70 § Ameaças veladas

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< Capítulo anterior: 69§ Pedra sobre pedra

Bruno está incrédulo com a entrevista de Eva e sente-se injustiçado. Kika parece servir-lhe de pouco consolo num momento em que a sua reputação parece mais ameaçada do que nunca....

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— Bruno —

A pseudo-jornalista prossegue com a sua saga de expor o culpado por tamanho infortúnio de Eva

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A pseudo-jornalista prossegue com a sua saga de expor o culpado por tamanho infortúnio de Eva. Diana está sedenta de sangue, e não se coíbe em explorar mais um pouco do sensacionalismo, pondo o dedo na ferida e revolvendo-o, garantindo que Eva me condena sem contemplações. 

O jogo delas é submeter-me ao julgamento popular, para que eu seja apedrejados em praça pública pela imprensa e por todos aqueles com quem tenho contacto..

— Imagino que o diagnóstico duma doença como o Lupus seja uma notícia devastadora para uma mulher tão ativa quanto a Eva o é!

— Confesso que para mim foi algo avassalador. Fiquei muito fragilizada com a notícia. — prossegue Eva, cambaleante na descrição, procurando as palavras. — Dum momento para o outro senti-me totalmente condicionada por uma doença incurável. Disseram-me que não podia continuar mais com a minha vida de sempre, que podia morrer se o fizesse.

O que Eva não refere deliberadamente é que esse condicionamento também tem repercussões em todos à sua volta. 

Obviamente que ela não voltaria a ser esposa de antes, não poderia continuar a dedicar-se à empresa do mesmo modo. Algo assim é completamente castrador num casamento em que nunca existiu amor e ainda mais quando finalmente tinha-me apaixonado por outra pessoa, após Clara.

— Deve ter sido algo difícil de processar. Geralmente nessas alturas tendemos a refugiar-nos no apoio dos que nos são mais próximos. No caso de Eva, dado que os seus pais estão noutro país, suponho que a família mais chegada que a apoiou foi o seu marido, correcto?

— Infelizmente o Bruno não se demonstrou disponível para tal, optando por me pedir o divórcio.

Eva sabe perfeitamente que sempre tive fobia a doenças e a tudo o que elas representam. É mais forte do que eu! Detesto hospitais, médicos e farmácias. Nunca tive paciência para lidar com doentes. 

Ainda me lembro vagamente de como, em miúdo, fugia de estar em contacto com os meus avós. As constantes lamúrias acerca das suas incapacidades, bem como a dificuldade que tinham para fazer algo tão simples quanto entrar para um carro, deixavam-me saturado.

Sei que todos envelhecemos e que estamos expostos a doenças. Contudo, se eu puder adiar o mais possível esse tipo de realidades, não hesitarei em fazê-lo. E não era Eva que me ia obrigar a ter de lidar todos os dias com isso. O nosso casamento não tinha sido celebrado nesses moldes tradicionais de "na saúde e na doença".

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora