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< Capítulo anterior: 49§ Complexo de propriedade
Ricardo aconselhou Eva a ser mais paciente com Tiago e a resolver prontamente as coisas com Bruno.
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— Eva —
Eu nunca fui uma mulher de achar que a vida devia ser feita de indecisões. Muito pelo contrário, se queres avançar, progredir, mudar o que tu és, tens que fazer escolhas.
Não te podes dar ao luxo de ficar emocionalmente agarrada a nada, porque isso será a tua fraqueza, aquilo que os teus adversários explorarão vorazmente.
E ali estava ele, o seu nome mais uma vez estampado no ecrã do meu telemóvel. Sim, era de novo o angustiante "Bruno a chamar" que piscava incessantemente no visor, marcando o ritmo de cada vibrar do telemóvel.
Tudo isto era parte do jogo psicológico que Bruno sabia jogar como ninguém. Contudo, ao longo destes anos, também eu aprendera a circular nesse tabuleiro ardilosamente montado por ele e a contornar as suas táticas.
Assim que talvez por cobardia ou por teimosia deixo novamente que se esgotem todos os impulsos daquela chamada telefónica.
Permaneço impávida, com o telemóvel na mão, sentido-o naquele vaivém de tremores, clamando pela minha atenção. Só que não a terá, pelo menos para já. Se me sinto culpada? Nem um pouco!
Em tantas ocasiões, ao longo do nosso casamento, Bruno fizera-me o mesmo. Simplesmente não aparecia em casa, não dava qualquer explicação e nem se dignava a mandar-me uma merda duma mensagem! Ao menos que me atendesse a porra do telefone e inventasse uma desculpa qualquer.
Mas não! Ali ficava eu, a estúpida da criada doméstica de luxo, plantada com tudo pronto à espera dele.
Bruno não tinha a menor consideração pelo tempo que eu havia despendido a confecionar uma refeição que não podia ser menos que perfeita.
Fiel ao meu papel de esposa exemplar, aguardava-o à mesa, para comermos. Sim, porque sabia que o meu querido marido se irritaria se chegasse entretanto a casa e constatasse que iria jantar sozinho.
Perdi a conta aos pratos que tive de comer já a altas horas da noite, frios ou requentados. Escusado será referir a quantidade de comida que acabou no lixo, um enorme desperdício, pois Bruno não consumia nada que não tivesse sido preparado no momento.
E qual era a razão para tudo isto? Qualquer engate era mais importante e prioritário para Bruno do que eu, a esposa dele. A mulher que apesar de ser o produto dum trato comercial, o desenvencilhara de muitas alhadas.
O telemóvel desfalece na palma da minha mão, dando um último fôlego de vibração com a descrição "5 chamadas não atendidas de Bruno".
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A Esposa Perfeita
General FictionTudo o que nasce do fogo, termina em cinzas! Eva é uma esposa troféu, tendo vivido mais de vinte anos rodeada de todos os luxos e comodidades provenientes desse casamento. Ela sempre foi exímia em interpretar o papel que era requerido dela: a mulh...