32 § Vida em chamas

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Bruno deparou-se com o surgimento duma rival inesperada às suas pretensões de se divorciar de Eva e casar-se com Kika.

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— Eva —

Segundo consta, o fogo marca o fim de tudo, mas também o começo dum novo ciclo, sem volta atrás

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Segundo consta, o fogo marca o fim de tudo, mas também o começo dum novo ciclo, sem volta atrás. No fundo, a hipótese dum recomeço.

Teríamos percorrido talvez umas duas dezenas de quilómetros, quando o motorista foi obrigado a interromper o percurso. 

Pelos vistos, bastara um dia de maior calor para que tivesse deflagrado um incêndio que afetava a circulação na estrada que percorriamos. 

Felizmente, o motorista, sempre atento às notícias, apercebera-se desse facto e não se aproximara demasiado das chamas.

— Em princípio é um pequeno incêndio, que deverá estar extinto na próxima hora! — informou-me o rapaz, com a sua habitual cordialidade. — Se lhe parece bem, aguardamos aqui na viatura, até que esteja tudo regularizado.

Anuí com a cabeça. De qualquer das formas não tinha mesmo para onde ir. Por isso não havia pressas. 

Enquanto estivesse ali parada, pelo menos continuava a usufruir do ar climatizado da viatura. Ganhava mais algum tempo para pensar na resposta à inevitável pergunta que o motorista repetiria mais cedo ou mais tarde: Para onde devo seguir?

Ele continuava atento ao bloco noticioso da rádio local, que dava cobertura ao desenrolar do combate às chamas. 

Pelos vistos, as preces de Bruno tinham sido ouvidas. Aí estava algo para desviar as atenções dos media do homicídio levado a cabo pela rapariga que entrevistara há uns dias.

As chamas deflagraram ao início desta tarde numa zona de difícil acesso por parte dos bombeiros. — relata o jornalista. — O incêndio continua a lavrar na mata, aproximando-se perigosamente da estrada nacional 125. O comandante dos bombeiros aponta o vento, aliado ao primeiro dia de temperaturas mais altas, como os principais fatores que permitiram esta evolução galopante. Mais uma vez, a fraca limpeza das matas, parece ter contribuído para que o fogo tivesse combustível para progredir.

A história parece repetir-se ano após ano, sem que realmente nada de significativo seja feito para alterar a situação. Uns verões com maior severidade do que outros, mas quase sempre uma área florestal relevante do país é dizimada pelos fogos.

— Não seria melhor voltarmos para trás? — sugiro eu, um pouco ansiosa, ao motorista.

— Já existe uma fila enorme atrás de nós, senhora Eva! — refere ele, ao que olho pelo vidro retrovisor do carro e comprovo isso mesmo. — Nestas situações mais vale estarmos atentos às instruções da proteção civil, e assim evitarmos tragédias passadas.

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora