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< Capítulo anterior: 89§ Quebrar o silêncio
Dona Isabel e Tiago tiveram uma conversa há muito adiada onde as verdades mais duras tiveram o protagonismo...
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— Eva —
Existe uma urgência dentro de mim em fugir desta festa. Nada disto já me faz sentido. Esta casa, estas pessoas, este evento tão artificial em que todos fingem uma alegria festivaleira e brincam a serem os melhores amigos; quando a realidade é tão distinta.
Basta observá-los mais de perto para notar como não se desprendem da taça de vinho, na ânsia de anestesiarem os seus sentidos e se libertarem das inseguranças que os consomem.
Muitas destas pessoas são gente humilde, oriundos dum mundo mais genuíno, onde não foram acostumadas a este tipo de eventos em que a cada segundo se está num palco a representar o papel que o público espera de si.
Acredito que alguns deles até estejam deslumbrados pelo luxo e sumptuosidade da mansão Avelar. Talvez se perguntem como a vida deles seria tão melhor se pudessem usufruir duma casa de sonho como esta.
A longa escadaria até ao primeiro andar, as imponentes colunas de mármore, o teto alto totalmente trabalhado e os vários espelhos que dão uma maior amplitude à mansão. A piscina com a água límpida e transparente tão convidativa. O jardim, ai o jardim, um labirinto no qual me refugiava nos dias em que era incapaz de esconder tantas angústias.
Sim, se tão somente estes convidados soubessem que tudo isto não passa dum quadro cuidadosamente pincelado com esse único objetivo, de transmitir uma falsa felicidade, um brilho tão frágil, quanto fugaz.
Preciso de ti, Tiago! Onde estás? Mas não o consigo encontrar no meio de toda aquela confusão de convidados e de empregados, que se desdobram em servir as bebidas e canapés, igual a uma colmeia de abelhas diligentes e trabalhadoras. Como deve ser desconfortável trabalhar naquelas condições, com máscaras a cobrirem-lhes as faces, quase não os deixando respirar. Sufocados, tal como eu com este ambiente tóxico ao meu redor.
Só quero abraçar Tiago, sentir os seus braços fortes protegendo-me. Quero pegar na sua mão e voltarmos para a singela casa de praia, olhar a imensidão do mar e deixar aquela brisa suave acariciar a minha pele.
De repente os meus lábios estão sequiosos pelo seu beijo tão emotivo e espontâneo, que me arrancam da realidade e me fazem orbitar num universo antes desconhecido para mim, mas que se tornou viciante. Ele é a minha verdadeira felicidade, ficar sentada com ele na areia, aninhada entre as suas pernas, encostando a minha cabeça no seu peito, atrás de mim.
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A Esposa Perfeita
General FictionTudo o que nasce do fogo, termina em cinzas! Eva é uma esposa troféu, tendo vivido mais de vinte anos rodeada de todos os luxos e comodidades provenientes desse casamento. Ela sempre foi exímia em interpretar o papel que era requerido dela: a mulh...