37 § A enviada do diabo

1.6K 151 20
                                    

----------

< Capítulo anterior: 36§ Águas turvas

Tiago resgatou Eva do mar, mas continua a olhá-la com muitas suspeitas, principalmente após os comportamentos erráticos desta...

---------

— Tiago —

Oiço-a movimentar-se na cama

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Oiço-a movimentar-se na cama. Finjo que estou a dormir! Não me apetece encarar olhos nos olhos aquela invasora. Pouco depois, escuto o ranger da cama que ela provoca, na sua ginástica para se levantar sem que eu note. 

Certamente que tenciona escapar-se sem avisar, sem dar uma justificação para toda a tormenta que trouxe consigo desde que chegou. Contudo a cama de madeira, já desgastada do tempo e da humidade, denuncia cada movimento dela. Pé ante pé passa mesmo ao meu lado, uma vez que não tem outra alternativa. 

Pressinto a sua localização a cada instante dentro dum quarto que conheço de olhos fechados e bastante melhor que a palma da minha mão.

— Onde pensas que vais? - digo-lhe, agarrando firmemente o pulso dela para seu assombro.

A expressão dela ainda está nublada pela torpeza, como se estivesse de ressaca.

— Ia buscar um copo de água!

A mentira está estampada em cada traço do seu rosto.

— Tu não vais a lado nenhum! — ordeno-lhe, decidido a não deixá-la fugir sem que antes me conte o porquê de ter aparecido aqui em casa.

— Larga o meu braço! — replica Eva, mostrando o seu desagrado pelo meu tom imperativo e pelo modo brusco com que a retenho. Mas eu ignoro-a.

— O que vem a ser isto tudo? Apareces aqui do nada, em seguida fazes esse teu numerito infantil de quem vai pôr termo à vida... Que merda queres tu afinal, Eva?

— Eu? Pôr termo à vida? - pergunta-me admirada, com um sorriso forçado.

— Sim! Se não te tivesse ido buscar, estarias morta neste momento!

— Não me lembro de nada disso... — nega Eva, num tom de inocência que não faz mais do que incendiar a minha cólera.

— Eva, é bom que pares com esse jogo já! Eu estou a atingir o meu limite!

Eva liberta o braço da minha mão e recompõe-se. Ajeita a camisola masculina que lhe vesti ontem, quando a prostrei sobre a minha cama, e noto a sua estranheza perante a sua própria indumentária.

— Não há jogo nenhum! Quantas vezes serei obrigada a repetir? Lembro-me de ter saído daqui em direção à praia, precisava de respirar... — relata, de alguma forma atordoada. — Os comprimidos! Tinha tomado alguns comprimidos para dormir, não sei quantos... talvez tenha sido o efeito deles.

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora