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< Capítulo anterior: 84§ O memorial das vaidades
Tiago tentou persuadir Eva a ver o memorial sob outra perspectiva. Contudo, no final, ela continuou irredutível quantos aos seus planos originais, levando Tiago a tomar uma ação surpreendente....
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*** ÚLTIMOS CAPÍTULOS ***
— Bruno —
— Perdoe-me padre, porque pequei! — rogo, quando o sacerdote finalmente desliza a tela, para ouvir a minha confissão.
Contudo do outro lado do látice não existe uma resposta. Sei que ele está a ouvir-me perfeitamente e que está consciente de que estou ali. Mais do que isso, tenho a certeza de que ele já me identificou.
— Então padre, não me vai dizer nada? Vai mais uma vez negar o direito a um pecador de confessar as suas ofensas? — incito-o.
— Que te perdoe deus, porque eu não. — contesta-me do outro lado, na sua voz monotónica de confessor. — Não sei porque insistes em vir aqui, ano após ano. Nada mudou, a minha posição de hoje é a mesma de há vinte anos atrás e continuará a ser sempre igual. Aquilo que fizeste não tem desculpa possível.
— Eu arrependo-me profundamente de todo o sofrimento que causei, padre. — digo-lhe, detendo-o de fechar a tela. — Não há dia que não tenha esse peso na consciência.
— Então porque não assumes perante todas as pessoas a que lhes destruíste a vida, os teus maus atos? Só assim poderás obter o perdão da igreja.
Fico exasperado com a intransigência dum homem que supostamente nos deveria aproximar mais do divino. A sua idade avançada deveria tê-lo tornado mais piedoso e compreensivo.
— Tenho feito muito mais do que isso! Ajudei todas essas pessoas ao longo destes anos. Nunca lhes virei as costas, fôsse por investir nos seus projetos a fundo perdido, por arranjar-lhes emprego ou até mesmo financiar os estudos dos filhos. Até mesmo as condições que esta igreja tem foi em muito às custas do projeto social do grupo Medeiros.
— Queres comprar o perdão dos teus pecados, é isso Bruno?
É simplesmente injusta aquela visão enviesada que o sacerdote persiste em ter acerca de mim, desvalorizando o tanto que tenho dedicado a minha vida a corrigir um único erro do meu passado. Tal como o meu pai, este padre tende a ressaltar apenas onde errei e a deturpar as minhas intenções no bem que tenho praticado.
— Você sabe que estes pecados não são só meus! Pare de me vilanizar quando você conheceu o pai que tive e toda a minha família. Os culpados são precisamente aqueles que me conduziram àquele ponto: o meu pai e o meu irmão.
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A Esposa Perfeita
Narrativa generaleTudo o que nasce do fogo, termina em cinzas! Eva é uma esposa troféu, tendo vivido mais de vinte anos rodeada de todos os luxos e comodidades provenientes desse casamento. Ela sempre foi exímia em interpretar o papel que era requerido dela: a mulh...