51 § O bar de todas as emoções

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< Capítulo anterior: 50§ Guerra de nervos

Eva deixou claro a Bruno que ele terá de melhorar as condicões do divórcio se não quer um processo que se arraste por tempo indeterminado no tribunal.

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— Eva —

Ao chegar à sala, é notória a impaciência de Tiago que, ao ouvir-me aproximar, solta um "— Até que enfim!"

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Ao chegar à sala, é notória a impaciência de Tiago que, ao ouvir-me aproximar, solta um "— Até que enfim!". Só então se vira e vê-me e eu vejo-o a ele. É outro Tiago que está ali na minha presença.

Brinco quadrado e brilhante numa das orelhas, que condiz com um anel semelhante na mão. A face lustrosa que parece mais luminosa, a barba impecavelmente aparada e com um desenho milimetricamente definido. 

A camisa dum branco imaculado, por dentro dos jeans, justos às suas pernas bem trabalhadas. Existe ainda um cinto de couro que dá um toque clássico, permitindo a harmonia de todo o conjunto que é coberto por um casaco de linho azul celeste, o qual possui um corte entre o desportivo e o smart casual

Subitamente visualizo a imagem de algum grande nome do rap ou r'n'b, quando atende às cerimónias de premiação. É o tipo de indumentária que fica mesmo no limite entre o impecável ou irrepreensível e o algo exagerado, perigosamente perto do ostensivo.

— O que foi? — pergunta-me Tiago, com o seu mau humor de marca e o ar habitual de suspeição, ao perceber que procuro em vão dissimular a minha vontade de rir.

Não lhe respondo, e ele desiste da questão, saindo adiante de mim. Aprecio como o casaco ajusta-se na perfeição ao seu corpo robusto, levantando ligeiramente na zona das pregas, resultado dos glúteos masculinos proeminentes de Tiago. 

Vejo-o movimentar-se com extrema elegância sobre os seus Mocassim de camurça azul escuros, em contacto com a sua pele despida de alguma meia, pelo menos que seja visível.

Ricardo assume o volante confortavelmente, ao passo que o namorado ocupa o banco do pendura. Eu e o Tiago permanecemos mudos no banco de trás, durante o percurso todo até à cidade. 

Repete-se na minha memória a última vez que fiz aquele mesmo trajeto, mas na garupa da Harley-Davidson de Tiago. Uma viagem em que eu deveria ter apanhado o comboio e seguido o meu rumo incerto. Continuo sem saber se fiz bem ou mal em ter voltado com Tiago nesse dia.

Na parte dianteira da viatura, Ricardo e o namorado vão conversando excitados com a noite de farra que se segue. Nem mesmo a seleção musical que os rapazes vão reproduzindo, como aquecimento para o ambiente que iremos encontrar no bar, ajuda a dissipar o desconforto que eu e Tiago sentimos ali tão próximos um do outro.

Jantamos na esplanada dum dos diversos restaurantes tradicionais, carinhosamente apelidados de tascos, situados na zona histórica da cidade, já que o interior é minúsculo e rapidamente enche. 

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora