Tudo o que nasce do fogo, termina em cinzas!
Eva é uma esposa troféu, tendo vivido mais de vinte anos rodeada de todos os luxos e comodidades provenientes desse casamento. Ela sempre foi exímia em interpretar o papel que era requerido dela: a mulh...
Está tudo a postos para a celebração! Eva recebe mais uma desagradável surpresa entre os convidados.
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— Eva —
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Não quero adiar nem mais um instante o início da cerimónia. Agora que tenho Bruno ali ao meu lado, ainda que furioso, não posso permitir que ele fuja. Está na hora de me focar na big picture e esquecer todos os detalhes desconcertantes com que fui sendo confrontada.
Vou fazer o meu cheque-mate a Bruno e chutar Érica para canto. Porque quando vou a jogo é para vencer!
Pego no meu copo de champanhe e num talher perdido e chamo a atenção de toda a assistência.
— Meus estimado amigos e amigas, queria agradecer-vos por estarem todos aqui presentes esta noite! — começo por referir, enquanto Bruno permanece ao meu lado, esforçando-se por manter a sua postura. — Hoje é uma data especial, e não a queria deixar passar em claro. Há vinte anos atrás, este dia mudou a minha vida para sempre. E acredito que o mesmo aconteceu contigo, meu querido Bruno.
Bruno detesta estar no centro das atenções, especialmente quando desconhece o guião. Ele deve estar furioso com toda esta situação. Sei o quanto ele detesta o improviso.
— Como tal, não podia deixar passar esta ocasião, os vinte anos do nosso casamento, sem proferir algumas palavras para ti! — prossigo, sentindo a mão dele a agarrar-me vigorosamente a cintura, num sinal claro de desagrado e de que pare com aquilo. — Desculpa, tenho aqui tudo escrito, pois não queria que os nervos me atraiçoassem e me esquecesse de alguma coisa.
Desdobro o papel com os votos que demorei horas a elaborar. Ao longo do dia escrevi-os das mais variadas formas, e nenhuma parecia suficientemente boa. Fui rasgando folha atrás de folhas do bloco de notas onde ensaiava o discurso para este momento.
Estava proibida de falhar! Era o tudo ou nada. Estas linhas tinham de aplacar o expectável descontentamento de Bruno, compromete-lo com um compromisso que ia muito para além dum banal e comum matrimónio.
Estes escassos minutos tinham de o encostar à parede! Era para isso que serviam como testemunhas todas aquelas pessoas da sociedade que tanto prezava e perante a qual zelara sempre por ter uma imagem honrosa.
Simultâneamente teria de haver um mensagem inequívoca nas entre-linhas que só Bruno pudesse decifrar. Uma mensagem de que estava na hora de por um travão àquele relacionamento extra-conjugal que ultrapassara todos os limites pre-acordados.
— Bruno, quando começámos esta jornada, um par de décadas atrás, desconheciamos até onde podiamos chegar juntos. Um casamento pouco convencional para uns, algo apressado para outros. A verdade é que a nossa união não passou despercebida a ninguém, independentemente do motivo.
