5 § Rastreando a inimiga

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Eva decide vigiar os passos de Bruno, que a levam a um restaurante fluvial...

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— Eva —

— Posso ajudá-la em alguma coisa, minha senhora? — questiona-me um dos funcionários do restaurante, após surgir por detrás de mim, sem que me tivesse dado conta

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— Posso ajudá-la em alguma coisa, minha senhora? — questiona-me um dos funcionários do restaurante, após surgir por detrás de mim, sem que me tivesse dado conta.

Apanhada em flagrante! O empregado de mesa deve ter topado que estava a espiar o que se passava dentro do restaurante. 

Talvez até tenha sido melhor assim! Estava a um impulso de entrar e expor-me ao ridículo. Ia pedir satisfações, igual a uma mulherzinha qualquer, cuja vida gira em torno do marido.

— Não! Estava simplesmente a equacionar se deveria entrar?

De certa forma é verdade. Queria entrar, porém não era para jantar.

— Se quiser, posso apresentar-lhe a nossa ementa para esta noite. O que lhe parece?

Percebo a mensagem! O funcionário não vai desistir enquanto eu não assuma uma posição. Ou bem que me vou embora, ou então tenho de entrar! Basicamente, o rapaz procura deixar-me claro, com toda a cortesia com que foi treinado, que não posso permanecer ali, a espreitar pela janela.

— Para lhe ser honesta, vim aqui por sugestão da minha sobrinha! — contesto-lhe, após pensar alguns segundos numa maneira airosa de sair daquele momento constrangedor. — Contudo, reparei que ela está aí a jantar acompanhada. E temo que seja inoportuno o momento.

— E quem seria a sua sobrinha?

Precisamente a questão que quero ouvir. É a pergunta que me permite sair daqui com alguma informação. Pobre rapaz inocente! Por mais treinamento que tenha recebido, a inexperiência acaba sempre por cobrar a sua fatura.

— É aquela moça ali! — indico-lhe subtilmente, através do vidro da janela. — A de fato branco de manga cava!

— Ah! A menina Érica Martins! É nossa cliente habitual! — confessa-me prontamente o rapaz, com um sorriso rasgado. — Quer que eu a aborde discretamente? Posso fazer isso por si!

Pelos vistos, o restaurante à beira da praia, foi sugestão da tal Érica. Agora entendo a presença do meu marido num ambiente tão casual como aquele. Embora o serviço até pareça cuidado, este situa-se manifestamente uns largos furos abaixo do nível de requinte a que o Bruno está habituado. Quantas vezes ambos já terão jantado ali?

— Não, não é necessário! Jamais me perdoaria se a minha presença lhe viesse causar qualquer transtorno. — componho a justificação para a minha retirada estratégica, agora que já tenho o que quero. — Peço-lhe encarecidamente que não lhe diga nada acerca da minha vinda aqui. Depois eu falo com ela!

— Como a senhora deseje!

"Érica Martins" é o nome da rapariga que já ganhou o estatuto oficial de amante! Ela não é definitivamente um simples engate! Cada poro do meu corpo diz-me isso.

Procuro por esse nome no Google! Demasiado abrangente, imensos resultados, e nenhum deles parece ser o que busco. Acedo ao Facebook, na tentativa de restringir mais a pesquisa. Contudo, continuo a obter diversos resultados. 

Após vasculhar alguns perfis sem sucesso, decido mudar de estratégia. Acedo ao perfil de Bruno e procuro diretamente nos seus amigos. "Nenhum resultado encontrado para a sua pesquisa".

Parece que Bruno é mais discreto nas redes sociais do que no seu quotidiano. Bato impacientemente com a unha no tablet, inconformada com a ausência de mais informação acerca da rapariga. 

Será ela uma daquelas que se recusa a aderir a qualquer rede social por questões da sua privacidade, mas depois anda metida com o marido das outras? Falsa puritana do século vinte e um!

Um artigo no jornal, dias atrás, apelidava esta nova geração que se recusava caprichosamente a ter perfis na internet de "Os Millennials Hippies". 

Entre outras coisas, o jornalista fazia a ressalva de que ao contrário dos hippies originais, estes eram uns rebeldes sem causa. Apenas adotavam este tipo de comportamentos excêntricos para chamarem para si a atenção. Basicamente procuravam ser trendy sendo anti-trendy.

Érica deve fazer parte desse grupo, uma verdadeira fantasma das redes sociais! Por um lado não a encontro em lado nenhum na internet, mas depois aparece do nada no carro do meu marido, ao pé dum restaurante fluvial. Sim, como ela se materializou dentro do carro de Bruno? Só pode ter ido ter com ele à empresa! Ou melhor, se calhar ela trabalha na companhia!

Qual é a minha palavra passe do linkedin? Bolas, há séculos que não entro nessa página. Criei em tempos um perfil profissional aí, após várias pessoas me pressionarem para isso! No entanto, poucas vezes devo ter lá regressado. 

Experimento com a meia dúzia de palavras passes que costumo usar e à quarta tentativa lá consigo aceder à página. Ignoro os pedidos e notificações pendentes e introduzo de imediato o nome dela na barra de busca de contactos de Bruno.

Lá está ela! Assistente de marketing há sete meses na empresa de Bruno. Leio todo o perfil com atenção! O seu contexto profissional, as escolas que frequentou, os cursos e certificados que adquiriu. 

Ufa! Para uma rapariga de trinta anos parece ter uma experiência digna de uma ministra. Questiono-me quanto disto tudo estará inflacionado ou ficcionado. Ou seja, até que ponto o perfil dela não é ele próprio uma ação de marketing?

Deparo-me com uma recomendação de uma ex-colega de trabalho: "A Kika é uma profissional dedicada, pondo em cada tarefa, por mais simples que seja, todo o seu esforço e empenho..."

Regresso ao facebook e procuro agora por Kika Martins. Rapidamente deteto um perfil com esse nome e um amigo em comum, o Bruno!

É ela! A foto, com um ar puramente coquete, contrasta a rasgos com a de tom profissional e cinzento que aparecia no linkedin.

Quem é essa Érica Martins? Talvez encontre mais respostas nas fotos de Kika que quase me sorriem a partir do seu perfil.

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Fiquem a par de todas as atualizações de novos capítulos, adicionando esta história à vossa biblioteca do Wattpad e à vossa lista de leitura.

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora