13 § Ler nas entrelinhas

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< Capítulo anterior: 12§ Recordações que vivem

O relacionamento entre Bruno e Kika parece ter contornos muito para além do que se poderia imaginar.

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— Eva —

Continuo refugiada numa das casas de banho, à espera que esta maldita indisposição passe

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Continuo refugiada numa das casas de banho, à espera que esta maldita indisposição passe. O que Bruno viu naquela rapariga fútil? Passo a cara por água; não me sinto bem.

Érica é jovem, é elegante e tem uma cara laroca. Perante um confronto treme, mas não verga. Emerge de novo em mim uma insegurança profunda. Será que Bruno está disposto a lançar janela afora vinte anos de casamento?

Procuro acalmar-me do sobressalto que me provocou o tocar súbito do telemóvel. A voz dele está crispada e agressiva. Certamente que despertou há pouco e está aborrecido por não tê-lo acordado.

— Estou na empresa! — contesto-lhe. — Dormiste bem?

— Eu sei que estás cá! Vem ter comigo ao meu gabinete!

A chamada termina do mesmo modo abrupto com que iniciou. O ecrã do meu telefone mostra-me quatro chamadas não atendidas de Bruno, a primeira das quais há meia hora. Não me apercebi de nada, uma vez que quando cheguei à empresa pus o aparelho em silêncio.

Dirijo-me até ao piso da presidência, consciente de que Bruno está rabugento.

— O que vem a ser isto, Eva? — questiona-me sem contemplações, mal entro no seu escritório. — Quem pensas que és para vires importunar os meus funcionários?

Percebo então que a menina chorona já passou o relatório completo ao seu "papi". Respiro fundo e preparo-me para a guerra de palavras que venho a adiar há dias!

Bruno aguarda uma resposta da minha parte à sua questão, que proferiu com tom ameaçador. O fumo esvoaça do charuto que se consome na sua mão. A sala está impregnada por aquela mistura do seu perfume com o aroma do charuto.

— Devias de parar de fumar isso, Bruno! — aviso-o, desconversando. Talvez possamos ultrapassar este assunto sem falar nele.

— O que vieste aqui fazer? — volta ele a insistir. Pelos vistos não vai aceitar o meu convite de evasão àquele tema fraturante.

— Vim esclarecer dúvidas acerca da minha agenda de trabalho. Qual é o problema com isso?

— Podias ter esclarecido todas as tuas questões comigo!

— Sempre falei acerca do meu trabalho com quem era necessário, quando achava oportuno e onde considerava mais conveniente! — riposto, com a devida calma, mas também firmeza. — Não entendo ao que vêm todas estas tuas objeções?

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora