75 § De predadora a presa

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< Capítulo anterior: 74§ A consulta (in)dispensável

As tentativas de Érica em boicotar a consulta com o seu ginecologista e Bruno foram vãs. Agora Bruno quer saber tudo sobre o seu filho...

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— Érica—

Bruno continua com o seu incessante rol de questões às quais o meu médico vai se esforçando em responder

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Bruno continua com o seu incessante rol de questões às quais o meu médico vai se esforçando em responder. A pergunta seguinte parece sempre mais incómoda do que a anterior.

— De quantas semanas está? — indaga Bruno, referindo-se ao meu período de gestação.

Contorço-me na cadeira, ao mesmo tempo que o médico endireita os óculos no seu rosto, um tique seu, habitual de quando está nervoso. Sei desse seu tique, assim como das curvas que se acentuam no rosto de Bruno quando se irrita com alguma coisa. 

Isto é o que eu faço automaticamente, quase sem me dar conta. O meu cérebro está sempre atento aos pequenos detalhes do comportamento, da linguagem corporal, do tom de voz das pessoas que me rodeiam. Os meus sentidos parecem ter sido treinados para identificar as fraquezas e as debilidades dos demais.

Com Bruno não foi diferente. Tudo começou como um jogo, quase uma brincadeira, não fosse tratar-se de assunto bastante sério. Quando fora entrevistada por ele para a vaga de emprego, rapidamente notara o quão perturbado ele ficara ao ver-me. 

Repentinamente, o homem seguro e distante, que nem sequer se dignara a cumprimentar-me ou a olhar-me quando eu entrara na sala, transformara-se. Lembro-me dele a vasculhar uma e outra vez o meu currículo, de forma errática, em busca de alguma informação.

Ao longo da entrevista de emprego, sem que Bruno se désse conta, passara eu delinear o seu rumo. Em cada resposta que dava, ia o testando, até mesmo o provocando. Afinal as emoções mais genuínas e os sentimentos mais crus do ser humano vêm ao de cima quando ele é apanhado de surpresa ou encurralado. 

O certo é que não só saíra do gabinete de Bruno com o emprego garantido, como também com uma posição bastante acima da a que inicialmente me candidatara.

Nesse dia percebera que tinha um ascendente sobre ele, que detinha argumento suficiente para conquistá-lo e seduzi-lo. Mas isso não me bastava. 

Para mim o jogo não passava por me tornar em mais uma das presas fáceis de Bruno, com quem ele se deitava um par de vezes para depois descartá-las quando se aborrecia. Comigo, ele seria a vítima e eu a predadora. 

Desta vez cabia a Bruno experimentar o papel de ser o troféu de alguém.Ele, melhor do que ninguém, era o homem certo para dar-me a vida a que tinha direito e que me tinha sido roubada.

— Gostava de ter os exames e análises do meu filho. — pede agora Bruno ao médico, depois deste ter-lhe explicado que encontro-me na décima sexta semana de gestação. — A Érica disse-me que hoje em dia guardam tudo em formato digital, mas eu prefiro ainda tudo da forma mais tradicional, até mesmo para ficar como recordação.

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