30 § Vencida

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< Capítulo anterior: 29§ Momentos obscuros

O recente caso do crime perpetuado pela rapariga da reportagem faz Eva reviver um dos episódios mais negros do seu passado. Bruno chega com reforços que começam a empacotar todos os pertences de Eva.

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— Eva —

Sempre me disseram que o final dum casamento não era uma coisa bonita de se ver

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Sempre me disseram que o final dum casamento não era uma coisa bonita de se ver. Que o divórcio podia se tornar numa autêntica batalha, onde valia tudo. 

"Isso são idiotices de adultos imaturos, que ainda acreditam no amor. Tal nunca me acontecerá!" — pensava para mim mesma. Afinal acreditava que eu e o Bruno estávamos tanto para além disso. O nosso matrimónio era o negócio perfeito para ambos! 

No entanto, o tal dia acabou por chegar para nós também. E, pelos vistos, eu não estava preparada para ele.

— Não vais fazer nada para parar isto? — questiona-me, irritada, a minha sogra. — Como podes estar assim impassível?

A minha sogra quer que eu lute pelo meu casamento? Essa deve ser a novidade do século? Será que está para acontecer algum eclipse lunar? Daqueles que dão o ar da sua graça uma vez na vida, em que se observa uma lua de sangue?

Perante a minha apatia, a minha sogra sai da casa. Instantes depois, posso vê-la a discutir com Bruno, na calçada em frente à casa. Ela não está satisfeita com as explicações que o filho tenta dar-lhe. 

Observo tudo a partir da janela da sala. É como assistir à cena capital duma série de televisão sem som, nem legendas. Dito doutro modo, embora seja perceptível de que algo de muito importante se está a passar, é muito mais aquilo que me está a escapar do que aquilo que consigo subentender.

Finalmente, Bruno vira as costas à mãe, deixando-a indignada. Ele dirige-se para aqui. Deve vir-me dar a ordem de despejo pessoalmente. Que tamanha cortesia da parte dele, ter-se deslocado das suas reuniões, negócios, almoços e infidelidades para me vir indicar a saída!

Ele pára por momentos na sala, a observar todo o panorama, todo caos que ele criou. Os seus capangas arremessam objetos, duma forma indiscriminada e sem qualquer cuidado, para caixotes. Livros, fotografias onde apareço, bibelôs e outros objetos decorativos de baixo valor.

— Então, não vais garantir que levas tudo o que é teu? — desafia-me Bruno. — Pensava que serias mais proactiva na hora de salvar aquilo que era teu.

Pelos vistos hoje toda a gente esperava de mim alguma coisa. Primeiro foram as cobranças da mãe, agora vem o filho também com os seus desígnios, como que seja o realizador de algum filme e eu uma mera figurante que tenho de seguir o guião que planeou para mim.

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora