, assim pôde sacar sua adaga voadora e a arremessá-la, causando um corte no ombro do inimigo na ida e outro na volta. Mas não adiantou. O monstro avançou em direção à menina.
– É mesmo. Eles não sentem dor.
Então ela cravou a adaga na cabeça do morto-vivo, que foi ao chão, derrotado. Mas logo três outros se levantaram e avançaram na direção da aventureira. Ela percebeu que ficaria cercada em breve. Por isso recuou, correndo para a estalagem.