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< Capítulo anterior: 42§ Fantasmas que persistem
Eva conheceu uma faceta mais humanitária de Tiago, pelo menos para com os animais. Contudo a constante desconfiança do rapaz face a ela parece não ceder e um visitante inesperado pode vir complicar tudo ainda mais...
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— Tiago —
Eva está parada diante de mim a olhar para o carro, parece pálida e sem reação. Pelos vistos não sou o único a aguardar expectante pelo nosso convidado. Abraço Ricardo logo que este sai do carro. Se para Eva ele era apenas o seu motorista, para mim ele é realmente o irmão que nunca encontrei em Bruno. Mais cedo, Ricardo avisara-me que aproveitaria o dia de folga para passar por aqui e saber como as coisas estavam a correr.
— Meu caçula! — digo-lhe por entre as palmadas nas costas da praxe. — Entra, que temos muito que falar.
Quando o tio de Ricardo me trouxe para aqui, duas décadas atrás, ele ainda era um miúdo que corria esta praia dum lado para o outro.
Os pais dele ajudaram-me imenso a ambientar-me a esta nova realidade e a refazer a minha vida. Embora oficialmente nunca lhes tenha revelado a minha identidade, duvido que hoje em dia seja para eles um segredo que sou um Medeiros. Afinal estabeleci-me nesta casa, que um dia foi do meu pai. Eles foram sempre pessoas bastante discretas e nunca fizeram perguntas incómodas.
Os meus primeiros tempos nesta pequena vila haviam sido desafiantes a todos os níveis e havia sido a família de Ricardo que me auxiliara a todos os níveis. O tio dele fora determinante em resgatar-me do meu pior inimigo, eu.
A mãe de Ricardo vinha aqui a casa, com o miúdo pela mão, e ocupava-se de dar uma limpeza, fazer algumas arrumações, por roupa para lavar e até mesmo cozinhar. Eu era um jovem de vinte e poucos anos que nunca tivera que fazer nada disso!
O pai de Ricardo ofereceu-me trabalho a bordo do sua embarcação e durante vários meses aprendi a vida de pescador. Devo confessar que era um péssimo marinheiro. Ainda antes de entrar para o barco, de madrugada, já estava com náuseas só do cheiro a maresia. Os dias no mar eram um pesadelo contínuo para mim, derivado dos constantes enjoos.
— És o pior camarada que alguma vez já tive a bordo! — costumava dizer-me em tom jocoso o pai de Ricardo.
E tinha razão! Eu era o menino mimado que crescera rodeado de todas as facilidades. Ao contrário do meu irmão, eu aproveitara a oportunidade que o meu pai nos dera de estudar no estrangeiro, numa das melhores universidades de gestão. Deixara-me deslumbrar por tudo o que uma enorme capital cosmopolita podia oferecer e não me privara das noitadas, das festas, das bebedeiras e dos flirts de uma noite.
Valera-me a capacidade de facilmente reter toda a informação que era abordada nas aulas! Para mim bastava fazer uma direta antes do exame e conseguia passar com boas notas. Aquelas horas antes eram regadas a muito café e bebidas energéticas.
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A Esposa Perfeita
General FictionTudo o que nasce do fogo, termina em cinzas! Eva é uma esposa troféu, tendo vivido mais de vinte anos rodeada de todos os luxos e comodidades provenientes desse casamento. Ela sempre foi exímia em interpretar o papel que era requerido dela: a mulh...