7 § A crise da filantropa

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Eva prepara uma surpresa para Bruno, numa tentativa de virar o jogo...

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— Eva —

Agora que tenho Bruno ali, diante de mim, não consigo evitar que desfile pela minha mente o filme do encontro romântico dele com a amante

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Agora que tenho Bruno ali, diante de mim, não consigo evitar que desfile pela minha mente o filme do encontro romântico dele com a amante. As imagens vêm-me à mente num ciclo interminável, torturando-me lentamente.

Sou incapaz de menosprezar a desfeita que ele acaba de me ter feito na cozinha. A sua atitude expôs-me ao ridículo. Humilhou-me. 

Como tudo era diferente até há uns meses atrás. Apesar das diversas aventuras que mantinha, Bruno sempre fez questão de assegurar o seu papel sexual de macho dominante e pujante.

Segundo vários estudos é assumido que todos os casamentos sofrem crises agudas de sete em sete anos. Devo ter lido isso em alguma dessas revistas femininas que teimo em comprar, apesar da internet disponibilizar milhares de artigos semelhantes.

Por volta do sétimo ano de casamento, os cônjuges acusam o peso da rotina. É o momento em que a paixão já se extinguiu por completo, e passam a deparar-se com a convivência em comum e a atenção partilhada do companheiro para com o primeiro filho.

O meu casamento não passou por essa crise. Não havia paixão e muito menos filhos. A vida ao lado de Bruno era tudo menos rotineira. Havia sempre um novo evento ao qual ir! A empresa atingia mais algum marco histórico na sua expansão. Muito provavelmente teríamos mudado de casa nessa altura, para uma mais dispendiosa e com novas comodidades.

Também sobrevivi impunemente à crise dos catorze anos. Novamente, porque não tínhamos filhos, escapámos ao desafio de atravessar a turbulência intrínseca à adolescência destes. 

Pelos vistos, lidar com pirralhos é um catalisador para brigas entre o casal. A monotonia na vida sexual também não se abatera sobre nós. Bruno tinha uma imaginação muito fértil, talvez alimentada pelas diferentes amantes que já ia colecionando naquele tempo. 

Eu, indiferente a esses casos, prosseguia impávida e serena com o meu papel de esposa. No auge da minha terceira década, dedicava-me a participar em tudo o que eram eventos sociais: festas de angariação de fundos, corridas solidárias, experiências radicais. Estava decidida a construir a minha própria carreira e deixar a minha marca na sociedade. 

Com o casamento estabilizado e um cartão de crédito sem limite, viajava pelo mundo. Algumas vezes com Bruno, outras com amigas. Sei que ele agradecia o tempo que eu estava fora. Isso dava-lhe mais alguma liberdade para se divertir como bem queria.

Porém, desta vez, a crise dos vinte e um anos de casamento parecia ter vindo com toda a força. Os sinais estavam-se a manifestar, ainda que um pouco antecipadamente. 

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora