9 § A antecessora

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< Capítulo anterior: 8§ A visita aos traumas

Uma visita de carácter solidário faz Eva recordar de momentos traumáticos da sua relação com Bruno que a marcaram e continuam a marcá-la.

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— Eva —

Acordo com o toque de telemóvel, que ademais não para de vibrar na mesa de cabeceira

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Acordo com o toque de telemóvel, que ademais não para de vibrar na mesa de cabeceira. Cheguei de rastos a casa, depois da visita mais cedo.

— Que porra andas a fazer, Eva? — berra-me Bruno, irritado do outro lado da linha. — Era suposto teres visitado três instituições! Onde estás?

— Em casa! Desculpa, não consegui aguentar mais! — contesto-lhe ainda torpe do sono. — Nos últimos dias mal tenho parado! Tu sabes disso perfeitamente!

Um ímpeto de indignação floresce dentro de mim. Como ele ousa fazer cobranças! Tenho me desdobrado em cumprir com toda a agenda intrincada de eventos, visitas sociais e outras tarefas que me têm sido atribuídas. Não sou uma mera dondoca, a viver à sombra do marido.

— Toda a gente tem de trabalhar todos os dias, Eva! Eu mesmo, levanto-me de manhã cedo e mato-me durante horas neste escritório! — o tom de agressividade de Bruno, continua em crescendo. — Tens compromissos em atraso, que já os adiaste há dias!

Simplesmente o meu corpo não tem respondido com a mesma energia de outros tempos! Preciso de quebrar urgentemente a redoma de negativismo em que a minha vida se envolveu.

— Donde surgiu agora todo esse teu interesse naquilo que tenho feito ou deixado de fazer? — questiono-o, consumida no meu despeito. — És incapaz de mostrar qualquer consideração pelo meu trabalho. Nem sequer te dás ao trabalho de perguntar como as coisas correram!

Obviamente que o comportamento imbecil de Bruno em nada contribui para que retome o meu biorritmo normal.

— Eva, não tenho tempo para estas tolices! A minha mãe deve estar a chegar aí a casa. Passa-lhe parte da tua agenda, para que se possa contornar toda esta situação!

— Mas, eu posso... — tento ripostar a deliberação de Bruno, deparando-me apenas com o sinal sonoro de que a chamada foi terminada.

Quando desço, a minha sogra já aguarda por mim na sala. De pé, ela vai inspecionando visualmente toda a divisão, até me ouvir nas escadas.

Ela não aparece por ali com frequência, a não ser que seja convidada para tal, ou então hajam problemas. Em suma, quando a sua sogra desce do palácio dela até ali a casa é um péssimo sinal.

— Boa tarde! — cumprimento-a verbalmente, ficando-me por isso mesmo.

Nunca houve qualquer proximidade entre nós. Sei que estou longe de ser a esposa que ela idealizara para o filho. No entanto, estou ciente de que para ela jamais alguém seria merecedora do filho!

A Esposa PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora