80 § Segredos, quem não os tem

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Dona Isabel deu a conhecer um Tiago menos virtuoso e com um passado bastante mais sombrio. Mas ainda existem explicações a serem dadas acerca daquele verão abrasador...

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— Tiago—

A minha mãe encara-me mais uma vez, sem qualquer sinal de hesitação ou de fragilidade

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A minha mãe encara-me mais uma vez, sem qualquer sinal de hesitação ou de fragilidade.

— Queres mesmo isso, Tiago? — diz-me em tom ameaçador, do mesmo modo com que tentamos amedrontar um criança para que ela desista das suas convicções.

— Por favor, mãe! Já que começou, agora leva isto até ao fim. — incito-a, não me deixando levar pelas suas artimanhas para me demover.

— Muito bem, então! — semicerra os lábios. — A polícia apareceu à porta de casa nessa manhã. O delegado, que era amigo de longa data da nossa família, contou-me tudo. Tinham-te identificado como um dos participantes num assalto a uma bomba de gasolina, um par de noites antes.

— Ninguém foi ferido! — contraponho, antes que ela se atreva a insinuar alguma falsidade acerca desse acontecimento, que ainda me atormenta até aos dias de hoje.

— Verdade, por sorte ninguém foi magoado. — frisa ela. — Mas convenhamos, era uma questão de tempo até um desses assaltos ter um desfecho trágico. Sim, porque o delegado estava convencido de que este não fora um ato isolado. Haviam já diversas queixas de assaltos semelhantes, nas semana anteriores.

Tudo naquele assalto dera errado. Não era suposto haver violência! Não era expectável haver ninguém dentro do estabelecimento. Tal como das vezes anteriores tínhamos esperado pela hora de fecho do estabelecimento. 

A bomba de gasolina era um negócio familiar e um dos colegas do bando conhecia os hábitos do homem sexagenário que o geria. Apenas uma vez por semana ía ao banco, pelo que deveria de haver dinheiro no caixa ou algures dentro da loja de conveniência.

Uma hora depois do encerramento aproximamo-nos da área e perante o silêncio e a iluminação reduzida das luzes de presença principiamos a forçar a fechadura para entrar dentro do estabelecimento. Tal como previsto não havia qualquer alarme. 

Um de nós foi diretamente ao caixa enquanto outro foi até à arrecadação por detrás do balcão e os demais começaram a procurar bens que pudessem ser facilmente convertidos em dinheiro para os nossos vícios.

Quando nos apercebemos de que não estávamos sozinhos, já era tarde de mais. Incrédulos perante a súbita presença do gerente, toda a situação se descontrolara. Só me lembro que dum momento para o outro um de nós puxara duma arma. Eu ficara preplexo! Nada de armas, essa era uma regra sagrada.

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora