ALANA VOLTA PARA CASA - 00

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Existia uma diferenciação clara entre magos e feiticeiros em Arrhênia

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Existia uma diferenciação clara entre magos e feiticeiros em Arrhênia.

Os magos eram estudiosos das forças da natureza, da física, da química, da filosofia e da política. Não possuíam habilidades naturais. Os feiticeiros eram usuários naturais de magia, eles não estudavam ou tinham um mestre (pelo menos não um mestre humano). Eles eram capazes de ouvir as forças cósmicas com sentidos especiais e aprender sozinhos o âmago da magia. Os magos eram homens letrados e formavam ordens, academias — algumas famosas e outras secretas — e já estiveram em posições de grande prestígio ou de influência social. Os feiticeiros eram andarilhos independentes, usando seu poder em prol de benefícios próprios ou da entidade com quem eles mantinham contato. Magos eram filósofos, feiticeiros eram artistas. Feiticeiros tinham interesse nos ciclos da vida, nas mudanças das estações e no movimento do universo, usando esses movimentos como fonte de poder. Os magos acreditavam que o poder vinha da ciência e da política.

Há muito tempo, numa cidade chamada Morro Verde, às margens do Rio Naipi do Oeste, vivia um jovem feiticeiro de nome Lucius. Ele descobriu seus poderes muito cedo: com catorze anos fez uma cadeira de madeira se mover sozinha, como um animal, mexendo suas pernas como um gato ou um cachorro. Aos quinze, ele entrou em contato com uma entidade que falava através de um velho carvalho, que lhe ensinou a teoria da magia, o conceito de forma-pensamento, de palavras de ativação, das chaves mágicas, dos ingredientes somáticos. Já aos dezessete, sabia tudo o que um feiticeiro necessitaria para alcançar seus plenos poderes.

Mas o jovem feiticeiro tinha um segredo, um típico segredo do coração. Desde novo era apaixonado pela pequena Juliana, filha de um fazendeiro local. Como era muito bonita e seu pai tinha contatos com os governantes locais, Juliana havia sido prometida a um nobre cavaleiro.

Movidos pela vontade do coração, Lucius e Juliana se encontravam secretamente nos bosques que rodeavam Morro Verde. Eles adoravam o tempo que passavam juntos. Ele a levava até a clareira do velho carvalho, onde observavam as estrelas deitados sobre a grama úmida da noite. Ela fazia potes de cerâmica para pôr buquês de flores do campo que cresciam à margem do rio, enquanto ele usava magia para criar estátuas de papéis dobrados para ela se divertir.

Contudo, eles sempre souberam que sua aventura romântica teria um fim.

Quando o nobre pretendente de Juliana chegou à cidade, seu pai sequer deu ouvidos aos seus apelos apaixonados pelo feiticeiro, e ordenou que os dois nunca mais se encontrassem. Seria um grande desprestígio para a família se a noiva de um nobre fosse pega se encontrando as escondidas com um aldeão.

Lucius sugeriu que fugissem, mas a humilde oleira tinha medo de deixar a cidade e abandonar seu pai. Seriam perseguidos para sempre e apenas os deuses poderiam imaginar o que a fúria da nobreza poderia lhes fazer.

Assim, eles se despediram.

Com o coração partido, Lucius se juntou a um grupo de amigos, vindos de diferentes etnias e classes sociais, e saíram pelo mundo em busca de aventura e tesouros perdidos. O feiticeiro se tornou forte, poderoso e cheio de recursos, frutos dos espólios das missões cumpridas. Seu nome retumbava nos quatro cantos de Arrhênia — desde os confins orientais do Império de Jade até as montanhas sombrias do planalto central.

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