48 § O rei deste xadrez

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< Capítulo anterior: 47§ O regresso da acionista

Ao longo da reunião de acionistas, os maiores medos de Bruno acabam por se materializar, ao ser confrontado pela sua mais temível adversária. Mas o pesadelo dele está longe de chegar ao fim, com o término da reunião...

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— Bruno —

Kika olha a minha mãe num misto de admiração, reverência e espanto

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Kika olha a minha mãe num misto de admiração, reverência e espanto. Já a minha progenitora parece não ter uma gota de sangue que esteja em circulação naquele momento.

— Clara era o nome da minha mãe? Conhecia-a? — pergunta Kika. — Ela era aqui da zona. Mas acabou por se mudar para uma vila a uns setenta quilómetros daqui, e foi aí que se cruzou com o meu pai e casou-se com ele. Porém ela nunca se esqueceu deste lugar! Volta e meia recordava com alguma saudade a sua juventude aqui.

A minha mãe olha-me algo assustada com o rumo da conversa, sem saber o que responder.

— Não me tinhas contado esse detalhe Kika. — finjo-me surpreendido.

— Nem eu nem o seu filho falamos muito sobre o nosso passado, sabe? — prossegue Kika, mantendo o seu discurso com a minha mãe. — Ambos ainda não conseguimos sanar as nossas feridas e fazer devidamente as pazes com o passado.

— Percebo! — é o único que a minha mãe é capaz de esboçar, estando visivelmente consternada.

— Kika, eu estava aqui a terminar um assunto com a minha mãe, talvez seja melhor deixarmos as devidas apresentações para mais tarde. — apresso-me eu, procurando interromper aquele momento que se tornou desconfortável para todos. — O que acham dum jantar no final desta semana?

— Mas eu só queria perceber donde a tua mãe conhece a minha. — persiste Kika. — Gostava de ouvir histórias de como foi a infância e a adolescência dela. A minha mãe era muito reservada e pouco falava disso. Apenas mencionava este sítio e podia entender que tinha saudades daqui.

— Talvez mais tarde, Érica! — digo-lhe, guiando-a para fora da sala oval, dum modo mais assertivo. — Agora preciso mesmo de acabar de discutir alguns temas com a minha mãe.

Após fechar a porta da sala, respiro fundo para enfrentar o olhar gladiador com que a minha mãe me olha.

— Estás louco Bruno? — leva as mãos à cabeça, em sinal de desespero. — Isto ultrapassa tudo o que eu pudesse imaginar. É quase imoral!

— Eu posso explicar, mãe! Tudo isto foi um acaso...

— Ela podia ser tua filha! — constata a minha mãe, ficando ainda mais aterrorizada.

— Mas não o é! Ela é apenas filha de Clara e quando dei por mim já estava apaixonado por ela.

A minha mãe senta-se na cadeira que tem mais perto, procurando recobrar alguma lucidez perante esta revelação. Eu sabia que iria ser duro para ela digerir tudo isto e talvez por isso estivesse à espera do melhor momento para ela processar tanta informação nova. 

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora